Capítulo 35 - Bruno

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Meu corpo ainda parece em êxtase depois do que acabamos de fazer, por isso fico imóvel enquanto o garoto cujo estou mais uma vez deitado em cima ainda acaricia minhas costas. Não sinto dor, na verdade, não sinto nada além de um cansaço mínimo e uma sensação constante de que tudo o que fiz foi incrivelmente gostoso. Por isso, me permito fechar os olhos e apenas sentir o calor de seu corpo, assim como aproveitar seu cheiro. Seu carinho.

— Isso foi muito bom — Leo quebra o silêncio, sua voz calma me faz sorrir — você foi incrível — então eu abro os olhos e olho para cima em busca dos seus — nem me olhe desse jeito, você sabe que foi... caralho, nunca vou esquecer disso.

— O que você quer dizer? — eu o abraço um pouco mais, sentindo suas curvas laterais e o apertando contra mim. O provocando.

— Quero dizer... — ele para, como se pensasse um pouco — que te ver agindo daquele jeito, cheio de atitude... você sabe o quanto me deixou louco né?

— Eu sei? — ainda de olhos fechados, não contenho meu sorriso. Sei que ele ficou louco, o quanto ficou louco, e isso me deixou ainda mais instigado a continuar.

Leo então riu, unindo os braços às minhas costas e me apertando um pouco contra si, e eu volto a fechar os olhos, deixando que me abrace como quiser. Pude ouvir o gemido que exalou, dessa vez como um som de satisfação por me ter em seus braços. Continua sendo carinhoso, e eu gosto disso, gosto muito. E a cada novo momento com ele, percebo que começo a gostar de cada pedaço seu. Estranhamente, não é estranho me sentir dessa forma, é bom, muito bom.

— Bruno? — ele afrouxa o abraço e eu então miro seus olhos claros mais uma vez. Parece pensar, um pouco receoso, mas toma coragem e continua — me desculpa se quero te proteger o tempo todo... digo, até em momentos como esse — seu sorriso é um tanto contido agora, envergonhado.

Eu sei que ele se refere a momentos como quando evitou gozar em mim no dia em que o levei ao ápice no mercado; ou quando foi carinhoso comigo, a maior parte do tempo se contendo, na nossa primeira vez, noite passada. Também sei que agiu da mesma forma quando evitou que eu tomasse cerveja quando comemos juntos no quarto da cidade, com receio de que eu me embebedasse, ou simplesmente quando dispensou a minha ajuda para descarregar as mercadorias junto dos entregadores.

Contudo, nenhuma dessas atitudes me fez gostar menos dele. Nenhuma. Sei que sou teimoso, sei que fui um pouco mimado durante toda a vida e sei que não tenho o mesmo porte físico do meu namorado e, por mais que nenhuma dessas características me façam menos que ele, sei que Leonardo não faz por mal. E isso não me faz mal.

— Está tudo bem, Leonardo — eu me viro para ele e me apoio em um braço, acariciando seu rosto com a outra mão — só não precisa me tratar como se eu pudesse quebrar a qualquer momento...

Seu sorriso é, novamente, contido, mas dessa vez, ele apenas faz que sim enquanto mira meus olhos. Então volto a beijá-lo, com tranquilidade, com carinho, deixando que sinta o quanto aceito e confio em sua proteção, ao mesmo tempo que sei que, ao menos agora, entende que não sou tão frágil quanto já posso ter sido um dia.

Me deito mais uma vez sobre ele e o aperto o quanto posso. Fico satisfeito por ele fazer o mesmo, me cercando, me apertando e se aconchegando em meu corpo da mesma forma que faço com o seu. É como se estivesse no único lugar do mundo inteiro que me faz bem: Ele.

— Você tá bem? — ainda estamos abraçados, nossos corpos tão colados que posso sentir seu peito me erguer a cada respiração sua — Com tudo o que aconteceu...

— Uhum — murmuro, permitindo-me pensar em tudo o que nos ocorreu durante o dia: a notícia, a visita à minha mãe e até mesmo a perseguição — ainda não sei como ajudar minha mãe, mas entendo que posso piorar as coisas para todo mundo se ficar por perto. Estou bem, apesar de tudo.

Como É Que A Gente Fica? (Romance Gay)Where stories live. Discover now