Capítulo 19 - Bruno

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Ao me tocar de forma sutil, me pegando distraído, Leo toma a atenção que antes era do celular. Ao me abraçar de forma terna, ele faz com que eu me sinta seguro o suficiente para contar minhas preocupações. Ao me beijar de forma naturalmente sensual, ele me faz esquecer de tudo, faz meu corpo, meus sentidos e até mesmo meu espírito desejarem ele.

Talvez tenha sido todo o estresse ou o cansaço do dia que me fizeram sentir meu corpo aquecer aos poucos e logo chegar a uma proporção de calor incontrolável, mas eu duvido. Ele faz isso comigo. A maneira que me trata, que fala comigo e que me toca, de forma espontânea, fazendo tudo parecer fácil, me faz desejá-lo e me faz tomar coragem para ir além de onde eu jamais tinha ido antes. Por isso não tenho medo de provocá-lo, de me ajoelhar na sua frente e de levar minha boca até ele.

Não tenho certeza de que expressão tomava meu rosto, mas podia apostar que não conseguia esconder a surpresa no momento em que o expus. Não o tinha visto diretamente na noite passada, tampouco tão de perto, e mesmo que já tivesse o sentido entre meus dedos, em minha mão, por cima da cueca, ainda me demorei encarando-o antes de o tocar e sentir sua pele macia e quente, antes de arriscar beijá-lo, antes de colocá-lo dentro de minha boca. Inferno, é grande.

De início me pareceu estranho, não só pelo gosto, cheiro, a sensação em minha boca ou pelo tamanho, mas por toda a situação. Mas ele me acalmava com seus toques, me deixava mais tranquilo, me incentivava. Logo tudo pareceu natural e eu sentia meu corpo tão quente quanto antes, fazendo tudo não só para o dele, mas para o meu prazer.

Não fosse tamanho o tesão que sentia, não fosse a vontade de estar o beijando enquanto eu mesmo chegava ao clímax, talvez tivesse brigado com Leo por não ter me deixado sentir o gosto de seu esperma. Pensar nisso enquanto estou sentado no banco do passageiro me faz sorrir feito idiota, por isso desvio o olhar para o céu já escuro fora do carro quando sei que ele percebe.

Leo pareceu cansado ao chegarmos e, para sua sorte, meu pai já havia movido as vacas de volta e a mãe dele terminado o trabalho com os queijos por essa semana, assim ele pôde descansar um pouco antes do jantar. Eu não me demorei na presença dos mais velhos, também me beneficiando da desculpa de que precisava muito de um banho e que estava cansado. Não era mentira, mas tampouco a principal razão para me afastar.

À mesa no jantar, percebo os sorrisos de meu pai para Isabel, com ele em uma das pontas e ela na cadeira à sua direita. Leo come em silêncio à frente da mãe, parecendo concentrado em comer, comigo ao seu lado. Notei que o garoto costuma comer bastante durante o dia, principalmente nas principais refeições, provavelmente é assim que repõe as energias que costuma gastar trabalhando a todo tempo. Também tento ao máximo focar no prato, mesmo que consiga perceber a ansiedade para falar algo tomar o rosto de meu pai.

— Não vimos quando chegaram ontem a noite — ele quebra o silêncio, animado, provavelmente na esperança de conseguir manter uma conversa casual durante o jantar — eu ia perguntar do jogo, mas acho que vocês não se importam muito com isso...

— Dessa vez não posso discordar — Leo confessa, sorrindo de forma gentil ao levar uma nova colherada de comida a boca, mastigando devagar e em seguida completando — estava muito cheio, muito barulho, e acabou que a gente se distraiu tanto que nem prestamos muita atenção na partida.

— A Paulinha nunca mais apareceu por aqui, ela não tá doente, tá? — percebo Isabel erguendo a sobrancelha para ele, coçando a garganta de forma nada sutil. Meu pai dá de ombros, se voltando para Leo, que grunhe em resposta, negando ao balançar a cabeça — Vocês se deram bem, filho? Não quis comentar, mas notei a marca no pescoço...

— Xande!

— Que foi? — ele responde à mulher, rindo ao voltar a me encarar — só quero saber se ele está sendo bem recebido.

Como É Que A Gente Fica? (Romance Gay)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt