Meu Coração quer Amar e ser Amado

Ajustes

"É mais fácil obter o que se deseja com um sorriso do que à ponta da espada."

William Shakespeare

Fazia duas semanas que namorava o Rodrigues, semanas que, a não ser Marina, nenhuma garota do colégio lhe dirigia a palavra. No começo Sophia se sentiu mal, excluída, mas, com o passar dos dias, se acostumou. Fora isso havia os constantes "incidentes" no colégio: Já tropeçara várias vezes em objetos que apareciam do nada a sua frente; não importava qual chuveiro usasse após as aulas de educação física sempre seria um defeituoso; mesmo a diretora afirmando ser impossível, encontrara um rato dentro de seu armário que roera seu uniforme de educação física; e, por incrível que pareça, deveria ter um rato ainda solto pelo colégio, que tinha o prazer de entrar em sua pasta escolar e acabar com seu material toda vez que tinha uma oportunidade. Devido todos esses acontecimentos, Sophia não guardava mais nada no armário do colégio, carregava seu uniforme de educação física na mochila, que comprara para substituir sua pasta escolar, e a levava consigo até no intervalo.

Por outro lado, vários fatos ajudavam Sophia a não se sentir uma completa azarada: O primeiro era sua amizade com Leonardo e Davi, ambos sempre estiveram e continuavam a estar do seu lado. Davi um pouco mais que Leonardo, como sempre, não foram poucas as vezes que o colega se aproximara quando estava um pouco só e lhe fizera companhia com seu jeito extrovertido de ser, sempre lhe dando apoio; O segundo fato era Marina, ao longo daquelas semanas tinham se tornado grandes amigas. Assim como Davi, ela fazia questão de estar ao seu lado, mas ia um pouco além do colégio. Marina a visitava nos fins de semana, para assistir televisão ou ficar horas conversando, na verdade, Sophia só a ouvia e respondia o que perguntasse, mas ter uma amiga garota se tornara vital naqueles dias; O terceiro era Miguel, gostava da sua presença, seus beijos, seu sorriso, até mesmo da cara emburrada que ele fazia toda vez que se sentia contrariado. "É inegável que Miguel possui a cara emburrada mais bonita do mundo todo", pensou com um sorriso bobo nos lábios.

— Sophia, o Miguel chegou! — gritou Olívia batendo como louca na porta de seu quarto.

Correu para abrir a porta antes que a irmã a arrombasse tamanha a força que utilizava contra a madeira.

— Pronto!

Sentiu-se incomodada quando a Olívia a olhou de cima a baixo com desaprovação.

— Porque não tira esse casaco? Tá calor lá fora. — Fez uma careta. — E deveria me deixa dar uns ajustes no seu uniforme. Ele é horrível...

Voltou-se para o espelho de corpo inteiro que tinha em seu quarto. Ouvira por diversas vezes aquelas mesmas palavras de outras pessoas, até mesmo Miguel tinha comentado há alguns dias que deveria pelo menos parar de utilizar o casaco nos dias quentes.

— Talvez você tenha razão... — disse pensativa, enquanto observava seu reflexo no espelho.

Olívia sorriu vitoriosa. Não era a primeira vez que se queixava das roupas e do uniforme que a irmã usava, mas era a primeira que Sophia pelo menos pensava na possibilidade, tinha certeza que isso se devia ao namoro com o Rodrigues.

— Então me deixa fazer uns ajustes?

— Sim... — Que mal havia em mudar um pouco?

— Obaaa! — Olívia abraçou a irmã com força. — Não vai se arrepender, vou deixa-lo perfeito, um pouco mais curto e justo...

— Tudo bem, Olívia, mas temos que sair ou chegaremos atrasadas...

— Oh, é mesmo! E o lindo do Miguel ainda tá lá embaixo. — Olívia sorriu ao ver a face de Sophia avermelhar. — Vou pegar meu material no quarto. Avisa o papai que já vou descer.