26 - Deixa eu cuidar de você.

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- Pra onde estamos indo? - Pergunto a Jonathan.
- É uma surpresa, querida. - Ele responde enquanto ultrapassa todos os carros da avenida.
- Você é um monstro. Eu odeio você. - Declaro.
- Você acha que odeia. É diferente. - Ele corrige.
- Eu tenho absoluta certeza que odeio. Você não merece amor de ninguém. Vai continuar sozinho, como sempre esteve.
- Você não sabe de nada! - Exclama ele me puxando pelo cabelo e me olhando nos olhos sem se preocupar com a estrada. - Você é só uma vadiazinha que traí a nossa raça com um Caçador. Você me envergonha, Isabelly. Nunca pensei que você fosse cair tão baixo!
- Foi você quem caiu baixo. Você é o traidor. Você se transformou no assassino que os Caçadores sempre nos julgaram ser. Você é uma vergonha para a nossa espécie. Não eu. - Digo e me afasto dele. Fico surpresa com a declaração dele. Se ele sabe tanto sobre o que aconteceu entre mim e Ethan, é porque ele anda nos vigiando. Tento pensar em algum modo de me livrar dessa.
- Sou um revolucionario, querida. Eu quero o que é de melhor para nós. Quero que os Conjuradores tomem o lugar que é seu por direito. Nós existimos para comandar, não para nos esconder como covardes. Porquê você acha que somos diferentes e poderosos? Nós somos o que o mundo tem de melhor. Somos os escolhidos. Os humanos deveriam ser apenas os nossos escravos. Eles nasceram para serem mandados, para obedecerem. São simples ralé comparados a nós. - Discursa ele.
- Nós também somos humanos. Você sabe disso. Não somos muito diferentes. Nascemos e morremos do mesmo jeito. Não somos melhores do que eles.
- É claro que somos! Os humanos não sabem tomar decisões. Eles não sabem o que querem da vida e não sabem aproveitar a vida que tem! - Exclama ele dando socos no volante. Pensa, Isabelly, pensa. Tenho que me livrar dele de algum jeito. Depois de muito pensar, surge uma idéia, mas para isso tenho que distrair Jonathan para ele não perceber.
- Por onde você estava? - Pergunto.
- Interessada em minha vida, amor? Cuidado. Posso começar a imaginar que você se importa comigo. - Avisa ele.
- Se não quiser responder é só dizer não. Não precisa criar um discurso pra isso.
- Você anda muito mal-criada, Isabelly. Cuidado.
- Ou o quê? Não tenho medo de você, Jonathan. Se você fosse honrado e deixasse de incluir os meus amigos em assuntos que só se tratam de nós dois, eu teria o maior prazer em acabar com você. - Declaro. Ele ignora o que eu digo e parte para outro assunto.
- Tenho curiosidade, Bella. Por quê o caçador? Tem tantos outros ao seu redor. Porquê ele? O que você quer provar? - Pergunta Jonathan.
- Talvez porque apesar de ele ser um Caçador, é mais honrado que você? Quem sabe? - Indago.
- Nenhum Caçador é melhor do que nós. Ninguém é. - Declara ele. Jonathan me olha intensamente por um momento e diz: - Você seria uma ótima lider. Poderia ser a minha Rainha. Porquê não quis? Sabe, se você me convencer, você ainda pode reinar ao meu lado.
- Não quero ser rainha de nada e nem quero estar ao seu lado. Você ainda não entendeu, Jonathan? Eu odeio você. Esse ódio só aumenta mais a cada dia. Eu jamais ficaria ao lado de uma pessoa que só pensa em si mesmo e só quer destruição. De destruição em minha vida já basta o meu poder. - Explico. Quando ele começa a refletir minhas palavras, eu me concentro. Imagino os pneus do carro e penso: Derreta. Destrua. Quando Jonathan começa a desconfiar que tem algo errado já é tarde demais. O carro começa a derrapar e a perder o controle. Vejo as faiscas que o metal das rodas emitem.
- O que você fez? - É a última coisa que Jonathan diz antes de perder totalmente o controle do carro e ele sair da estrada. O carro bate com tudo em uma árvore. Apago na mesma hora. Parece que dura uma eternidade, mas na verdade durou talvez um minuto.
Acordo com o corpo todo dolorido. Minhas costelas doem e o Air-Bag me sufoca. Tento puxar uma faca que tenho em minha bota e quando consigo agarra-la rasgo tudo, liberando assim o ar para mim. Tem cacos de vidro para todo lado e a frente do carro já não existe mais. Tirando os cortes, arranhões e uma dor imensa nas costelas, parece que saí ilesa. Alguém lá em cima está do meu lado. Obrigado, meu Deus. Agradeço em pensamento. Olho para Jonathan e percebo ele que ele está apagado. Olho sua pulsação. Vivo. Mas está coberto de sangue. O que não garante que ele não vá acordar a qualquer momento. Ele tem tendência a ser muito sortudo. Tento abrir a porta mais ela não abre. A janela está toda quebrada e é por ali que vou ter que passar. Consigo sair com alguns cortes a mais e cambaleante. Várias pessoas estão ao meu redor e uma pergunta se estou bem e avisa que chamou uma ambulância. Não posso ficar aqui. Quando a polícia aparecer não vou ter como explicar. Tento andar e quase caio, se não fosse alguém me segurar. Vários carros pararam e tem várias pessoas tentando puxar Jonathan. Realmente, tenho que sair rápido. É o que eu tento fazer, mas as pessoas não querem deixar. Me sinto zonza e enjoada. Tento empurrar as pessoas, mas elas estão mais forte e tentam me parar. Meu corpo inteiro dói ao ser tocada. Sinto algo molhado em minha cabeça e ao passar a mão ela saí vermelha.
- Preciso ir. - Digo para ninguém em particular.
- Você vai, querida. Deixa a ambulância chegar. - Alguém avisa. Ambulância não. Minha mãe vai ficar louca. Ela não pode saber.
- Não preciso de médico. - Tento os convencer, o que e impossível.
- É claro que precisa! Olhe o seu estado! - Uma voz feminina exclama. Pessoas me rodeiam e me sinto cercada e presa. Não consigo mais respirar. Sinto meu poder querendo sair e destruir. Me sinto como um animal selvagem encurralado. Ouço pessoas discutindo e logo alguém me abraçando. Tento me soltar. O que só me causa mais dor.
- Shh... Calma, Isabelly. Sou eu. - A voz de Ethan diz.
- Ethan? - Pergunto e minha garganta dói.
- Sim. Sou eu. Vou te tirar daqui. - Ele declara. As pessoas tentam impedir. Gritam. Mas ele consegue. Andamos e logo paramos em frente a uma moto. - Acha que consegue? Desculpe mais foi a primeira coisa que encontrei na hora. - Ele pergunta.
- Consigo. - Digo sem ter certeza. Ethan tira a jaqueta e me ajuda a vestir.
- Vamos sair daqui antes que essas pessoas decidam me linchar. Prometo que vou devagar, mas segura firme. - Avisa ele. Em seguida sobe na moto e estende a mão para me ajudar. Aceito a ajuda e subo. Ele pega minhas mãos e coloca ao redor de sua cintura. - Assim. Firme. - Em seguida já estamos na estrada.
- Para onde vamos? - Pergunto.
- Você quem manda. - Responde ele.
- Para qualquer lugar que não tenha pessoas. Não quero ir pra casa agora. - Digo.
- Sei de um lugar. - Declara ele.

ConjuradoresWhere stories live. Discover now