Eu amo você

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— Eu não quero saber de você, você não já estragou minha vida o bastante? Não está satisfeito? -o olhei incrédula.
— Mas quando eu te disse que você não seria de ninguém, você deveria levar a sério.
— Neymar. Você não tem poder sobre mim, eu e você estamos mortos e bem enterrados!

Com um movimento rápido, sem eu esperar ele me empurrou pra parede chocando minhas costas no concreto gelado, me machucando.

Jamais diga isso novamente, jamais Maya. Você é minha. E de mais ninguém!

Ele gritava comigo e me fazia chorar, seu olhar saia faíscas e eu só queria fugir.

Você perdeu sua chance, Júnior -funguei o choro- eu sou apenas do Arthur agora!
— Então seria horrível eu te dizer que seu namorado acaba de voltar com sua ex noiva?

— Maya? Tudo bem com você? -Arthur me cutucava.
— Ah, eu estou! Estou bem! -pousei minha mão na minha testa e eu estava suando.
— Você gritava ex noiva... isso não tem nada a ver sobre mim, é?
— Arthur, só deite! Vamos dormir, tá tudo normal. Estou bem!

O empurrei para que ele deitasse de volta. Mas por dentro eu queria gritar, que merda de pesadelo era aquele? Meu Arthur voltando pra sua ex? Que merda era aquela? E o Neymar? Gente mas que merda foi esse sonho?

Tentei focar em pegar no sono novamente. Os dias passaram como um furacão e agora eu encarava meu vestido que eu iria usando na festa do Jota... sim, amanhã ou na verdade, hoje era o dia.

Eu não estava pronta pra encarar Nadine, Rafaella, pai do Neymar e o próprio Júnior num dia só durante horas... quer dizer, todos me odiavam ali. Todos me queriam ver longe, apenas Jota ainda acreditava na minha bondade -que sempre existiu- e por isso o tenho como melhor amigo.

Se não fosse pelo Arthur eu nem levaria presente, no máximo uma camiseta de uma boutique qualquer, mas Arthur me ajudou com o dinheiro e compramos um relógio.

Você acha que eu gostei da ajuda? Não. Nem um pouco! Eu não sai do Brasil pra ser bancada. Na verdade... eu sai sim. Mas só pelo Júnior, não por outro.

— Você comentou que eu nunca disse que te amo um dia desses...

Arthur falou bem próximo ao meu ouvido e pressionando nossos corpos um contra o outro mais. Sua voz estava abafada e sonolenta.

— Sim?
— Eu amo você.

Ele me abraçou mais e beijou meu pescoço. Engoli seco e tentei manter meus batimentos nos seus lugares me virei pra ele devagar e ele dormia calmamente.

Respirei fundo e agradeci aos céus por não precisar responder aquilo, eu não estava pronta. Não pra falar isso de novo! Depois do Júnior eu queria demorar mais uns vinte anos pra dizer de novo.

Forcei meus olhos a procurarem o sono de novo e não demorou pra eu estar sonhando novamente.

— Te pego aqui as oito, pequena! Tenha um bom dia!

Arthur selou minha bochecha com um beijo molhado e saiu correndo pro trabalho. Saudade sair atrasada pra algum trabalho, não aguento mais esse fardo de desempregada. Porque a única coisa que faço agora é dormir e limpar a casa.

Me levantei me rastejando e já se passavam das dez da manhã. Dei de ombros e abri a geladeira procurando algo bom nesse muquifo, comi algumas besteiras, perambulei pela casa e senti falta da Julia.

— Tá me ligando pra quê?
— Estupida! -revirei os olhos.
— Brincadeira, nenê! -ela gargalhou- como vai o sapao de olhos azuis?
— Bem! Acabou de sair pro trabalho...
— Por que eu sinto cheiro de futuro maravilhoso com dois filhos e um cachorro, de preferência raça labrador?
— Você voltou a usar maconha, Julia? Incrível. É só eu sair de perto que você começa. Aposto que o síndico já subiu aí por causa do cheiro.
— Do que você tá falando maluca? Eu tô limpa! Quer dizer, só aqui dentro de casa! -ela gargalhou- mas é sério, vocês formam um casal tão lindo, que eu só consigo imaginar isso.
— Seria ótimo se meu coração pensasse o mesmo. -resmunguei.
— Que?
— Julia, você voltou mesmo pra essa porra?
— Garota não é fácil superar a solidão desse apartamento. E calma, você não vai mudar de assunto! -ela berrou do outro lado do celular.
— Arthur disse que me ama ontem.
— Meu amor, qual foi a mandinga do João bidu que você fez? Já é o segundo cara se declarando pra tu em dois meses!
— Seria uma pena se eu não sentisse o mesmo...
— Você tem que comer o pão que o capeta amaçou mesmo, bicho. Não te entendo! Você matava pelo Neymar e o cara só te pisava. E agora que apareceu um cara legal você fica aí, de mimimi.
Eu não tô pronta pra outra, tá legal? -gritei- não é como amassar tudo o que eu vivi com o Junior como um pedaço de papel e jogar fora pra viver com outro homem. As lembranças me segue todos os dias!
—Pensa aí no que tu tá me dizendo.

Ela desligou o telefone na minha cara e eu senti meu sangue fritar de raiva.

NEYMAR JÚNIOR ME DEIXE VIVER EM PAZ!!!!!!!!

— Você está uma verdadeira rainha nesse vestido!

Arthur me elogiava me olhando pelo reflexo do espelho grande do meu quarto enquanto eu colocava meus brincos.

— Para, eu nem caprichei tanto. Nem queria mesmo ir...
— Eu tô achando que você ficou depressiva desde que perdeu seu emprego. Você só quer ficar intocada nesse seu ninho vendo TV... -ele me abraçou por trás.
— Eu sempre fui assim! -revirei os olhos.
— Seu Instagram te entrega!

Ele se afastou e eu o olhei surpreendida por ele me stalkear.

— Você anda vendo o que não pode na internet, garotinho! -joguei meu batom na minha bolsa.
— O que? Suas fotos antigas vestida como uma prostituta indo para baladas?

Engoli em seco.

— Eu só agia feito uma pré adolescente! Foi assim que eu conheci os amigos do Jota!
— Os amigos do Neymar, na verdade... -ele cruzou os braços e me encarou.
— Cacete! Me pegou pra Cristo mesmo hoje, em?
— Vamos dar o fora logo, vai...

Ele pegou na minha mão e saímos do apartamento em direção ao estacionamento. Ele ficou me olhando no elevador e eu me senti intimidada.

— Perdeu alguma coisa?
— Nada! -ele me beijou e saiu andando.
— Insuportável! -revirei os olhos.
— Entra no carro logo garota saci!

Observei a cidade iluminada e movimentada por adolescentes rindo, bebendo e entrando em baladas... isso me lembrava o Brasil. Julia com certeza nesse momento está se arrumando pra mais uma noitada com alguma parceira de trabalho e eu indo ver meus inimigos numa festa idiota. Desculpa, Jota!

— Tá legal? -Arthur pousou sua mão em minha coxa e intercalava seu olhar pra mim e pra estrada.
— Estou bem! -sorri de leve.

Paramos o carro de frente a boate e o manobrista apareceu se oferencendo para fazer seu trabalho e nós saímos do carro.

Que comece a palhaçada.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐎𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐁𝐑𝐀𝐈𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Where stories live. Discover now