48 | For love

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ELISABETH

Era sempre burocrático quando se tratava de conversas com meus pais, eles queriam muito que eu voltasse para a América, eu sentia dores por todo o meu corpo, e eu odiava sentir dor porque me lembrava de momentos muito ruins.

Eles queriam saber sobre tudo o que aconteceu, mas eu não queria falar, não me sentia pronta e eu ficava com vontade de chorar toda vez que lembrava, por isso eu gostava de estar com Harry, ele sempre esperava pelo momento certo e me fazia sorrir mesmo quando sabia que nada estava bem.

Eu não odiava meus pais, aquilo nem se passava pela minha cabeça, eu só não conseguia me sentir a vontade, infelizmente era como se eu estivesse contando algo intimo a estranhos.

Eu quase pulei de alegria quando Bob e Lauren passaram pela porta, o abraço apertado deles me fez chorar.

- Então você quer que eu conte tudo isso a eles? - Bob estava sentado na cadeira da minha penteadeira e eu na borda da cama, balancei a cabeça positivamente em seguida. - Sabe que eles vão ficar chateados não é? Por ter contado tudo isso para mim e não para eles.

- Eu não vou conseguir dizer isso, já vai ser difícil dar o depoimento, Harry não disse, mas sei que vou precisar. - Ele cruzou os braços, ficou me observando por um tempo.

- Se é assim que você quer, então eu faço. - Ele continuou me observando. - Suas terapias...

- Eu já agendei três essa semana. - Meus olhos se encheram de lágrimas.

- Você contou tudo para o Harry?

- Não tudo, ele sabe como foi, mas não sabe das partes piores, não quero sobrecarregar ele. - Bob assentiu de novo. - Eu não peguei meu celular desde então, como estão as coisas nas redes sociais? - Ele apoiou o rosto com a mão, o relógio de prata reluzia contra a luz que adentrava pela janela.

- Não se fala em outra coisa, vocês são o assunto do momento, tem fotos de vocês saindo da ambulância e algumas da sala de espera no hospital. - Ele fez uma pausa longa e levantou em seguida. - As pessoas querem justiça, eu não lembro o nome agora, mas eles levantaram uma hashtag em forma de protesto, sabem sobre as coisas que viram, e eu já recebi umas mil ligações e mensagens sobre propostas de entrevistas exclusivas, eu recusei todas.

- Obrigada. - Senti ele apertar meu ombro. - Era melhor quando eles haviam descoberto que estávamos morando juntos. - Dei uma risada leve.

- Não se preocupe com isso, você vai superar, nós já passamos por muitas coisas, eu sei que pode ser difícil, mas você tem a mim e sua família. - Bob beijou minha testa. - Eu vou te deixar descansar, não se preocupe com nada, tudo vai se resolver. - Beijei uma das mãos dele com um sorriso.

Eu não queria que as pessoas me vissem em um estado deplorável, levantei um pouco a barra da minha calça e baixei rápido de novo, as memórias me atormentavam, eu não contava a ninguém, mas tinha um motivo específico para eu não querer dormir, eu lembrava o tempo inteiro.

Medo de ninguém aparecer, eu fiquei esperando pelo momento em que eles me estuprassem, me matassem e me jogassem em algum lugar qualquer, era o que eu pensava o tempo inteiro.

Deitei na cama, encolhida, já havia passado das três da tarde e eu já estava cansada de falar, de responder perguntas, Henry já conseguia sentar sozinho, foi uma das únicas coisas que me deixou feliz de verdade, eu escutei e respondi os áudios dos afilhados do Harry também, crianças eram sempre puras.

Eu fechei os olhos, queria dormir e não sonhar, não lembrar de nada, eu ainda desejava que fosse um sonho ruim, mas eu soube que não era no momento em que vi Harry segurando a minha mão no hospital.

Don't let me go • Harry StylesWhere stories live. Discover now