Meu Coração quer Amar e ser Amado

Meditando

"Não me procure só quando precisar de mim. Também pergunte se preciso de você, ou melhor, perceba."

Não deu tempo para Sophia sequer pensar no que dizer, em um instante viu Miguel correr para dentro do quarto e praticamente pular em cima do irmão, que caiu para trás, as mãos do Rodrigues mais novo se firmaram no pescoço de Lucas apertando com toda a força que a raiva lhe concedera.

— Miguel, larga o Lucas! — pediu Sophia puxando Miguel sem muito sucesso. — Vai mata-lo.

— Ele merece morrer por estar se engraçando pra cima da minha garota — vociferou aumentando ainda mais a pressão no pescoço do irmão.

— O Lucas só me mostrou algumas fotos de infância de vocês — Sophia explicou torcendo para que isso fizesse Miguel parar.

— Fotos? — perguntou Miguel olhando confuso para Sophia, as mãos diminuindo o aperto que até então exerciam.

— Exato, sei que não deveríamos ter mexido nas suas coisas... Lucas!

Aproveitando que Miguel se distraíra Lucas socou o nariz do irmão sem dó. O moleque o pegara de surpresa com seu surto e não iria sair sem nenhum arranhão.

— Esse imbecil ciumento quase me matou — queixou-se massageando o pescoço e encarando o irmão com ressentimento.

— Esta no meu quarto, sozinho com a minha namorada e ainda por cima sobre a minha cama. O que acha que pensei? Que estavam meditando? — retrucou Miguel cobrindo o nariz dolorido com as mãos. — Merda, isso dói!

— Bem feito! Deveria ter olhado antes de tirar suas próprias conclusões equivocadas.

— Vindo de você era a conclusão mais lógica.

— Se quer mesmo saber, maninho, tentei seduzi-la e sinto muito que ela prefira um imbecil como você.

— Lucas só está te provocando — Sophia garantiu se pondo na frente de Miguel que ameaçava agredir o irmão novamente. — Por favor, não brigue.

Inesperadamente Miguel envolveu Sophia em um abraço apertado, possessivo.

— Soph, como pode amar esse imbecil? — lamentou-se Lucas.

— Porque não cuida da sua vida Lucas e nos deixa em paz? — retrucou Miguel encarando o irmão com raiva.

— Tudo bem, deixarei os pombinhos sozinhos — disse Lucas andando para fora do quarto, porém parou no vão da porta, se voltou com um sorriso abusado nos lábios. — Minha proposta de fugirmos juntos ainda está de pé, linda.

— Oras, seu...!

Miguel tentou ir atrás do irmão que se afastara as gargalhadas, mas Sophia o impediu, segurando-o com força contra si.

— É brincadeira do Lucas — assegurou Sophia e, omitindo o "teste", completou para tranquiliza-lo. — Ele foi super gentil comigo, não tentou nada.

Miguel duvidava. Era mais fácil Sophia não ter percebido as intenções pervertidas de seu irmão mais velho.

— Eu sei que foi errado... mas gostei de ver as fotos, sua mãe devia gostar muito de vocês pra querer registrar cada momento.

Analisando o sorriso amável de Sophia, se deu conta de que nunca pensara nessa possibilidade, talvez estivesse certa, mas por mais que tentasse em sua mente só vinha imagens de Lucas rindo em cada seção de fotos e depois as usando ao longo dos anos para constrangê-lo. Deixando de lado suas diferenças com seu irmão metido a galã e as benditas fotografias, Miguel se inclinou para beija-la, porém Sophia segurou seu rosto impedindo que se aproximasse, a expressão preocupada.