Véspera de Natal

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— Júnior! Se arruma logo, ou eu vou quebrar seus dentes! -gritei irritada.
— Calma meu anjinho -ele gargalhou.
— Meu, você inventa caralho de surpresa e fica enrolando, sabe que comigo essas coisas não funcionam!
— Bicho... eu cheguei seis da manhã... to tentando dormir só mais um pouco... por favor... VOCÊS PODEM COLABORAR PORRA?

Olhei pra cara da Julia e ela quase cuspia fogo.

—Você ainda tá na prostituição porque quer! -dei de ombros.
— Quem disse que foi pra prostituição sua vadia?

Ela bateu à porta do quarto e me deixou lá com a maior cara de interrogação.

— Ela saiu com o Gil! -Júnior apareceu incrivelmente lindo na sala.
— Ah!!! Tá explicado... mas por que não dormiram juntos?
— Você conhece os dois, Maya! Não querem envolver sentimentos e ficam nessa putaria.

Observei ele pegar as chaves do carro.

— Finalmente! -ergui minhas mãos agradecendo.
— Fica quietinha se não, não tem surpresa nenhuma!

Os dias se passaram, e passaram com pressa! Estávamos no dia 24 de dezembro. E meu namorado tinha um presente de natal adiantado pra me dar, não me pergunte o que era. Porque esperei muito pra esse dia chegar.

Nossa relação era incrível, vivíamos juntos e ele dormia pelo menos duas ou três vezes na semana na minha casa, já que eu ainda não tinha contato com a família dele por ter medo... Rafa já estava totalmente íntima de mim mas só de pensar na Nadine e no Neymar eu me tremia por completo... Júnior diz que eu deveria parar de frescura, mas não é bem assim. Nadine me procurou varias vezes depois da perda da minha pequena mas sempre evitei.

Falando na Stella... doei o berço dela pra uma família carente. Roupas que ganhei e cobertores que comprei. Deixei apenas a primeira roupinha que comprei e os presentes. Incluindo o urso maior que eu que o pai dela havia comprado. Não, não superei e jamais irei superar. Mas foi um enorme avanço!

— Amor, promete não me matar?
— O que você vai fazer, Neymar da Silva Santos Júnior? -o olhei brava.
— Eu amo meu nome completo, mas quando você fala da arrepio na espinha.
— Júnior porque você tá me vendando?
— Mor, não tira... nós já estamos chegando. E não quero que seja uma surpresa idiota! Só confie em mim.

Escutei ele e fiquei calada esperando a merda acontecer. Senti o carro voltar a se locomover e confesso que minha mão estava gelada e eu estava desesperadamente ansiosa.

O carro parou. Fiquei intacta. Júnior abriu sua porta, em seguida a minha. Com cuidado ele me tirou do carro e me guiou até um lugar.

— Fiquem quietinhos, pra ela não saber de vocês! -Ju disse sussurrando.

Droga, eu ia ganhar um cachorro? Ele vai me dar um Golden que eu tanto implorei? Meu deus um filhotinho de Golden!!! Eu vou chorar!!!

— Pode tirar a venda.

Uma casa bonita estava na minha frente, e dois meninos estavam na frente dela sorrindo pra mim. Eles eram iguais, loiros e olhos negros.

Cabelos loiros e grandes, caiam como uma franja e aquele loiro lembrava minha mãe. O nariz também... meu corpo se arrepiou por completo mesmo não tendo a certeza se aquilo era aquilo que eu pensava.

Me aproximei dos garotos e me agachei pra olhar cada detalhe. Algo que só eu sabia e que nunca saia da memória, era a pinta que meus irmãos tinham no rosto quando tinham três anos.

E lá as pintas continuaram.

A essa altura eu não enxergava nada, as lágrimas não me permitiam mais. Esfreguei minha mão no meu olho e olhei pro Júnior.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐎𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐁𝐑𝐀𝐈𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Onde histórias criam vida. Descubra agora