Capítulo 32 - Tormento

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  Olá!!

As coisas começaram a certo nível, e a tendencia é sempre piorar. Pra vocês que acham que eu sou boazinha... repensem! Hauhsuahsaushaushuashas *trilha sonora macabra ao fundo*

Prepare o coração e boa leitura!! :D

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Não havia uma palavra adequada no dicionário de Kagami a altura de descrever como ele se sentia naquele momento.

Estava largado no colchão, de volta ao primeiro quartinho em que havia sido confinado desde o começo. Quanto tempo desde que Kentaro o arrastara e o deixara ali? Nem imaginava. Mas o suficiente para que sentisse o rosto começando a curar-se, mas ainda doía um bocado.

O sangue secara no rosto, criando uma crosta desagradável, com um cheiro férreo um tanto nauseante. Mesmo sangue que escorrera e sujara sua camisa. Até tentara limpar a face, inutilmente. Desistira, deixando do jeito que estava. O olho latejava cada vez menos, a medida que o fator sobrenatural fazia sua parte, porém continuava inchado e difícil de abrir.

Contudo, o que incomodava pra valer era a respiração. Seto judiara sem piedade. Um ato instintivo como respirar tornara-se uma missão dolorosa. Precisava inspirar devagar e de leve, caso contrário, sentia tanta dor que gotas de suor frio juntavam-se em sua testa, grudando os fios ruivos, sujos com respingos do próprio sangue.

Podia sentir Daiki tentando entrar em contato através do elo mental. Mas, dessa vez, o rapaz encontrou uma forte barreira, já que nem mesmo o Tigre desejava a ligação. Não queriam que o companheiro tivesse a noção de como ele estava. Fisicamente começara a curar-se, mas sua mente nem tanto. Se recebesse o menor gesto de conforto por parte do Alpha, não seria mais capaz de manter-se tão forte. Desmoronaria.

A certa altura, aquele garoto da franja, Kagami nem lembrava mais o nome dele, apareceu com mais água. E ele não pôde acreditar no quão difícil foi abrir aquela garrafinha. Sentar-se tornou-se uma das ações mais penosas que jamais pensara antes. Fazer qualquer nível de força afetava as costelas. Também era difícil tirar a tampa, sem poder mover a mão direita que, em algum momento, Kentaro pisara em cima, esmigalhando os dedos. Já melhorara bastante, pouco tempo atrás sequer podia movê-los.

Bebeu um gole lento, apreciando enquanto descia por sua garganta. Pequena sensação agradável diante de tudo que já sofrera. Usou o restinho para passar pela face e melhorar um pouco a aparência.

Logo deixou-se cair no colchão de novo. Os olhos presos no teto, beirando a exaustão. Daquela vez não conseguiu enganar a fome com água. Sentiu-se fraco. Toda sua energia concentrada em um objetivo: curar as feridas.

Algum tempo depois do que pareceram horas, novamente sentiu as presenças daquele Alpha e seu Beta. Vinham bem animados. Compreender aquilo trouxe forte vontade de chorar de frustração. Taiga conseguiu captar fragmentos de como eles se sentiam, sobretudo Kentaro. Só significava uma coisa... Um vínculo se tornando cada vez mais profundo.

Os dois entraram no quartinho, desperdiçando três segundos para apenas observar o Ômega, avaliando o estrago. Por puro instinto, Taiga sentou-se no colchão, gemendo baixo, mas pronto para uma ação imediata.

— Até que se recuperou mais rápido do que eu esperava. Pensei que estaria em condições piores — Hanamiya comentou desdenhoso.

— Eu também. Esse cara sintonizou naquela sexta-feira, não foi? Antes do Intercolegial começar? Será que é por ser um Ômega?

— Nah... — Makoto esnobou novamente, com um gesto de mão — Aposto que Ken-chan foi muito gentil e pegou leve. Faz um estrago maior dessa vez.

Taiga acompanhava a troca de palavras e o repudio por esse tipo de shifter somente aumentava. Gente da pior espécie, sem escrúpulos e limites. Então Seto avançou, sobressaltando seu prisioneiro, que tentou arrastar-se para trás, em vão. Foi segurado pelo braço e erguido do colchão sem qualquer cuidado. Teve que morder a língua para segurar o grito de dor. Pensara que o estrago nas costelas já não estava tão grave. Inocente engano. Doeu incrivelmente.

Marcado (AoKaga)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora