48 - Cansei.

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- Bem-vinda de volta, querida. Como se sente? - Pergunta Gabriella quando finalmente fico consciente. Levanto a cabeça para olhar ao redor e imediatamente fico tonta. Sinto dores por todo o meu corpo.
- O que aconteceu? - Pergunto quando deito a cabeça novamente.
- Você não se lembra? - Pergunta Léo aparecendo ao meu lado. Nego com a cabeça. - Você me ligou pedindo ajuda e aí eu te encontro desmaiada, toda machucada e próxima à um deposito em chamas. - Explica ele. Faço um esforço para levantar e ele vem em meu socorro.
- Cuidado, Izzy. O médico fez o que pode de acordo com a situação. Não sabia se podia te levar no hospital nas condições em que você está. Por isso chamei um velho amigo que é médico e ele prometeu guardar segredo sobre isso. - Diz Gabriella. Após estar sentada olho para o meu corpo procurando ferimentos e encontro três mais graves. Um na minha perna, outro no biceps direito e o último no antebraço, no lugar onde fica minha tatuagem. Ou ficava? Flash's do que aconteceu me vem a mente e finalmente lembro.
- Droga! Tenho que ir pra casa! - Exclamo me levantando. Fico tonta novamente e Léo me impede de cair.
- Nem pensar! Sua mãe vai ficar louca se te ver assim! - Nega Gabriella.
- E precisamos saber o que aconteceu. - Completa Léo me fazendo sentar novamente.
- Vocês não entendem. Preciso saber se ela e Ivory estão bem. Minha mãe nem sabe que eu sai de casa! Ela acha que eu estou dormindo. Aliás, que horas são? - Pergunto.
- São 04:00hs. E não se preocupe. Já falei com Thomas e Tamara e eles garantiram que está tudo bem por lá. Estão preocupados com você. Só não vieram por causa da sua família. - Explica Lia aparecendo da cozinha com uma caneca na mão. - Bebe. Você vai se sentir melhor. - Diz ela me entregando. Bebo a mistura de ervas e o calor aquece meu estômago, mantendo-o assim calmo. - Agora nos conte o que aconteceu. Pode ser importante. - Pede ela. Dou um suspiro derrotado e aceno em concordância. Faço um resumo do que aconteceu. Os três ficam chocados com o ocorrido. Lia fica indignada, Léo fica irado e Gabriella fica horrorizada.
- Vou matar aqueles desgraçados! - Avisa Léo.
- Conta comigo. - Concorda Lia.
- Eles não podem sair impunes. Mas matá-los não vai resolver nada. - Diz Gabriella.
- Matá-los vai resolver muita coisa. - Discorda Léo.
- Vai impedi-los de continuar com isso. - Afirma Lia.
- Concordo com Gabriella. Matá-los não vai adiantar de nada, além de nos tornar assassinos. - Aviso. Os dois irmãos me olham indignados. - Matar só vai nos tornar os monstros que eles dizem que somos. Nós não somos assim. Eu quase os matei. Quase. Por pouco não fiz isso. Só que minha consciência falou mais alto. E mesmo assim ainda me sinto culpada por quase ter seguido adiante. Eu quase me tornei como eles, entendem? Eu não quero isso para mim. Eu não sou uma assassina, eu não sou um monstro. Vocês também não são. Os monstros e assassinos aqui são eles. - Completo.
- E eles vão sair impunes? - Pergunta Léo.
- Na verdade eles devem ter saido com algumas queimaduras de terceiro grau. Então não sairam impunes. - Respondo.
- Isso não é o bastante. - Discorda ele. Suspiro frustrada.
- Olha, Léo, eu sei como você se sente. Sei mesmo. Mas nós não podemos fazer justiça com as próprias mãos. Isso pode causar uma grande guerra. - Aviso.
- Eles já deram o primeiro tiro, Isabelly. - Lembra ele.
- Não quero nenhuma morte pesando na minha consciência. Vocês também não vão querer. - Fecho os olhos tentando esquecer o que quase fiz. As pessoas que quase matei. Por um momento eu gostei da sensação de poder. Me senti incrivelmente poderosa, invencível. O poder realmente corrompe as pessoas. Agora entendo Jonathan mais um pouco. Não estou justificando o que ele faz, mas entendo. Ninguém deve ter tanto poder.
- Não ouse achar que sabe o que eu quero, Isabelly! Essa negação toda é por causa dele, não é? Por um momento eu pensei que você poderia superá-lo. Agora estou vendo que não. Como eu fui idiota por achar que você poderia chegar a esquecê-lo! - Explode Léo.
- Do que você está falando?! - Exclamo.
- Leonardo, olha como fala! - Avisa Gabriella.
- Estou falando do amor doentio que você tem pelo cara que tentou te matar! Ele armou uma emboscada para você, você quase morreu e ainda sente pena dele? Isso é um absurdo! Não achei que você fosse tão masoquista, Isabelly. - Diz Léo em tom de lamento. Olho chocada para ele sem saber o que dizer.
- Você ultrapassou todos os limites, Leonardo! Não achei que você fosse tão baixo! - Exclama Lia.
- Não sou eu que estou caindo tão baixo, Thalia, é ela. Ela só não quer matá-los por causa dele. Por isso ela exita tanto. É sempre ele. Talvez em todas as vezes em que ela estava comigo, era nele em quem pensava. Eu sempre fui a segunda opção. Mas quer saber? Cansei disso. Cansei de esperar que ela me colocasse em primeiro lugar pelo menos uma vez na vida dela. Cansei de esperar que ela sentisse um amor por mim que ela nunca vai ter. É ele e vai ser sempre ele. Mesmo que ele finalmente acabe a matando. - Diz Léo e com isso sai porta a fora. Depois de alguns minutos ouvimos o carro saindo.
- Desculpe por isso. Eu não sei o que deu nele. - Gabriella se desculpa.
- Eu... - Começo a dizer mais não sei como terminar.
- Tudo bem, mamãe. O idiota foi ele. Não é culpa sua. - Lia a tranquiliza.
- Você não tem culpa de nada. - Concordo.
- Leonardo nunca agiu assim. - Lamenta Gabriella. - Ele não deveria ter falado assim com você.
- Tudo bem. Foi muita pressão pra ele, eu acho. Mas eu falei a verdade. Eu só não quero matar ninguém. Não suportaria o peso de ter uma morte em minhas mãos. Não quero isso pra ninguém. Eu não quero que ninguém morra. - Tento explicar.
- Eu sei, Izzy, eu sei. Não quero que ninguém morra também. Acho que Léo só agiu assim por quê não suporta que alguém te faça mal e saia impune. Eu também não suporto isso. Se pudesse fazia todos em picadinhos. - Lia tenta me tranquilizar.
- Ele acha que tem uma dívida de vida comigo... - Comento comigo mesma.
- E não tem? Todos temos. Você salvou a minha vida. - Lembra Lia.
- Lembre-se que em primeiro lugar você só correu risco de vida por minha causa. - Lembro de volta.
- Náh. Isso é um mero detalhe. Outra pessoa teria me deixado pra morrer. - Diz ela.
- Somos muito gratos a você por isso. - Gabriella agradece mais uma vez.
- Isso não justifica Léo achar que tem uma dívida de vida comigo. Nenhum de vocês tem. Amigos não tem esse tipo de dívida uns com os outros. Amigos ajudam uns aos outros independente de qualquer coisa, sem esperar nada em troca. Vocês não me devem nada. - Aviso.
- Esquece isso. O que importa é que meu irmão se importa com você pra cacete e só queria ter impedido que isso acontecesse. Ele não quer te ver machucada. Nenhum de nós quer. - Diz Lia.
- Olha a boca, Thalia. - Repreende Gabriella.
- Desculpa. É força do hábito. - Lia se defende.
- Eu também não quero ver nenhum de vocês machucados, e nem por isso os trato como se fossem feitos de porcelana. Léo me trata assim. Ele tem que lembrar que em primeiro lugar fui eu que procurei encrenca. Eu fui até aquele armazem ciente de que poderia ser uma enrascada. - Explico.
- Nós sabemos. Depois você o lembra disso e vocês se entendem. - Diz Lia. Ela não soa convincente nem pra ela mesma.
- Isso não vai acontecer. Nós três sabemos que Léo não vai voltar atrás com o que disse. Não vou nem tentar fazê-lo mudar de idéia. Não por causa do que ele disse. Ethan e eu somos um caso totalmente diferente. Não vamos ficar juntos. Eu não sou louca de me apaixonar pelo cara que tentou me matar. Não sou masoquista como Léo pensa. O assunto que temos para resolver é outro. Não vou fazer Léo mudar de idéia, porque nosso relacionamento não vai para frente desse jeito. Eu não gosto que me tratem como boneca de porcelana e ele vai sempre tentar ser meu herói. Não que eu ache isso ruim. É fofo. Mas eu não sou o tipo de garota que espera sentada para ser salva. Eu prefiro me salvar sozinha. Ele nunca vai aceitar isso. Nós dois temos complexos de heróis. Se continuassemos juntos, iamos sempre ter esse tipo de discussão. O relacionamento ia se desgastar e no final iriamos nos separar do mesmo jeito. A diferença é que a decepção e a dor ia ser maior. - Concluo.
- Tem certeza disso? - Gabriella e Lia perguntam juntas.
- Tenho. E de qualquer maneira, eu vou viajar. - Afirmo.
- Viajar? - Indaga Gabriella.
- Sim. Tenho umas coisas para fazer na Itália. São coisas importante. Vou só terminar as provas desse semestre e quando as férias começarem eu viajo. Só tenho mais essa semana por aqui. - Explico.
- Léo já sabe? - Pergunta ela.
- Não. Eu ia contar amanhã. Ou melhor, hoje. Se ele estivesse disposto a esperar que eu voltasse, eu aceitaria o pedido de namoro dele nas voltas as aulas. - Respondo com um sorriso triste.
- Eu lamento tanto! Já te considero da família. - Lamenta ela.
- Promete que vai continuar sendo a minha irmã? - Pede Lia.
- É claro que eu prometo, bobinha! - Dou um abraço nela ignorando as dores pelo meu corpo.
- Você vai ficar bem com tudo isso? - Pergunta Gabriella. Sei que ela está se referindo a Léo.
- Vou. Quando estou focada em um objetivo, não penso mais em nada. Vou ter muita coisa para resolver. - Respondo.
- Pode deixar que eu quebro a cara de Léo por ser um idiota. - Afirma Lia.
- Não faz isso. Ele tem uma cara muito bonita. - Brinco.
- Você gostava dele, não gostava? Meu menino não sentiu tudo sozinho, né? - Pergunta Gabriella.
- Eu ainda gosto. Ele é muito importante para mim. Mesmo sendo idiota. - Respondo.
- Bom. Muito bom. - Diz ela aliviada.
- Agora eu preciso ir para casa. Se minha mãe acordar e não me encontrar vai ficar louca. Você me leva? - Pergunto a Lia.
- Nós duas te levamos. - Responde Gabriella.
- Obrigada. - Agradeço a abraçando. Lia me empresta umas roupas dela que cobrem todo o meu corpo, assim minha mãe não vai ver meus machucados e nós saimos.
- Vai falar o que pra ela sobre os ferimentos? - Pergunta Gabriella quando já estamos na estrada.
- Não vou deixar ela ver. - Respondo.
- Você consegue evitar? - Indaga ela.
- Consigo. Já escondi ferimentos dela antes. O bom de ser um Conjurador é que não ficam cicatrizes. - Comento.
- Mas eles são muito profundos e você perdeu muito sangue. O doutor ainda fez um transplante, mas você ainda está fraca. - Lembra ela.
- Eu vou tomar cuidado. Falando nisso, esse doutor é realmente confiante? - Indago.
- É sim. Ele sabe sobre nós. Já o conheço à algum tempo. Ele não vai contar para ninguém. A sobrinha dele é uma Conjuradora também. - Explica ela. Lia bufa.
- Eu vi como ele ficou todo alegrinho pro seu lado, mãe. - Comenta ela. Gabriella cora e eu rio. O que causa algumas dores, mas eu as ignoro. Sou acostumada a fazer isso.
- Você está vendo coisas aonde não existe, Thalia. - Diz Gabriella.
- Arrã, sei... - Lia fala desconfiada. Vamos o restante do caminho com as carrancas dela.
- Está entregue. - Diz Gabriella parando três casas antes da minha. - Nós ficamos olhando daqui até você entrar.
- Obrigada. Por tudo. - Agradeço-as.
- Não foi nada. Amigos ajudam uns aos outros, não é mesmo? - Ela repete minhas palavras. Sorrio em concordância.
- Posso vir dormir com você essa noite e todas as noites até você viajar? - Pergunta Lia.
- É claro. - Concordo animada.
- Eba! - Comemora ela feito uma criança. - Eu posso, mãe?
- Claro. Vou ficar até mais aliviada. Mas não saiam de dentro de casa durante a noite. E de dia sempre acompanhadas. - Avisa Gabriella.
- Deixa com a gente. Vou ser sua enfermeira particular, Izzy. Vou até vestir um uniforme! - Exclama ela.
- Menos, Lia. - Digo rindo.
- Menos nada! Temos é que aproveitar. - Diz ela.
- Tudo bem, maluquinha. Mas lembre-se que só vou passar um mês lá. Eu vou voltar. - Lembro.
- Melhor você entrar logo, ou eu te seguro aqui até sua mãe acordar e surtar. - Diz ela.
- Isso mesmo. Me expulse. - Brinco enquanto saio do carro.
- Bom dia, dramática. Se cuida. Eu te amo. Qualquer coisa me liga. Você tem quatro horas para dormir antes que eu apareça. - Avisa ela.
- Como você é má. Eu também te amo. Vão com cuidado. Eu poderia falar para vocês me mandarem um SMS quando chegarem, mas meu celular virou churrasquinho. Minha mãe vai surtar com isso. - Lamento.
- Aqui. Fica com o meu por enquanto. Se negar eu te mato. Nos matenha informadas que faremos o mesmo. Beijos. - Diz Lia. Pego o celular, e vou me esgueirando em direção a minha casa. Elas ficam o tempo todo me olhando. Chego embaixo da minha janela, dou um tchauzinho pra elas e escalo a árvore que me ajudou a sair. Entro pela janela o mais silenciosamento e possível e quando estou fechando-a uma mão cobre minha boca.
- Melhor ficar quietinha.

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P.S: Espero que a espera tenha valido a pena para vocês. Avisem qualquer erro.
Beijinhos da Izzy :*

ConjuradoresWhere stories live. Discover now