"Os sentimentos verdadeiros se manifestam mais por atos que palavras."
William Shakespeare
O fim de semana amanheceu ensolarado, uma brisa leve balançava os guizos presos na janela do quarto de Olívia, que olhava com um sorriso enorme o resultado da maquiagem que aplicara na face de Sophia.
— Pronto! Está ainda mais linda que o habitual. — Comunicou antes de obrigar a irmã a se levantar da cadeira em que estava para se olhar no espelho de corpo inteiro preso na parede.
Insegura, Sophia mirou o próprio reflexo.
Quando Olívia lhe dissera que a ajudaria a se arrumar, Sophia não imaginara que planejava transforma-la em uma boneca viva. Fora obrigada, quase de forma rude, a colocar um vestido que branco de alcinhas que Olívia lhe dera há muito tempo e que nunca tivera coragem de usar. O vestido não era feio, era lindo e delicado, mas era muito justo no busto e terminava muito acima dos joelhos. Depois de vestida, Olívia a forçou a ficar sentada durante horas enquanto transformava seu cabelo e face.
Agora Sophia conseguia ver o resultado e se deu conta de que não deveria ter aceito a ajuda da irmã, estava diferente demais.. Seus cabelos preto azulados, que normalmente só eram penteados para manter o liso natural e nunca recebiam nenhum enfeite, ganharam cachos nas pontas e uma tiara prateada. Seus lábios haviam sido cobertos por um batom clarinho na cor rosa, suas pálpebras receberam sombra leve prateada e seus olhos foram contornados por lápis preto destacando-os. O único que aprovava eras as delicadas sandálias em estilo grego que envolvia seus pés.
– E-eu... não sei... O vestido, a maquiagem e o cabelo são totalmente diferentes de tudo que já usei... Será que Miguel vai aprovar tudo isso?
– Tudo isso? Só apliquei uma sombra leve, gloss e bluss pra te dar uma corzinha. O vestido é lindo e não ouse falar mal da tiara – retrucou Olívia um pouco ofendida. – O Rodrigues teria de ser um grande idiota pra não aprovar, coisa que acho que não é. O que acontece é que você não está acostumada e fica procurando defeito – disse a Almeida menor cruzando os braços e encarando Sophia com ressentimento. Esforçara-se para destacar a beleza da irmã sem exagerar e a ingrata ainda reclamava.
– É que... Talvez fosse melhor algo mais simples...
Foi interrompida por batidas na porta.
– Sophia, o imbecil do Rodrigues tá lá embaixo a sua espera.
– Agora é tarde demais pra mudar, vamos! – disse Olívia puxando a irmã pra fora. Ao ficar de frente ao primo não pode evitar perguntar. – Não cansa de ofender o Miguel não, Nathan?
Porém Nathan não respondeu, parecia nem ao menos ter ouvido o que a prima menor dissera, seus olhos estavam fixos em Sophia que, diante da intensidade que era observada, sentiu um calor costumeiro tomar conta de sua face.
– Você vai sair assim com o Rodrigues? – ele conseguiu perguntar sentindo a garganta seca, seus olhos descendo para as coxas atraentes da prima.
– Si-sim... Está ruim?
– Não... Quer dizer, sim. – Nathan a encarou com a expressão fechada. — Você não pode sair assim.
– Hina, não ouça as baboseiras do Nathan – comandou Olívia puxando a irmã. — Vai logo dar uns pega no seu namorado.
– Olívia é melhor para de dar conselhos como esse – ordenou o Almeida com raiva se colocando a frente das irmãs após descerem as escadas. – Sophia, não ouça nada do que Olívia diz. O Rodrigues não é o cara certo pra você.
– Porque não deixa que a Sophia decida por si própria, abutre Almeida? – Ouviu Miguel perguntar.
Miguel estava cansado de Nathan ficar se metendo onde não era chamado. Com brusquidão empurrou o outro e ficou boquiaberto ao colocar os olhos em Sophia. De onde ela tirara aquele vestido minúsculo? O short de educação física parecia uma calça perto da saia daquele vestido.
– Cunhadinho, aposto que diferente do Nathan aprova o vestido que dei pra Hina – disse Olívia recorrendo à rixa do Rodrigues com seu primo para evitar que Miguel pedisse para Sophia trocar de roupa. – Afinal, ela está assim por você.
– Hum...! – Miguel, segurando a vontade de dizer que deveria ter colocado algo maior, se aproximou da namorada, envolveu a face delicada com as mãos e roçou os lábios contra os dela. – Está linda!
Feliz por Miguel não ter reclamado, Sophia envolveu a cintura do namorado em um abraço tímido e o fitou de forma apaixonada. Miguel acariciou a face macia com delicadeza e não conseguia desviar os olhos do brilho hipnotizante presente nos orbes perolados.
Vendo a expressão azeda de Nathan diante da cena, Olívia mostrou a língua para o primo, antes de chamar a atenção dos namorados:
– Adoro ver que fizeram as pazes, mas nesse ritmo o passeio não vai ocorrer.
Miguel sorriu para Sophia e a guiou para fora da casa.
Sophia não conseguia desviar os olhos do belo perfil do namorado, por isso demorou a reparar no carro parado em frente à casa e nos colegas que os aguardavam até ser envolvida em um abraço apertado.
– Não imagina o quanto me alegra que tenha feito às pazes com o dobe, Hina! – disse André com empolgação.
– Larga a minha namorada, seu idiota sem noção – Miguel ordenou praticamente empurrando André para longe da Almeida.
– HEY, FOI SÓ UM ABRAÇO NÃO PRECISA ME INSULTAR... — Do nada André passou de irritado para divertido. — O MIGUEL TÁ COM CIÚMES, TÁ COM CIÚMES, TÁ COM CIÚMES – cantarolou batendo palmas.
– Deixa de ser infantil, seu idiota – resmungou o Rodrigues. – Deveria abraçar a sua namorada, não a minha.
– Só perdoo seus insultos porque, mesmo tendo feito as pazes com a Hina, não desistiu de levar todos nós ao cinema.
– Mas, não foi você que nos convidou? – perguntou Sophia confusa.
– Mais ou menos. O plano era a Marina te levar, então o Miguel apareceria e teria uma desculpa pra te ver e... Ai! Por que me bateu? – queixou-se após levar um cascudo.
– Cala a boca, idiota! — Até quando André seria um completo imbecil que não conseguia guardar um segredo sequer? – Ou desisto de levar você e sua namorada junto – resmungou puxando uma sorridente Almeida em direção ao carro estacionado.
– Ah, não seja mau cara! Até pedi pro meu avô dar uma carona.
Entraram no carro, já ocupado por Breno.
– Sem brigas no meu carro, não me envergonhem na frente de tantas mulheres lindas – pediu Breno com seu costumeiro sorriso.
Sophia sentou entre André e Miguel e sorriu para o namorado ao ter a cintura envolvida em um abraço. Notou que o Rodrigues aparentava estar irritado com algo.
– O que foi Miguel?
– Nada, não se preocupe. – Mentiu o Rodrigues puxando a namorada para mais perto e beijando alto da cabeça da mesma. Não queria admitir, mas o incomodava ver Sophia tão próxima de André, ainda mais com aquele minivestido. Limitou-se a puxa-la o máximo que conseguia para mantê-la distante do loiro, mesmo que fosse somente um pouco.
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Meu Coração quer Amar e ser Amado
Teen Fiction+16 ~ Para Sophia Almeida tudo começou com uma grande confusão. Em um momento seu coração amargava a perda de seu grande amor não correspondido e no outro batia desenfreado contra o peito do rapaz mais disputado do colégio, suplicando por algo que l...