28. Os pequenos milagres que criamos

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Notas Iniciais

Capítulo mais curto, porém, muuuuito especial! 

Aproveitem cada momento ❤

***

Aonde o vento é brisa

Onde não haja quem possa

Com a nossa felicidade

Vamos brindar a vida, meu bem

Ai, Ai, Ai – Vanessa da Mata


Alguns meses depois

Aquele deveria ser só mais um dia normal. O mar estava tranquilo, todos seguiam em suas funções durante a primeira parte do dia, as crianças brincavam e os risos embalavam a praia.

Para Ao'nung o cenário não era muito diferente do resto dos Metkayina. Estava tranquilo em sua rotina da manhã, que basicamente consistia em averiguar se tudo corria bem na pesca, parando esporadicamente para colocar os olhos em Tai'Ren e Neteyam, que estavam caminhando juntos na praia.

O Omatikaya deslizava a mão pela barriga enorme, enquanto caminhava devagar, acompanhando Tai'Ren, que seguia com as muletas, mas já sem a tala em torno da perna e do joelho. As cicatrizes marcavam toda extensão do local onde antes havia a proteção.

Com um sorriso despreocupado, o herdeiro voltou as suas atividades. 

Mas logo ele percebeu que aquele dia não seria como os outros. Um chamado alto de Tai'Ren iniciou uma série de acontecimentos que haviam trazido Ao'nung direto para a Casa de Cura, ou melhor, para fora dela.

— Você só está piorando as coisas! – Ronal o empurrou para fora com um olhar mortal.

Porém, ele não podia controlar a maré turbulenta que tomava conta de seu coração. 

Sabia que, no momento em que chegasse a hora do filhote nascer, ficaria nervoso, mas não ao ponto de entrar em completo desespero. Toda a frieza que tinha trabalhado durante meses funcionou bem enquanto acalmava Neteyam até ele estar na Casa de Cura.

E permaneceu funcionando nos momentos em que tagarelava nos ouvidos de Neteyam, tentando ajudá-lo a respirar com mais tranquilidade e concentração, tocando seu rosto com delicadeza, embora tudo que ganhou em troca foi um:

— Dá pra você calar a boca!? - Neteyam estava afoito e furioso, lutando contra as próprias dores.

Contudo, quando a dor de seu companheiro atingiu níveis estratosféricos a ponto de fazê-lo gritar diversas vezes enquanto Ronal permanecia focada preparando uma mistura analgésica, Ao'nung logo se deixou levar pelas emoções e cometeu o grande erro de começar a tagarelar no ouvido da mãe, apressando-a.

Obviamente, Ronal não permitiu que aquilo durasse um minuto e instantaneamente expulsou o filho do local.

Agora, Ao'nung andava de um lado para o outro na areia, agradecendo a Eywa por seu pai estar cuidando de Tai'Ren, impedindo-o de vê-lo neste estado de ansiedade. Sabia que o menino já estava muito nervoso e com medo ao ver a expressão de dor de Neteyam na praia, portanto, não conseguir passar segurança para ele só pioraria as coisas.

Voltou a realidade ouvindo mais um grito sôfrego dentro da Casa de Cura. 

Trincou os dentes e caminhou mais rápido para conter o ímpeto de entrar. Sentiu-se ridículo por não conseguir controlar as próprias emoções quando Neteyam mais precisava dele. Mas parecia que, quanto mais tentava controlar o coração, mais aumentava sua ansiedade ao perceber que em breve seu filhote chegaria.

Always Somewhere (Aonung x Neteyam)Where stories live. Discover now