Capítulo 14 - Leonardo

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Acordo com dor nas costas e o braço um pouco dormente, mas ainda me sentindo muito bem depois de simplesmente ter passado a noite ao lado de Bruno. Sinto sua falta quando percebo que não está comigo na cama, mas prefiro não ter que olhar em seus olhos ao notar meu pau totalmente duro e marcando o short. Uma parte de mim espera que ele não tenha reparado, mas outra adoraria atiçar ele com isso.

No banheiro, onde ele também não está, percebo que além de creme dental, há duas escovas de dentes, uma delas ainda na embalagem. Ele pensou em mim. Me sinto um idiota ao considerar que estou apaixonado por um garoto que conheço a pouco tempo, mas ainda assim sorrio como bobo enquanto escovo os dentes.

Sobre a poltrona, na sala, há um sanduíche que sobrou da noite passada, embalado em um guardanapo de papel, provavelmente deixado pelo garoto que também descartou todo o lixo que fizemos e limpou tudo antes de sair. Enquanto como, arrisco checar o celular na esperança de encontrar alguma mensagem de Bruno, mas provavelmente seu mau humor não o deixou ser fofo tão cedo.

Antes de passar pela porta do mercado, paro na frente e o vejo pela vitrine varrendo o chão, de costas para mim. É impossível não reparar em sua bunda quando se inclina um pouco para passar a vassoura por baixo de uma estante. Tento afastar o pensamento, afinal não quero parecer um maníaco ou alguém que não respeita o tempo do outro, mas ele me faz desejá-lo tanto que é difícil me segurar simplesmente ao estar por perto.

Passo pela porta e vejo que ele repara em mim, por cima do ombro, no momento em que o sininho toca. Ainda parece emburrado, provavelmente não teve a sua dose diária de café ou tempo suficiente para "acordar".

Eu o cumprimento, me aproximando, recebendo um resmungo baixo em resposta. O desafio me faz sorrir, então ao olhar para o interior do mercado a procura de algum cliente e ficar satisfeito ao constatar que estamos sozinhos, o abraço por trás, segurando seus braços para impedir que se solte.

— Leo... — ele se mexe um pouco, parecendo se decidir se me pede para soltar ou se relaxa em meus braços — você pode me soltar? Leonardo, não está vendo que estou ocupado?

— Quer mesmo que eu solte? — tomando cuidado para não encostar nele por trás, eu guio uma mão pelo seu corpo, acariciando-o, e roço meu rosto no dele ao perguntar, baixo — você tomou café?

— Não — sua resposta é rápida, mas sua voz é um sussurro — só comi um sanduíche e... — ouço-o suspirar — deixei o refrigerante na geladeira pra você.

— Eu não vi — digo, beijando de leve o lado de seu queixo — eu estava doido pra te ver todo emburradinho — beijo-o mais uma vez, agora no pescoço, o que o faz erguer a cabeça — e estava mais doido ainda pra ser o primeiro do dia a te fazer sorrir.

Era verdade. Aquele sorriso espontâneo que tomou seu rosto quando Valentina entrou pela porta do mercado, até mesmo depois que ela saiu, não só me fez querer beijar sua boca como também me fez querer vê-lo sorrindo mais vezes. Pensar que eu poderia ser o motivo desses sorrisos me deixa entusiasmado para consegui-los.

— Leonardo, deixa de ser idiota — sua mão cobre a minha e, depois de alguns segundos a acariciando, tenta puxá-la de seu peito — me solta, os clientes vão começar a chegar e...

— Deixa de ser teimoso, eu sei que você tá gostando — o provoco, passando minha boca próxima da sua e notando o instante que ela entreabre para mim — não quer um beijo de bom dia?

— Eu... — tento buscar seus olhos, mas eles estão fechados — não... não quero.

— Sabia que um beijo pode te animar tanto quanto um café? — espero que me responda com algo sobre eu não ter como saber disso por ser um caipira analfabeto, mas ele não o faz, apenas tenta mais uma vez se livrar do meu aperto — e você não tem café aqui, então...

Como É Que A Gente Fica? (Romance Gay)Where stories live. Discover now