Ideia

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"Brigar, competir, chorar, tudo faz parte do jogo."

Acompanhando Yasmin no banco de trás do carro da família Ortiz, Marina estava muito curiosa para saber onde o motorista as levava. Não reconhecia o caminho a sua frente e Yasmin não queria lhe dizer nada. Fora na casa da loira depois de voltar do cinema, onde assistira uma comédia que André escolhera, e ficaram conversando durante muito tempo sobre o melhor jeito de separar Miguel e Sophia, até que do nada a colega a arrastara até o carro da família dela e falara um endereço para o motorista.

— Me diz onde estamos pelo menos?

— Já vai ver.

O motorista estacionou na frente de uma casa branca enorme com um jardim deslumbrante.

— Quem mora aqui?

— Espera! Quanta impaciência!

Yasmin tocou a campainha e foram atendidas por um homem magro, de cabelo preto, olhos claros, pele muito branca, basicamente tinha cara de cobra e das mais venenosas, era de dar medo em qualquer um, mas Marina ficou foi revoltada ao reconhecer aquele homem.

— O QUEEEE? ESTA É A CASA DA LEONA!

— Não grite! — ordenou Yasmin antes de se voltar para o pai de Leona com seu melhor sorriso. — Senhor Antônio, queremos falar com a Leona, saber por que ela não foi pra escola hoje.

— Oh, podem entrar! — A voz dele era assustadora assim como a aparência. — Ela está se recuperando do choque de ter sido atacada por uma psicopata baranga que fugiu da prisão.

— BARANGA...?!

Marina só não falou umas verdades para o pai de Leona, porque Yasmin tapou sua boca.

— Coitadinha, teve estar muito traumatizada, será que podemos vê-la?

— Claro, ver as amigas fará muito bem pra ela. Está no segundo quarto à direita após as escadas.

Seguindo Yasmin pelas escadas, Marina não escondia sua curiosidade e revolta.

— Me explica porque viemos até a casa da ruiva maligna?

— Pensa, precisamos de um bode expiatório, alguém que de a cara a tapa, para que não sejamos envolvidas na história, senão o Miguel e até mesmo a anta do André vão nos odiar.

— Não gosto que fale assim do André — retrucou Marina.

Estava começando a se irritar em ouvir Yasmin ofender André sempre que podia. Podia não morrer de amores pelo namorado, mas, acima de tudo, o respeitava como amigo.

— Que seja, mas precisamos da Leona pra minha ideia.

— E que ideia seria essa?

— Calma tudo há seu tempo, primeiro temos que convencer a Leona a se unir a nós.

Pararam em frente ao quarto de Leona e Yasmin bateu na porta.

— Vê se não torra mais a minha paciência Cássio.

— É a Yasmin, Leona.

Leona abriu a porta com a cara feia e que ficou mais carrancuda ao ver Marina ao lado de Yasmin.

— O que querem comigo? E ainda por cima você psicopata?

— ORA, SUA...

Yasmin segurou Marina. Era impressionante o quanto a colega se zangava fácil e partia para a violência, esquecendo-se totalmente que não era a hora nem o lugar para brigas.

— Calma Marina, lembre-se que estamos em missão de paz, que temos um interesse em comum.

Leona colocou uma mão na cintura, o desgosto bem evidente no olhar.

— Que interesse teria com vocês?

— Será que podemos conversar dentro do seu quarto? É sobre o Miguel.

Como se tivesse falado uma palavra mágica, Leona as deixou entrar em seu quarto, onde havia uma cama com guarda-roupa embutido, uma mesa de computador, uma cadeira e um puff vermelho. Marina sentou na cadeira, Yasmin no puff e Leona na cama. Após ouvir tudo que acontecera na escola durante sua ausência, Leona concordou em ajuda-las a acabar com o namoro de Miguel com Sophia.

— E o que terei de fazer?

— Por enquanto nada, só aguardar a hora certa.

— Aguardar? Essa é sua melhor ideia? Temos que espantar a Almeida pra bem longe do Miguel.

Mesmo apoiando mentalmente Leona, Marina não conseguia deixar de se sentir desconfortável por se aliar a ela. Não confiava nela, por isso preferiu ficar em silêncio.

— Temos que ir com calma — frisou Yasmin. — Além disso, a minha ideia central envolve um terceiro elemento.

— Da pra ser mais clara?

— Preciso de um garoto.

— Sua vida sentimental não é da minha conta...

— Não pra mim Leona, pra Sophia. O Miguel é muito possessivo, já deixou de sair com algumas garotas só por causa de suspeitas — esclareceu. — O ideal seria o André, mas creio que a Marina não vai deixar, então preciso de tempo pra avaliar as opções, enquanto isso as garotas do fã clube tem ordens de não trocarem uma só palavra com a Almeida, gelo total.

Marina bufou, não conseguiu ficar quieta após ouvir isso.

— Sophia quase não fala com ninguém, não acho que vai ligar se a ignorarmos.

— Disse bem: quase não fala. — Yasmin deu de ombros. — De qualquer jeito é só uma ideia temporária, logo vamos pro plano principal, além disso, você não tá incluída no gelo.

— Não? E o que eu faço?

— Se aproxime e seja amiga íntima da Almeida.

— ...?

Marina encarou Yasmin com uma sobrancelha levantada. Ser amiga íntima de Sophia Almeida não fazia sentido.

— Ah, será que tenho que explicar tudo? — Yasmin enrolou uma mecha loira em seus dedos. — Temos que ter alguém próxima da inimiga, coletando informações úteis, assim derrotaremos ela mais facilmente. A melhor escolha é você, por causa do seu namoro com o André, melhor amigo do Miguel.

— Nossa! E eu que acreditava que loiras fossem burras — riu Leona.

Yasmin não ligou para o comentário desnecessário e preconceituoso, no fim mostraria que era a mais esperta e teria Miguel só para si.

— Bem, Marina e eu temos que ir pra casa, já tá muito tarde — comunicou Yasmin. — Amanhã temos muito o que fazer.

Logo após Marina e Yasmin irem embora, Leona foi até o quarto de seu irmão adotivo Cássio, um rapaz de cabelo loiro, pele pálida e olhos azulados, visivelmente nervosa, o encontrando acompanhado de Júlio, um garoto ruivo, de olhos castanhos e muito alto, que Antônio adotara um tempo após Leona e Cássio. Estavam vendo um filme que Leona não fez questão de saber qual era, só foi na direção da televisão, a desligou e os encarou irritada.

— Porque ninguém me disse que Miguel arranjou uma namorada?

— São só boatos — alertou Júlio com seu jeito calmo.

— Não tenho que dar satisfações sobre a vida do Miguel só porque você tem uma queda por ele — Cássio encarou Leona com um sorriso burloso, mostrando os dentes. — Se quer saber, acho que agora que ele começou a sair com a Sophi, nem em sonhos ele vai olhar pra você, uma grossa irritante... Se bem que ele já não olhava antes.

— EU TE ODEIO! — Leona gritou com os olhos cheios d'agua, saindo correndo para seu quarto.

— Não acha que pegou pesado dessa vez?

— Ela deveria parar de correr atrás do Rodrigues, é isso o que acho.

Pegou sua garrafa de água e enquanto bebia um pouco, ligou a televisão, aparentava não dar a mínima por ferir os sentimentos de Leona, mas Júlio suspeitava que bem lá no fundo ele sentia alguma coisa por ela.

Meu Coração quer Amar e ser AmadoWhere stories live. Discover now