Quadra

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"Rivalidade existe para sabermos quem é sábio em não tê-la."

Sofia Cavalcante

Como acontecia as terças a última aula foi do professor Mateus, que tivera a insana ideia de colocar todos para jogar futebol na quadra, dividindo a turma em dois times, um formado pelas garotas e outro pelos garotos.

— As garotas são frágeis, professor — avisou André preocupado com a namorada.

— A força da juventude reside em garotos e garotas — declarou dando um sinal de OK na direção das garotas.

— Ele é doido — resmungou Marina para Sophia.

Concordou com a colega, ainda mais quando o professor deixou os alunos sozinhos na quadra, sem nenhuma supervisão e sem dizer para onde iria.

O jogo começou, para sorte de Sophia e das demais garotas, nenhum garoto parecia querer atingi-las, o mesmo não poderia se dizer de suas colegas, sempre que tinham uma oportunidade, com exceção de Marina, uma delas a atingia na canela. Rezava para sair dali inteira.

Percebendo a situação, Miguel se concentrou em proteger Sophia. Impedia como podia que a machucassem, já tinha perdido a conta de quantas vezes bloqueara as tentativas das garotas de ferir Sophia, e quantas foram ao chão devido essa atitude. Se o professor estivesse ali teria sido expulso, assim como metade das jogadoras do time feminino. Aguardava ansioso o fim daquele jogo, se concentrando tanto em jogar como em evitar que as garotas acabassem com as canelas de Sophia, quando teve a infelicidade de se distrair por um instante.

Tudo ocorreu bem rápido. Marina fez o primeiro gol do time feminino e André, alheio ao fato de que se encontravam em times opostos, correu na direção da namorada para comemorar. Miguel observou descrente o amigo levantar a namorada e rodopia-la, enquanto os outros colegas criticavam o loiro pelo ato no mínimo impensado. Por isso não viu Leona ajeitar a bola e chuta-la com força na direção de Sophia. Só ouviu o barulho do choque entre a bola e o estômago dela, vendo chocado a namorada cair no chão com as mãos sobre a barriga.

Miguel se abaixou ao lado da namorada e ficou preocupado ao notar que Sophia desmaiara. Porque fora se distrair e deixar Sophia desprotegida?

— Tá maluca, Leona! — indignou-se Marina ao ser colocada no chão e se dar conta do que acontecera. — Podia ter matado a Sophia. — Furiosa empurrou a ruiva.

— Foi um acidente — a ruiva disse com ares de falsa inocência.

Marina não acreditou nas palavras da colega, tampouco os outros ao redor.

— Sua sorte é ter nascido mulher, Leona, senão juro que iria se arrepender desse "acidente" — avisou Miguel furioso antes de levantar Sophia no colo. — Se o professor voltar, digam que levei Sophia para a enfermaria.

A apertou com força contra o peito, andando a passos largos até a enfermaria, sendo seguido por Leonardo e Davi.

~*S2*~

Após explicar tudo o que acontecera na quadra, omitindo a parte que tinha certeza que Leona desejara atingir a colega, Miguel deixou uma inconsciente Sophia aos cuidados de Suzana e foi para o lado de fora nervoso com Leona, seu fã clube inútil e consigo mesmo.

Assim que fechou a porta da enfermaria foi agarrado pelo colarinho por um irado Davi.

— A culpa é sua Rodrigues. Até quando vai deixar que Sophia sofra?

— E até quando vai achar que tem alguma chance com ela? — quis saber o Rodrigues.

Davi trincou os dentes, irritado com a petulância do Rodrigues, apertou o punho livre com força, a vontade de socar o colega fervendo em suas veias.

— Davi, não é hora nem lugar. — Leonardo segurou o braço do amigo. — Larga ele.

— CALA A BOCA LEONARDO E ME DEIXA ACABAR COM ESSE IMBECIL!

— Porque não se conforma? Sophia parece feliz com o Rodrigues. — Leonardo não compreendia o motivo de Davi não querer enxergar o óbvio.

— JÁ DISSE PRA CALA A BOCA!

— O que fazem discutindo no meu corredor? — quis saber Daniel, um homem alto, moreno e com um tapa olho do lado direito, que cuidava da limpeza do colégio.

Davi soltou Miguel e se afastou.

— Só viemos acompanhar uma colega até a enfermaria — respondeu Leonardo para Daniel, que encarava os três, mal humorado como sempre.

— Ela acordou — avisou Suzana saindo da enfermaria e olhando surpresa para Daniel.

— Senhora Suzana, a diretora Patrícia quer falar com você.

— Tudo bem. — Sorriu para Miguel. — Pode entrar e ver a Sophia. Ela pode ir embora se quiser.

Suzana foi em direção à sala de Patrícia e Miguel entrou na enfermaria.

Davi fez menção de segui-lo, mas Leonardo o impediu.

— Só é preciso uma pessoa ao lado da Sophia. E esse alguém é o namorado dela: o Miguel.

Não querendo discutir na frente de Daniel, que permanecia observando-os e que não pensaria duas vezes antes de manda-lo para a diretoria, Davi se conformou em voltar para a quadra junto com Leonardo.

Meu Coração quer Amar e ser AmadoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt