Capítulo 36 - Leonardo

36 4 0
                                    

Bruno e Clara não conversaram muito depois de se conhecerem e, sendo razoável, se estranharam. Enquanto ele disse que iria para o mercado assim que guardasse suas coisas, minha irmã me avisou que já havia preenchido a agenda do dia inteiro para ela e para mim.

Eu iria com Clara para rever todos nossos amigos e passaria o dia com ela dando uma volta pela cidade, mas lhe disse que antes ajudaria meu namorado a abrir o mercado e a limpar antes disso, afinal estávamos há alguns dias sem sequer ir até o estabelecimento e ele iria precisar de ajuda para isso. Isso já foi o suficiente para que ela fechasse a cara por bastante tempo.

Bruno permanece todo o tempo em que estamos juntos um tanto emburrado, mas não posso julgá-lo por isso. Confesso que nem sequer lembrava que hoje seria o meu aniversário, afinal tivemos um final de semana um tanto corrido se considerar que logo em seguida voltamos a viajar para algo um tanto sério demais. Mas, de alguma forma, acho que devia ter contado para ele.

Além disso, minha irmã sabe ser intimidante e, no mínimo, irritante quando quer, principalmente quando se trata de cuidar de mim. Acho que o meu instinto protetivo deve ter vindo dela. De todo modo, ter que aguentá-la da forma que ela o tratou logo cedo e ainda ter que dividir com ela o banco do passageiro na minha caminhonete estreita deve tê-lo deixado ainda mais chateado.

Ainda assim, não consigo deixar de sorrir feito bobo quando vejo meu namorado focado no serviço. É impossível não lembrar de tudo o que tivemos na noite passada, e minha cabeça, assim como todo o meu corpo, prefere focar nas partes boas.

Fazia algum tempo desde que eu havia sido passivo com um cara. Na verdade, só havia feito uma única vez e não foi uma boa experiência, agora, no entanto, sei que só não tinha feito com a pessoa certa. Bruno me tratou com carinho, ao mesmo tempo que me fez sentir tanto prazer que me fez querer pois mais e, porra, não esqueço de todas as sensações que ele me causou. Que me causa.

— Você vai passar o dia babando o garoto ou vai terminar isso pra gente ver o pessoal e resolver tudo? — minha irmã me dá um soco forte no braço.

— Eu... — olho feio para ela, voltando ao trabalho — Você não tá afim de esperar lá fora?

Amo muito a minha irmã e estou mesmo muito feliz por ela ter vindo de surpresa para meu aniversário, afinal acredito que precisamos de um pouco de animação para descontrair e parar de pensar, ao menos um pouco, em tudo o que está acontecendo. Mas ela sabe mesmo ser chata e, ao menos agora, fico um pouco aliviado por ela ter saído.

— Ei... — me aproximo de Bruno, que está nos fundos do mercado acabando de passar pano pelo chão; eu já acabei de tirar a poeira das prateleiras — você tem certeza de que não quer tirar o dia de folga também? Ficar com a gente...

— Tenho... — ele sorri um pouco sem graça, sei que não é uma resposta totalmente verdadeira — o mercado ficou tempo demais fechado nos últimos dias, é melhor não deixar as coisas estragarem nas prateleiras.

Faço que sim, aceitando o que me diz por mais que quisesse mesmo dividir meu dia com ele. Já ia virando as costas quando ele me chama e se aproxima. Bruno parece encolher os ombros, mas é quase imperceptível, principalmente quando seus olhos miram em mim de forma propositalmente penetrante.

— Feliz aniversário — ele me envolve em um abraço e me sinto bem — me desculpa por não comprar um presente à altura... — sinto seus braços me apertarem e, nesse momento, é como se eu tivesse tudo o que queria.

— Eu não preciso de mais nada — beijo sua bochecha — obrigado.

***

Minha irmã me arrastou a pé por toda a cidade para rever os seus antigos amigos da escola, os quais continuaram na cidade, depois me fez acompanhá-la pelas pequenas lojas de roupa, incluindo a que minha melhor amiga trabalha, onde, como sempre, acaba comprando muito.

Como É Que A Gente Fica? (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora