5. O Desertor

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Notas Finais

Mais um capítulo fresquinho! 

Boa leitura, meus amores! 

***

Não sabe de nada

E sabe de tudo

Pois é criança do mundo

Nascida pra morrer

Caos – Mariana Fróes


Aneya abriu os olhos assim que seu corpo deitado ao lado da fogueira sentiu uma vibração muito profunda no solo, seguido de um som abafado, muito longe, mas que animou suas orelhas atentas.

— Explosão...? – Sussurrou, duvidoso.

Pensando automaticamente em Tai'Ren desprotegido na floresta, se levantou em um ímpeto protetor e enrolou o tecido que o cobria em torno do busto, improvisando uma blusa. Estava certo de que mais de uma hora havia se passado desde que se separaram. Nesse meio tempo, felizmente tinha conseguido se aquecer, embora suas pernas ainda doessem.

Com o coração palpitando de preocupação, Aneya se equipou com o fuzil de maneira desengonçada e a lança, aproveitando que já estava com as bolsas nas costas para sair o quanto antes. Decidiu não apagar a fogueira, para atrair quem quer que estivesse naqueles territórios.

De volta a floresta gelada, ele se encolheu ao ser recebido com os ventos fortes, característicos da região. Olhou de um lado para o outro, se perguntando em qual direção Tai'Ren tinha ido. Apertou a lança com mais força entre os dedos, tentando pensar com frieza, mesmo que seu coração pulasse no peito.

Se Tai'Ren havia saído para caçar em um território que ainda não haviam explorado e com alto risco de se perder pela visibilidade que costumava piorar com a neblina, o que ele faria?

— É claro! – Exclamou, correndo pelas árvores próximas da caverna, procurando marcas na madeira.

O frio o deixava terrivelmente mais lento e a agitação começava a piorar conforme perdia um tempo precioso tentando encontrar qualquer indício da direção correta. Rosnou, correndo de um lado para o outro, checando cada uma das árvores em seu caminho.

As vezes parava apenas para garantir que não havia movimentações por perto, com um pressentimento ruim tomando seu peito. Clamou a Eywa diversas vezes para que protegesse Tai'Ren e nem queria imaginar como reagiria caso o pior tivesse acontecido.

Quando o desespero começou a nublar seus sentidos de batalha, Aneya quase urrou, eufórico, ao constatar que de fato, Tai'Ren havia marcado as árvores e não perdeu tempo, acelerou o passo da maneira como podia, por conta das pernas doloridas.

Pelo padrão das marcações, Aneya constatou que provavelmente a estratégia do rapaz foi seguir bem próximo da margem do rio e manteve a lança pronta para encontrar qualquer presença hostil.

Ele caminhou por vários minutos, muito atento ao seu redor e contendo a vontade de simplesmente gritar pelo rapaz que procurava. Porém, os olhos azuis se arregalaram quando viu, ao longe, uma enorme coluna de fumaça.

Era distante, mas seu peito apertou, pois ele sabia que mesmo que Tai'Ren também estivesse afastado, quando visse aquilo, iria averiguar. Por isso, sem perder um segundo a mais, e esquecendo o corpo fragilizado pelo frio impiedoso, Aneya correu, seguindo o curso do rio, porém, ainda se escondendo entre as árvores.

Always Somewhere (Aonung x Neteyam)Where stories live. Discover now