Meu Coração quer Amar e ser Amado

Fotografias

"As coisas nunca são tão boas quanto esperamos, nem tão ruins quanto tememos."

Sentada ereta no sofá dos Rodrigues, Sophia se sentia desconfortável com a forma que Lucas a olhara pouco antes de deixa-la para buscar algo para beberem. Tivera a impressão de que seu cabelo estava desarrumado ou que tivesse alguma sujeira no rosto por causa da intensidade presente nos olhos negros, o que fizera nascer uma louca vontade de sair correndo porta a fora enquanto Lucas estava na cozinha, que crescia a cada instante. Olhou mais uma vez para a porta que levava a cozinha e se levantou, decidida a escapulir daquela situação incomoda, quando Lucas retornou a sala com dois copos de suco.

— Desculpa a demora. — Lucas lhe estendeu um dos copos antes de se sentar. — O que faz de pé? Sente e sinta-se em casa.

Lançando um olhar resignado para a porta, Sophia sentou no sofá oposto ao que Lucas ocupava ficando de frente para ele, que a fitava com grande interesse e um sorriso tão semelhante ao de Miguel que a deixou encabulada. Desviou o olhar para o líquido roxo no copo que segurava entre as mãos pequenas com força exagerada devido o nervosismo.

"Porque não fui embora quando tive oportunidade? Melhor ainda, porque aceitei aguardar Miguel aqui dentro, sozinha com Lucas?", se perguntava de cabeça baixa, a franja espessa cobrindo seus olhos como se fosse um escudo contra o olhar atento de Lucas.

— Mate a minha curiosidade — Lucas pediu chamando sua atenção. — Como uma garota tão linda pode gostar do idiota do meu irmão?

— Miguel não é idiota — defendeu rápida.

Com os olhos fixos nos seus, Lucas saiu do lugar que ocupava para sentar ao seu lado, colocando seu braço estendido acima dos ombros de Sophia. Incomodada com a aproximação do Rodrigues, se afastou, na clara intenção de ficar distante dele, porém Lucas pareceu não notar seu desejo, ou simplesmente quis ignorar, pois voltou a se mover para mais perto a encurralando entre ele e o encosto do sofá, um dos braços cercando seus ombros e o outro na sua frente, em um abraço que barrava qualquer tentativa de fuga. Aquela situação aliada ao modo intenso que Lucas a encarara, como se quisesse ler sua alma, começava a deixar Sophia com medo.

— Lu-Lucas... te-tenho que ir...

Sentiu a voz morrer na garganta quando Lucas pousou a mão sobre sua coxa.

— Pode me chamar só de Lucas — ele pediu achando graça da expressão espantada de Sophia, os olhos pareciam que iriam sair das órbitas. — Somos praticamente da mesma família, não há motivo pra formalidade não acha, linda?

Sophia não conseguia falar e nem se mover, estava assustada com o comportamento de Lucas. Começava a rezar internamente para que Miguel aparecesse naquele instante e obrigasse o Rodrigues mais velho a se afastar dela. Sentiu um ligeiro alívio quando Lucas tirou a mão de sua coxa para acariciar sua face, porém ainda havia muito mais intimidade naquele toque do que achava necessário. Os dedos de Lucas deslizaram devagar por suas bochechas rubras até seus lábios.

— Sou muito melhor que o idiota do meu irmão — Lucas murmurou se inclinando sobre Sophia antes de garantir com um sorriso sedutor. — Em todos os sentidos, deixe-me lhe mostrar. — Beijou de leve o rosto da Almeida que se encolheu contra o estofado. — Você é muito bonita, se fosse da minha idade...

Sophia empurrou Lucas e se levantou aflita.

— Miguel é seu irmão... me-meu namorado... deveria pe-pensar nisso antes de... Acho melhor voltar depois.

Nervosa caminhou em direção à porta o mais rápido que suas pernas bambas, devido o medo, lhe permitiam, não se surpreendendo quando Lucas a alcançou e a agarrou seu braço, também não se surpreendeu ao ouvir o som estalado do encontro de sua mão contra a face do rapaz.