Atenção

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"A paixão é um surto psicótico efêmero."

David Alves Mendes

O humor de Miguel naquela manhã estava pior que o normal, era a segunda vez que não dormia bem á noite, a porcaria do seu irmão tinha que se tocar que a casa não era motel, que a droga do seu quarto ficava do lado do dele e que a merda das paredes eram finas demais. Se bem que com o escândalo que a nova garota de Lucas fez, era bem provável que a vizinhança toda tivesse passado a noite em claro.

Ouviu o som de risadinhas e viu de relance uma mulher vestida de branco e de cabelo castanho longo, descer as escadas, que levavam para os quartos, se soltar dos braços de Lucas com esforço e sair da residência. Tinha impressão que era a mesma do dia anterior, no geral eram mulheres diferentes a cada noite, isso meio que explicava a segunda noite mal dormida.

Lucas foi para a sala de jantar, onde Miguel estava, vestindo somente uma bermuda preta e com os cabelos negros estavam soltos, se sentou e começou a fazer seu café da manhã, no rosto um super sorriso que piorou o mal humor do mais novo.

— Bom dia, maninho!

— Só se for pra você. — Encarou o irmão com ódio. — Tive que dormir no sofá da sala, porque você e seu novo caso pareciam dois animais no cio, e mesmo lá ainda deu pra ouvir todo o show.

— Jura? — Lucas não conseguiu segurar a vontade de rir. — Dessa vez encontrei um espetáculo de mulher, acho até que vou sair outra vez com ela.

Miguel resmungou um palavrão que o irmão mais velho nem ligou.

— Acho que a Marininha não tá te entretendo o suficiente, maninho, se quiser dou umas aulinhas pra ela.

— Nunca tive e nem terei nada com a Marina, além de amizade, e ela tá saindo com o André.

— Nossa, o André e a Marininha? Eu sempre pensei que o André fosse gay, porque ele vive atrás de você, até imaginava o dia do casamento. — Lucas riu ignorando o olhar mortal do irmão caçula. — Pensa, Miguel, você com um vestido branco, véu, grinalda e um lindo buquê de flores de laranjeiras, ficaria tão fofo!

Aquilo já era o suficiente, de hoje não passava, ele iria matar seu irmão. Levantou pronto para cair na porrada com o irmão mais velho quando a campainha tocou, obrigando-o a se segurar para não cometer um crime do qual se arrependeria depois e foi atender a porta.

— Bom dia, Miguel! Pensei em irmos juntos para o colégio.

Miguel bufou, aquela anta tinha que ter aparecido justo naquele momento, e para piorar Lucas ainda começou a gargalhar feito o idiota que era.

— Não morre tão cedo André!

— Por quê?

— Deixa o Lucas pra lá, vamos senão chegamos atrasados no colégio.

Pegou sua mochila e saiu empurrando o amigo para longe de seu irmão que cantarolava enquanto fechava a porta:

— Lá vai o Miguel todo de branco e o André...

Graças aos céus a porta foi fechada antes que André entendesse do que se tratava a música, caso contrário chegariam realmente atrasados no colégio, porque o colega, que amava uma briga, com certeza não iria deixar barato.

— Seu irmão é esquisito.

— Porque diabos você veio na minha casa?

— Eu vim chamar a Marina para irmos juntos pro colégio, mas a mãe dela disse que ela saiu faz um tempão, então decidi te chamar.

André fazia burrada até sem querer. Oh, carma ruim!

O colégio ficava a cinco minutos da casa dos Rodrigues, mas parecia ficar a horas quando se tinha um chato hiperativo e apaixonado do lado. Miguel estava sendo obrigado a ouvir André narrar todo o dia que passara ao lado de Marina, e não adiantava demonstrar que estava pouco ligando para isso, André não se tocava de jeito nenhum, não parava de falar um só momento enquanto andavam até o colégio.

Meu Coração quer Amar e ser AmadoWhere stories live. Discover now