Meu Coração quer Amar e ser Amado

Broche

"O amor não se define; sente-se."

Sêneca

Os olhos de Leona seguiam cada mínimo movimento do casal sentado alguns metros à frente, sorria com satisfação e maldade enquanto os ouvidos, colados ao seu celular, escutavam a notícia que aguardara com ansiedade nos últimos dias. Finalmente teria o que tanto desejava.

– Qual o motivo da alegria?

Leona se assustou com aparição de Cássio praticamente sobre a mesa que ocupava, a boca perigosamente perto da sua. Rápida deu por encerrada a ligação, levantou e empurrou o corpo de Cássio da sua frente.

– Não te interessa — respondeu antes de se afastar apressada.

Os lábios de Cássio distenderam com satisfação expondo os dentes brilhantes. Previa que em breve descobriria o que causará tanta felicidade a sua ruivinha bipolar e se divertiria muito com isso.

*S2*

No fim das aulas Miguel levou Sophia para a sua casa. Depois de horas ao lado de uma Sophia apática, decidiu fazer algo que remediaria o mal que as palavras impensadas de André causaram nela. Queria sua doce e carinhosa namorada e teria exatamente isso.

– Tenho que ir pra casa.

Miguel respirou fundo e depositou um rápido beijo sobre os lábios crispados.

– Depois te levo. – Sem vontade de ouvir uma nova recusa, a escoltou para dentro, subiu as escadas e entrou em seu quarto. Largou a mão dela e foi até a mesa de computador.

Desnorteada pela forma que era arrastada casa a dentro, Sophia não sabia o que fazer ou o que pensar, pois, embora já tivesse ido a casa deles diversas vezes, normalmente não passava da sala desde a briga dele com Lucas porque, segundo Miguel, era melhor evitar a tentação. Ficou em absoluto suspense enquanto o observava remexer a gaveta da mesa, até que finalmente ele ficou de frente para ela e aproximou-se com os olhos cravado nos seus. Por alguns instantes se perdeu na imensidão negra, até que sentiu o toque das mãos deles em sua camisa, na altura de seu peito esquerdo. Espantada abaixou o olhar a tempo de vê-lo prender um broche dourado com o formado de um leque oval no local.

– É uma joia de família, um prendedor com o brasão antigo da minha família – Miguel informou antes de encaixar o indicador e o polegar no queixo dela para levanta-lo com carinho e ter acesso aos olhos enluarados. – Significa que agora você é uma Rodrigues, a minha Rodrigues.

– E-eu não... Não posso ficar com algo tão importante... Não quando sei que se não fosse aquela confusão toda... Você nunca me notaria... – gaguejou nervosamente antes de ter o corpo envolvido em um abraço apertado.

– Eu sempre te notei – Miguel disse surpreendendo-a. – É difícil não notar a única garota que não me perseguia pelos corredores e que teve o mau gosto de se apaixonar pelo idiota do André. Sou observador, sei do que tem alergia, que cor gosta, que fica linda quando sorri e sexy com a roupa de educação física. – Sophia corou violentamente e afundou o rosto contra o corpo do Rodrigues. – Também sei que você é loucamente apaixonada por mim. – Ouviu a risada dela e relaxou. — Admito que nunca pretendi me aproximar e que preferia continuar tendo romances passageiros. – Sorriu quando Sophia lhe deu um soquinho no peito. – Mas agora quero unicamente uma garota tímida e que cora fácil chamada Sophia.

– Você só diz o que quero escutar.

– Se escutar isso te deixa feliz então tentarei dizer mais vezes. – Beijou a face ruborizada. – Demorei pra notar que meu interesse ia além de puro desejo, mas agora admito que te amo... Muito mais do que acho seguro...

– Seguro?! – O encarou confusa.

Não recebeu uma resposta e nem pensou em cobra-la depois de Miguel reivindicar seus lábios. Esquecia-se do mundo quando ele a beijava, tudo ao seu redor sumia e sentir era a sua única prioridade, por isso não opôs resistência quando ele a deitou sobre a cama com as mãos fortes acariciando a pele descoberta de sua cintura e barriga.

– Miguel... Opa! Desculpa maninho!

Sentaram apressados, arrumaram cabelo e roupas com gestos aflitos enquanto olhavam ao mesmo tempo para a porta que fora novamente fechada. Encararam-se e riram ao notar a surpresa, desespero e frustação que ambos tinham na face. Para surpresa do Rodrigues foi Sophia que tomou a iniciativa de abraça-lo pelo pescoço para voltarem a deitar sobre a cama, mas, para sua desilusão, ela não parecia disposta a ir além de um abraço.

– Melhor te levar pra sua casa.

– Posso ficar só mais um pouquinho? – pediu manhosa se aconchegando ao corpo do namorado.

– Pode – Miguel sussurrou inalando o perfume suave que emanava da pele alva e tentadora. Beijou a franja dela para conter a vontade de dizer que, se ela quisesse, podia ficar a eternidade em seus braços. Expor seus sentimentos era difícil, mas pior seria deixar evidente que seria capaz de tudo para agradar a namorada, que a felicidade dela lhe era mais importante que a própria. Esperava nunca ser posto a prova.