MOL | 002

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"Shot me out of the sky, you my kryptonite
You keep making me weak, yeah frozen and breathe."- One thing

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Phoebe Moon

Eu estava ouvindo direito? Eu não quero ir com ele, não quero! Não quero criar expectativas e cair de um precipício como quando ele nos abandonou, quem me garante que ele não voltará a fazê-lo? Eu não vou, ele não me manda.

- Tu nem penses que vou, não quero.- ele passa as mãos no cabelo e bufa. Mas que parvo, eu vou ficar aqui com a supoltura dos meus pais, ao contrário dele não vou abandoná-los.

- Eu não estou pedindo, por tanto vais e ponto final.- ele encolhe os ombros, será que ele não percebe que é um desconhecido, eu não sei quem é aquele rapaz, o meu verdadeiro irmão nunca seria capaz de me abandonar.

Será que estou sendo egoísta? Ele é que foi o inteligente da história, fugiu da vida miserável que tinha aqui e nunca mais voltou para ela, devia estar feliz por ele? Mas e nós? Ficamos aqui morrendo cada dia sozinhos.

- Tu não me mandas!- grito e saiu da cama. Abro a porta da casa de banho e tranco-me, o meu estado está pior do que nunca, de onde eu vim? Eu só quero que isto tudo acabe e que finalmente seja feliz, já que nem sei o que isso é.

- Tu vens e acabou-se!- ele grita por detrás da porta.- Vou falar com a Gemma e quando voltar quero-te pronta!

Desde quando ele se tornou tão mandão, não terei escolha? Eu não quero, mas sendo franca, deve ser o melhor.

Gemma? É a mulher dele? Ele abandonou-nos por causa dela, só vou me controlar para ser simpática apesar de já nem gostar dela. Mas também não arrumo nada, vou mesmo assim. Presumo que viajamos só depois de amanhã, ou amanhã a tarde, depois do funeral do pai, meu querido pai.

Saiu da casa de banho após minutos de reflexão intensa, tiro aquela bata estranha e agito as minhas roupas, passo pelo corredor mas nem sinal do meu irmão.

Ele ainda não voltou mas ele disse que voltava. Tenho de ser mais segura comigo mesmo, não preciso dele para viver. Ele não me quer mesmo, ainda bem. Procuro na sala do meu pai, já não estava mais ninguém, lembro-me de o ver nas máquinas que já foram desligadas, solto um longo suspiro e saiu

Sento-me numa cadeira qualquer e acariciu os meus braços, está frio aqui dentro. Olho para o chão, já lá foi tudo, agora sou eu a fazer a diferença. Vou batalhar para mudar e viver uma vida melhor, não vou contar com mais ninguém.

- Já estás aqui?- olho na direção da voz que surgiu, era o meu irmão com um tabuleiro de comer, ele sorri, afinal não deixou-me outra vez. Talvez ele queira mesmo o meu bem.

- Vim apanhar ar, quero sair daqui.- levanto-me e espero pela sua resposta demorada, parecia um pouco atrapalhado.

- Eu-u trouxe...- limpa a sua garganta.- Tens de comer.- ele eleva um pouco o tabuleiro chamando a atenção, eu não quero, nem vale a pena insistir.

- Não, não tenho fome. Agora vamos?- pergunto impaciente e ele senta-se ignorando o meu pedido, será difícil perceber que eu quero sair daqui?

- Ou comes ou comes, não tens outra escolha.- ele começa por comer, se bem me lembro ele sempre foi um animal a comer, então agora que o deixo comer o meu ele não quer? O juízo.

- Quando é que ficaste assim?- pergunto sentando-me ao seu lado também agarrando num croissant e comendo, ele franze a testa com um na boca, aquela imagem foi engraçada.

MIRROR OF LIFEWhere stories live. Discover now