Acostume-se

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Neymar me olhou animado ainda segurando na minha mão e virou para a irmã de novo.

— Não, pô! -ele riu- é minha amiga, só! Maya, Rafaella, Rafaella, Maya! -eles nos apresentou e ele deu dois beijinhos nas minhas bochechas.
— Prazer! -sorri tímida.
— Prazer, meu bem! -ela retribuiu o sorriso.
— Bom, pai disse que eu estava atrasado. Então vamos subir, né?

Ele puxou minha mão para dentro do prédio e a Rafaella nos seguiu mas logo se sentou num local qualquer e eu e ele subimos de elevador.

— Eu não vou atrapalhar? -perguntei insegura.
— Em que você poderia atrapalhar? -ele apoiou suas mãos no meu rosto levantando meu olhar para ele.
— Eu não sei... sua família nunca nem me viu. E você sabe o que eu sou...
— Você é uma garota linda, só isso! Agora vamos.

Ele me deu passagem e eu sai do elevador e ele em seguida, entramos numa sala qualquer, era uma sala enorme. Parecia aquelas de reuniões importantes, um homem se virou para nós e eu pude notar que era o pai do Neymar, era cara de um, focinho de outro.

— Uma hora e meia atrasado. -o cara disse firme e em seguida me fitou.
— Da um tempo porque eu vim para férias!  -Júnior se jogou no sofá e me fez sentar também.
— Não é assim, Júnior. Você tem deveres! Quando você vai criar responsabilidade? -ele estava nervoso? 
— Pai, essa é a Maya -ele ignorou o que o pai dele havia dito- Maya, esse é o meu pai.
— Prazer! -o cumprimentei e ele sorriu mas logo voltou com a cara de puto.
— Olha, você tem quer assinar esses papéis, é patrocínio novo. -ele jogou uma caneta em cima dos papéis que estavam na mesa e o Neymar se levantou em seguida para assiná-los.
— É só isso? -o Ney disse com simplicidade e meio que esnobando tudo aquilo.
— Vi que você fez uma tatuagem nova. Quando vai parar com isso? -que cara chato da porra.
— E ae pai, eu já sou adulto! -o Neymar juntou as sobrancelhas.
— Vai ficar horrível quando ficar mais velho, você e sua irmã só pensa no hoje.
— Mas tem que ser assim! -ele zombou do pai, incrível como aquele moleque era debochado.
— Vocês já almoçaram? -o pai dele me olhava.
— Já, quer dizer... café da manhã conta como almoço? -ele me olhou e rimos.
— Vocês jovens viu... -ele revirou os olhos.
— Pai, preciso levar ela pra casa, mas já volto tudo bem?
— Tá bom. Mas volta logo, Júnior. Tá cheio de coisa pra fazer aqui...

Nos despedimos e saímos do prédio e entramos no carro.

— Você vai me levar pra casa? -perguntei confusa.
— Foi só pra despistar ele. Pleno sábado e eu trabalhando! -ele passou de macha.
— Deve ser foda... -comentei observando as coisas pela janela do carro.
— Você ficou tão nervosa... -ele riu.
— Para! É estranho -comecei a rir- eles sabem que eu não sou sua amiga.
— Não quer ser? -ele me olhou.
— Bom -engoli em seco- quero né... mas você, você sabe...
— Sei do quê?
— Da minha profissão. -sussurrei com vergonha.
— Isso pra mim não é problema, pra mim você é uma guerreira depois da sua historia. -ele deu de ombros.
— Ah, valeu! -sorri.

"Então se acostume comigo chegando
Todo dia
Acostume comigo por perto
Só para ver seu rosto
Não vai existir momento
Que eu não vou precisar do seu suporte"

Ele cantou me olhando, sorrindo com sinceridade. Seus olhos brilhavam para mim e aquele trecho de música que eu já guardava a sete chaves fez meu peito encher. Ele era tão lindo, tão meigo... então eu continuei

"Acostume-se comigo te tocando
Acostume-se comigo te amando
Oh, acostume-se, aye"

Ele me olhava sorrindo e depositou a mão na minha perna. Eu estava tão feliz, eu era outra pessoa ao lado dele, estava conhecendo alguém diferente. Ele era um sonho para qualquer garota.

— Pra onde estamos indo? -perguntei curiosa.
— Você sabe que eu também não sei? -ele riu- é difícil sair aqui no centro, qualquer coisa vira tumulto.
— É ruim ser famoso?
— Ter uma grana e ser conhecido é legal, sim. Mas as pessoas não sabem o significado das palavras "limite" e "privacidade" -concordei com a cabeça- podemos ir para a sua casa... não que eu queira algo -ri com ele se explicando- é que lá a gente vai poder ter privacidade e provavelmente sua amiga vai estar lá, vai ser legal.
— A Júlia? -ri debochada- aquela quenga é muito retardada. Ela não vai parar de te encarar, não estranha!
— Já estou acostumado! -rimos.

Ele buscou o meu endereço no Waze e partimos para a minha casa. Eu rezo para que a Júlia tenha arrumado a casa, meu quarto principalmente, quando ela se empolga na faxina e na música ela limpa até o teto. Lá era assim, ela limpava e eu cozinhava. Não demorou para chegarmos em casa, eu morava no Brooklin, um bairro considerado nobre e ficava na capital então era fácil de chegar. Subimos até o 14º andar nos direcionamos ao apartamento 77, abri a porta e já entrei gritando pela Júlia.

— Calma menina eu já esto... -ela ficou paralisada com o Neymar dentro de casa.
— Não precisa desmaiar, Júlia! -estalei os dedos na frente do rosto dela para ela acordar do transi.
— Oi!! -Ney riu e a única reação da Júlia foi pegar no meu pulso e me puxar para o quarto mais próximo que era o dela.
— O que esse cara tá fazendo aqui? -ela perguntou com os olhos arregalados e sussurrando.
— Ainda restam... -olhei no meu relógio- 2 horas. E não temos para onde ir!
Motel? -ela disse indignada.
—  A gente não quer transar mais. Me deixa Júlia, e aja naturalmente.

Sai do quarto largando ela lá e sorri com vergonha pro Neymar que ainda estava em pé observando a sala.

— Ela é meio biruta. -chamei a atenção dele ao falar.
— Percebi! -rimos.
— Quer conhecer o apê? -ele concordou.

Mostrei o resto da minha sala com a cozinha americana, mostrei a varanda, a área livre, o banheiro e por fim meu banheiro.

— Puta merda...
— Pelo o que vejo, você fez uma pequena bagunça para sair comigo hoje. -ele zombou de mim.
— Para de ser idiota. A Júlia não arrumou, que ódio.
— Não é obrigação dela. -ele se jogou na pilha de roupa que estava na minha cama.
— Olha que garoto folgado!!!
— O sujo falando do mal lavado -ele revirou os olhos.

Peguei um monte de roupa e soquei no armário, eu contrataria uma diarista pra resolver isso pra mim.

— Temos uma hora e meia juntos, o que quer fazer? -perguntei.
— Podemos ver um filme -ele estava se ajeitando para deitar na minha cama.
— Neymar, um filme é mais que uma hora e meia.
— Deixa, a gente não vai assistir mesmo. -ele deu de ombros e me puxou para deitar em cima de si.
— Nunca trouxe clientes para minha casa... -falei relando minha boca na dele.
— Eu não sou mais cliente!

Sem aviso prévio ele me beijou com selvageria e eu me entreguei, sua língua brigava com a minha e sua mão acariciava o meu cabelo. Eu não sei porquê, mas a música que ouvimos no carro tomou conta da minha cabeça de novo e o beijo ficou mais intenso e devagar, parecia que ele estava pensando o mesmo que eu, ou lendo meus pensamentos.

Acostume-se comigo te tocando
Acostume-se comigo te amando.

[N/A] Música que usei nesse capítulo: Get used to it - Justin Bieber 💕

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐎𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐁𝐑𝐀𝐈𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Where stories live. Discover now