Capítulo 15 - Bruno

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Em dado momento, Mica levanta pra fumar e pergunta se Leo não quer acompanhá-lo, então eles saem do restaurante, sozinhos, e eu não consigo desviar o olhar de suas costas. O garoto gosta de Leo, isso pareceu nítido quando chegamos juntos no restaurante e eu notei a forma que ele me tratou. Não foi mal educado, muito menos desrespeitoso, mas ainda assim senti o quanto sua atitude era diferente da noite em que os conheci.

Micael é um homem bonito, isso é inegável. O tom escuro de sua pele, o castanho de seus olhos, o corte curto de cabelo, seus lábios, seus músculos, cada detalhe, e todos juntos, o fazem bonito. Não posso fazer Leo esquecer de cada outro detalhe que possa conhecer dele. E não posso fazer com que ele esqueça tudo o que viveu com o garoto ou com qualquer outro antes de me conhecer. Apesar disso, ainda me incomoda pensar que eles tiveram algo e que esse garoto não tem vergonha alguma de demonstrar o que sente.

— Vocês deviam se pegar de vez! — a voz de Paulinha, dessa vez mais baixa ao sentar no lugar onde Léo estava, me chama a atenção.

— O quê? — tento disfarçar minha confusão, principalmente quando noto os outros dois também de olho em mim — Nós...

— Mano, você tá olhando pra eles dois igual Léo te olhou quando você atendeu o telefonema da tua ex — Bahia tira o gorro da cabeça, passando a mão no cabelo branco curto, com um sorriso solto no rosto.

— Sim, mas você tá fazendo mais uma cara de quem vai matar o Mica enfiando esse copo de cachaça na goela dele — desvio o olhar de Larissa para a porta atrás dela, notando que os dois garotos conversam algo.

— Na verdade a gente ficou ontem — a confissão é baixa, mas a garota ao meu lado por pouco não gritou em reação.

— Ai graças a Deus, não aguentava mais não poder comentar sobre isso — ela respira fundo, sorridente, depois dando de ombros para a amiga que a olhava de cenho franzido.

— Bom, pelo menos isso explica o roxinho no seu pescoço

Tento não demonstrar que me importo com isso, mas não havia notado quando me olhei no espelho e ouvi-la dizer isso me faz levar a mão ao lado do pescoço, não conseguindo evitar recordar dos toques de Leo na minha pele na noite passada. Cacete.

Volto a olhar para a entrada e vejo Mica acender seu cigarro com um fósforo e em seguida atirar a caixa vazia na rua. Leo retira um cigarro do maço antes de o outro guardá-lo de volta no bolso da calça. Então ele se inclina para que Mica acenda o seu. O garoto não tira os olhos de Leo enquanto seus rostos se aproximam e o de olhos claros, enfim, consegue tragar e expelir a fumaça, se afastando e sorrindo em agradecimento.

Talvez eu estivesse ficando paranóico, mas foi claro para mim que o outro garoto estava gostando de me provocar ao sorrir de lado assim que tira o cigarro da boca para soprar a fumaça. Além disso, Leo pode ser ingênuo ou bom demais para perceber suas intenções ou talvez goste de ser desejado por ele, não tenho como saber disso. E é justamente por não saber como ele se sente e talvez por sentir ciúmes de um garoto que pouco conheço e que não tenho nada além uma troca de poucos beijos, que começo a ficar um pouco mais irritado.

Sinto a mão de Paula nas minhas costas, parecendo notar alguma mudança em mim. Não sei exatamente como estou, mas consigo perceber que minha respiração está um pouco acelerada, meus olhos ardem e minha mão, que escondo ao perceber, treme.

— Você tá bem? — meus olhos vão até o casal na frente da mesa, vejo-os distraídos, trocando carícias e ignorando todos ao redor — você quer tomar um ar?

— Eu... — percebo que isso realmente me afetou, então respiro devagar, cogitando deixar o lugar, mas ponderando ao pensar que teria que passar pela única entrada do local — Estou bem, acho que... vou ao banheiro.

Como É Que A Gente Fica? (Romance Gay)Where stories live. Discover now