Como É Que A Gente Fica? (Romance Gay)

Capítulo 26 - Leonardo

Após me deitar em seu peito, me permito fechar os olhos por alguns segundos, abrindo-os em seguida para avaliar o que está em meu campo de visão. A barraca ainda está pouco iluminada pela lanterna presa à lona acima de nós; as mochilas agora parecem ter sido atiradas contra o canto oposto; minhas pernas sobre as dele, a imagem que me prende, com sua pele lisa, macia e quente abaixo de mim, o contraste entre seu tom e o meu, seu pau ainda lutando contra o cansaço e a vontade de voltarmos à ativa. Isso me tira mais um sorriso sacana.

Devagar, ele afasta para tirar sua camisa, então volta a deitar e me puxar para seu peito. Ficamos calados por mais um tempo, posso ouvir sua respiração, sentir seu peito enchendo e se esvaziando devagar. Gosto de ter sua pele quente me tocar o rosto, com ele perdido nos pensamentos enquanto passa a mão pelo meu cabelo. Eu poderia apostar que ele logo reclamaria por não tê-lo deixado me tocar como eu fiz com ele, mas como estava gostando demais do seu gesto carinhoso comigo, eu não o provocaria caso comentasse a respeito.

— Está sorrindo demais... — ainda sinto seu cafuné quando fala, então fico parado, à espera que continue, meu sorriso não se controla. Minha felicidade não se controla. — Se continuar sorrindo assim, vou retirar o que disse sobre amar...

Poderia comentar que também havia notado o quanto ele estava sorrindo ultimamente, o quanto eu gostava de também ver um sorriso lhe estampar o rosto, mas sei que revirará os olhos e talvez se controle para rir menos. E eu definitivamente não quero isso.

— Não vai não — minha voz saiu como um sussurro quando voltei a espalmar a mão sobre seu peito, acarinhando-o. Sei que se refere ao sorriso, não a mim — eu só estou feliz demais...

Ele não disse mais nada a respeito, mas a carícia continuou no mesmo ponto, até deixar os fios curtos para levar às costas dos dedos ao meu rosto. Notei que virou o seu para mim, mas não me movi, deixei que me observasse e aguardei pelo que viria a seguir.

— Por que não me deixou... retribuir? — ele hesitou por um momento, então ergui somente o olhar para vê-lo completar — eu queria... muito...

Eu também quis. Quis voltar a sentir sua boca por todo o meu corpo como quando o fez no mercado de forma tão espontânea que o simples ato de me colar a parede me levou a loucura. Mas sabia que se deixasse o fazer, iria querer ir muito além disso. E talvez Bruno também quisesse, talvez a sua preparação não fosse só para receber meus dedos ou minha língua, mas eu não quero que nossa primeira vez assim seja nas atuais circunstâncias.

De todo modo, preferi me masturbar no momento em que mais senti tesão em vê-lo se contorcer, em ver que logo se derramaria em minhas mãos, em minha língua, a ceder ao desejo de penetrá-lo de uma vez. Não acredito que ele tenha notado o quanto gozei com o êxtase lhe tomando os sentidos. Na verdade, sei que é por isso que ele me questiona.

— Acho que a gente ia passar a noite inteira em claro se demorasse mais... — me movo sobre ele, provocando um pouco, meu rosto agora de frente ao seu, a mão ainda passando por seu peito pálido e, caralho, sexy. As esferas pretas me encaram em expectativa, pareciam um pouco aborrecidas — Você goza pra caralho, mas toda essa porra na gente não é só sua... — desvio o olhar para completar — meio que eu não consegui me segurar.

— Você não queria... ir além?

— Eu... o quê? — volto a encará lo, surpreso pela pergunta — Meu Deus, é claro que eu queria... que eu quero! — levo as mãos a suas bochechas, sentindo sua pele tão macia quanto do resto do corpo — Mas eu não queria assim... aqui.... quero que a gente não precise se segurar quando dermos mais esse passo, quero ouvir todos os sons que você tem para me dar e quero que tire todos os que conseguir de mim — miro sua boca quando seus olhos não hesitam em encarar os meus e noto quando ele umedece os lábios — de preferência em uma cama espaçosa e confortável — sorrio, e ele revira os olhos.