Capítulo 29 - Bruno

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Ao retornarmos, nossas coisas ainda estavam nos mesmos lugares em que deixamos antes de sairmos do acampamento. O sol ainda não se pôs, mas não poderíamos esperar para assisti-lo mais uma vez, precisamos desmontar o acampamento e guardar tudo para partirmos antes de anoitecer. Mesmo que fosse impossível chegar em casa ainda durante o dia, queríamos evitar, o quanto pudéssemos, viajar à noite, pois a rodovia não é tão iluminada e pode ser perigoso caso tenhamos problemas.

Não me afeiçoei muito às pessoas que se juntaram ao nosso grupo durante o final de semana, então não foi tão difícil para mim me despedir delas, mas ainda assim fiquei um pouco comovido pela forma com que meus amigos, principalmente Paulinha, pareceram sentir o momento. A garota tentou disfarçar, mas era óbvio que havia gostado de Carol.

Logo descemos pela trilha estreita com todas nossas coisas até o estacionamento e amarramos tudo nas caminhonetes. Após estarmos prontos para partir, meu namorado disse precisar ir ao banheiro e foi acompanhado de Bahia, que parecia precisar tanto quanto Leo, então precisamos esperar um pouco mais.

Mica e eu caminhamos devagar pelo grande estacionamento até seu carro enquanto as meninas ficaram de guarda na caminhonete de Leo, e só agora percebo que não havia interagido com o garoto desde que meu namorado e eu conversamos sobre o namoro dos dois. Noto que ele parecia bem, caminhando tão devagar quanto eu, com as mãos entrelaçadas atrás da cabeça erguida e exibindo um bonito e singelo sorriso no rosto enquanto nos desviamos dos poucos veículos que restaram no lugar.

Olhei para o céu, ainda bastante claro, e também notei que o sol já não podia ser visto de onde estávamos, o que me fez constatar que logo anoitecerá. Penso que devo falar algo, não quero que ele ache que voltei a ser um cara chato e arrogante só porque o final de semana acabara, se é que ele chegou a pensar diferente disso.

— Você ficou uma graça com esse tom rosinha no rosto — Mica sequer olhou para mim ao me tirar dos pensamentos, quando o olho, ele continua — desculpe, não quero te fazer corar mais, eu só achei que... a gente estivesse de boa? — Não tinha percebido, mas eu devia ter me mantido sério no momento em que o olhei.

— Não, é... — forço um sorriso para ele — só estou um pouco com a cabeça nos ares ainda.

— Foi bom, não foi? — ele olhou para o céu quando pássaros passaram voando.

— Uma das melhores coisas que fiz na vida... — fiquei um pouco envergonhado ao responder dessa forma, olhando um pouco para os lados, notando a pouca quantidade de pessoas que circulavam por entre os carros e, só então, completando — acho que empatado com descer de tirolesa e... o pôr do sol.

— Achei que foi um pedido de namoro estranho, confesso, eu com certeza faria melhor, mas foi bem romântico — eu o encaro, flagrando o momento em que finge enjoo ao falar a última frase. Então sorrio, um tanto envergonhado, ao mesmo tempo surpreso por ele ter notado que Leo me pedira em namoro no início da noite passada.

Chegamos a sua picape e nos encostamos à lateral, o silêncio novamente tomando conta do ambiente. Até mesmo as pessoas que passavam por nós se mostraram decididas a não acabar com ele.

Senti que deveríamos conversar sobre ele e Leo, não soube muito bem o porquê de me sentir assim, talvez por considerá-lo um bom amigo também para mim, talvez somente por querer deixar as coisas claras entre nós, mas, de todo modo, achei que o assunto precisava surgir em algum momento, e quanto antes, melhor.

— Mica... — ele me olhou de lado, o meio sorriso me deu a sensação de que sabia sobre o que eu falaria — Leo conversou comigo... sobre vocês — notei seu olhar se desviar para o mar ao longe, que ganhava um tom alaranjado, com o sol provavelmente próximo de o tocar — ele me contou o motivo por vocês terminarem.

Como É Que A Gente Fica? (Romance Gay)Where stories live. Discover now