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Soraya acordara cedo pelo domingo. A casa ainda quieta na manhã ensolarada, porém fria. Castor levará uma xícara de chá quente para a madame, que estava sentada no sofá, contemplando a vista exuberante do jardim de inverno.
O telefone tocou aquela hora da manhã. Quem poderia ser?
— Luís, bom dia! Como está?
— Vou bem, Soraya. E você?
— Pela graça do nosso Bom Deus! Quer que eu chame o Bruno?
— Não, não. Na verdade gostaria de falar com senhor Balthazar. Ele está?
— Ainda está na cama. Mas posso mandar chamá-lo. É importante?
O feeling de Soraya farejava algo. E como a maré não andava boa, a megera estava ficando mais astuta com os acontecimentos.
— A princípio não.
Como Luís soou vago, Soraya compreendeu que o rapaz não diria muita coisa. Talvez devesse esperar e perguntar ao próprio marido sobre qual assunto tratavam. Balthazar nunca manteve segredos escondidos de sua esposa, apesar de a recíproca não ser verdadeira.
— Claro, claro! Só um momento, querido. Não desligue.
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Tentando não parecer ansiosa, Soraya esperou alguns minutos antes de ir ao escritório do marido para verificar a situação. Até tentou ouvir da cozinha a conversa entre Balthazar e Luís, mas não conseguiu ouvir nada além de palavras soltas.
Antes de girar a maçaneta para acessar o escritório, a megera ensaiou um sorriso cordial e ajeitou o vestido da Channel que trajava em plena manhã de domingo dentro de casa.
— Parece preocupado, querido! O assunto com Luís que o deixou assim?
Soraya foi até a estante suntuosa atrás da mesa de Balthazar e abriu um recipiente de vidro onde havia bombons de chocolate suíço. Apanhou um e mordeu de forma despreocupada. Mas por dentro se corria de impaciência e curiosidade.
— Um pouco. Um pouco — Balthazar retirou os óculos de leitura e passou as palmas das mãos pela face, sinalizando exaustão — Há alguns meses que Luís vem me ajudando a verificar os últimos balanços da empresa, notas fiscais, documentos ... Parece que há inúmeras irregularidades, contratos superfaturados e até desvios de lucros...
Se fosse algo bom, talvez Soraya tivesse comemorado por seu feeling ter sido tão certeiro naquela manhã ensolarada. Fato era que, se Luís e o marido fossem a fundo nas investigações que faziam, rapidamente chegariam a ela como a grande responsável pela falência da família. Que uma boa porcentagem da fortuna de Balthazar havia ido parar em paraísos fiscais.
Enquanto o marido falava, a megera engolia em seco o bombom em sua boca, como se fosse uma massa espessa e grudenta de cola. Quase engasgara.
— Nossa, isso parece grave, querido! E se for verdade? Já faz ideia se quem possa ser o culpado?
Soraya falava de maneira calma, esforçando-se ao máximo para não parecer demasiadamente preocupada.
— É muito cedo para culpar alguém. Mas acho que possa ser um funcionário do financeiro. O que se for verdade, me deixará extremamente desapontado! — O olhar vago de Balthazar vislumbrava um futuro que não gostava de enxergar e seu tom de voz exprimia descontentamento.
— Vou orar a Deus para iluminar os trabalhos seu e de Luís. Tudo há de se esclarecer! — A megera pigarreou — Enfim. Agora pela tarde vou ao parque da cidade correr. Qualquer coisa me liga. E não se meta com trabalho hoje, Balthazar. É domingo!
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Um marido por contrato
RomanceApós comprar o próprio marido, Lorena retorna do Rio de Janeiro para a pequena Jundiaí disposta a provar a todos de seu passado que estavam redondamente enganados. A vingança é um prato que se come frio e Lorena não tem pressa alguma em degustar sua...