Capítulo 21 - Bruno

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Leo precisou ajudar sua mãe em algo relacionado ao preparo do leite que lhes custou o horário do jantar. Me preocupa o fato do garoto adiar a refeição, principalmente quando não costuma perder o horário de nenhuma, mas não preciso perguntar nada para meu pai à mesa, sobretudo quando ele mesmo comenta sobre Leo ter "um tato melhor" que o seu para ajudar a mãe com essa etapa em específico da fabricação de queijos, acrescentando também que não demorariam, mas que disseram para não esperar.

Enquanto comíamos juntos, tentei não parecer incomodado com os olhares e sorrisos sem graça que ele fazia para mim, mas meu pai tampouco arriscou voltar a comentar sobre qualquer outro assunto comigo. Talvez ele desconfie de algo, ou talvez só tenha entendido que o meu silêncio após sua última pergunta a respeito de Paulinha, tenha sido um aviso de que gosto de privacidade, ao menos em relação a com quem me envolvo. De todo modo, insisti em lavar a pouca louça que sujamos depois do jantar e ele não se opôs, em seguida subi para o quarto e só quando deitei na cama foi que pude notar o quão cansado estava.

Também não encontrei com Leo no café da manhã, pois ele e meu pai haviam saído cedo para tratar de algo nas ferraduras do cavalo. Isabel disse que seu marido teve problemas para fazê-lo sozinho, algo sobre o animal estar inquieto e por pouco não ter o derrubado, por isso pediu para Leo o ajudar.

Nos encontramos no carro, com ele chegando apressado depois de mim, parecendo um pouco nervoso, provavelmente pelo atraso para abrirmos o mercado, se atendo a me cumprimentar com um sorriso e um toque gentil sobre minha perna. Leo parecia cansado mesmo ainda tão cedo do dia, o que me faz acreditar que acabou dormindo tarde na noite passada.

Ainda assim, o fato de ele não esperar que eu o ajudasse a levantar o portão e abrir o mercado me irritou, principalmente quando ele abriu a porta para que eu passasse e sorriu para mim como se fosse o homem mais feliz do mundo. Merda, odeio o quão conflitantes são os sentimentos que ele me causa.

— Ei... — ele agarra minha cintura por trás quando passo, me abraçando e colocando seu queixo sobre meu ombro. Isso me faz revirar os olhos, mas sua respiração é seguida por uma voz grave, baixa e sexy, e isso me causa um efeito eletrizante — sentiu minha falta ontem a noite?

Quero dizer que precisei fechar a janela ao despertar por sentir frio na noite passada e que ainda assim não pareceu o suficiente para me aquecer como quando ele estava sobre mim, mas não é algo que eu conseguiria dizer em voz alta. Sei que isso o deixaria sem graça e sei que usaria contra mim em algum momento, em provocação, mas independentemente disso, seria a mais pura verdade.

— Fui no seu quarto antes de dormir — ele deposita um beijo rápido em minha bochecha — depois que a gente comeu, mamãe foi pra sala sentar na frente da televisão e eu subi na ponta dos pés pra ver se você estava acordado — seus braços me apertam um pouco mais, o que faz meu corpo aquecer e meus olhos fecharem — você estava num sono tão pesado que mesmo que eu quisesse me espremer entre você e a parede, não quis arriscar te acordar.

Gostaria que tivesse o feito. Não tenho certeza de como meu corpo, minha alma e muito menos meu coração parecem ter se acostumado com a presença dele, a companhia dele, de forma tão rápida, mas eu gostaria de despertar no meio da noite e ver que estava comigo.

— Eu... — engulo em seco quando sinto seus lábios roçarem no pescoço — Leonardo, pode chegar alguém, quer fazer o favor de me soltar?

— Sabe que eu não vou fazer isso — seus braços não me apertam, mas não deixam de me envolver.

— Senti... — eu me dou por vencido, mas sei que minha voz soou baixa demais no momento em que noto seu quadril se inclinando mais contra mim, agora seu corpo inteiro cobre as minhas costas. As sensações que esse abraço me causam fazem com que eu aumente um pouco o tom — eu senti a sua falta, ok?

Como É Que A Gente Fica? (Romance Gay)Where stories live. Discover now