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Phoebe Moon

- Phoebe, sabes onde está o Harry?- a Gemma pergunta assim que entro na cozinha, passei a tarde na casa do Ewan visualizando o novo filme de comédia romântica.

- Pensava que ele estava em casa.- não quero preocupar-me mais com o Harry, a última vez que fiz isso acabei com os meus pés torcidos.

- Vocês sairam às cinco?- a Gemma perguntou olhando para o relógio.

- Não, foi às cinco e vinte e cinco.- agarro no meu ropão, estou desejando um banho quente a mais de três horas, sou capaz de qualquer coisa por um.

- É quase a mesma coisa.- ela dá de ombros.- Não percebo porquê que ele ainda não chegou.

A Gemma continua o seu discurso de irmã preocupada enquanto eu vou para o banheiro.

Subo as escadas e oiço o trinco da porta, por momentos pensei que fosse o Harry, mas é o Marcus.

- Hey!- volto a descer as escadas para abraçar o meu irmão, ultimamente ele tem andado cheio de trabalho e por isso nunca mais falámos a modo.

- Hey, princesa... Como estás?- ele diz e passa as mãos pelos meus cabelos. Pode ser impressão minha, mas ele parece abatido.

- Princesa? Mas pensas que estás a falar com a tua irmã?- tento usar a minha ironia, mas ele simplesmente sorri e sobe... O Marcus teria uma resposta na ponta da língua.

Ignorei a possibilidade de poder haver algum problema com ele e subi para tomar um banho.

Deixei a água quente percorrer os meus músculos e esfreguei todo o meu corpo com gel de duche, quando acabei o meu banho sentei-me numa das pontas da minha banheira e deixei o chuveiro no ar alcançando a minha cabeça, este vai ser o momento relaxante do dia, e nen quero pensar em amanhã.

O dia dos meus anos...

O primeiro ano sem os meus pais...

O primeiro ano fora de Chicago...
O primeiro ano em que eu não quero festejar...

Seria horrivel eu passar o meu dia dos anos como se fosse outro qualquer, isso seria devastador, quero que o meu irmão me dê os parabéns, isso só iria provar que ele lembravasse de mim mesmo estando longe.

De todas as coisas possíveis e imagináveis, eu queria poder conhecer a minha mãe, nunca descobri como era o seu toque ou o seu beijo, ela morreu segundos depois de eu nascer e quando era mais nova o meu pai dizia que a minha mãe foi para o céu para ficar a olhar para mim lá de cima e conseguir assim acabar a missão que tinha, deixar uma princesa linda neste mundo.

É claro que a minha maneira de pensar agora mudou, sei que a minha mãe morreu mas mesmo assim continuo a pensar que ela tinha uma missão, essa missão era deixar-me aqui fazendo com que tudo corresse bem mas não foi bem assim... Agora o meu pai está com ela a olhar por nós. Só queria voltar a abraçá-los. O que me custa mais é saber que nunca mais os ver ver.

Acabo o banho e visto um pijama decente, com este tempo daqui acabei por deixar os shorts e optei por umas calças mais quentes, não há quem suporte este tempo da Europa.

Preparo a minha cama e fecho as cortinas. Algo chamou a minha atenção e dou uma espreitadela. O céu está cheio de estrelas e não consigo deixar de pensar que as duas que brilham mais são os meus pais. Amanhã faço dezasseis anos e só espero que eles estejam orgulhosos daquilo que sou.

Aceno para o céu e percebo uma lágrima intrometida a descer pela minha boca, limpo-a e desço para comer.

A Gemma e o Marcus já estão na mesa a comer e espanta-me que eles não me tenham chamado, além disso as moscas estão a gritar com este silêncio todo.

MIRROR OF LIFEOnde histórias criam vida. Descubra agora