Fim do mundo

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Neymar: Tá afim de sair comigo hoje?

Maya: Eu? Você com certeza mandou mensagem pra pessoa errada.

Neymar: Não, tenho a mais plena certeza que mandei pra pessoa certa, mas pelo o que eu vi...

Neymar: Essa pessoa não tá afim.

Maya: Claro que estou! Pra onde vamos?

Neymar: Não sei... talvez... tomar um sorvete?

Maya: Ok, que horas?

Neymar: 15hrs, saio do treino e te busco!

Maya: Tudo bem!

Neymar: Até mais princesa!

Bloqueei a tela do meu celular e me encarei no espelho logo à frente, eu sorria como uma patética. Neymar estava se entregando e eu me afogando no nosso oceano de amor, nunca senti isso antes... mas estava feliz por sentir.

Terminei de arrumar meu quarto no maior humor, dançava e cantarolava sozinha. Comecei a me arrumar uma hora antes, o tempo estava gelado porém com sol. Coloquei uma roupa comum e desci, já era quinze horas.

— Vai onde? -Gil me perguntou enquanto assistia TV.
— Sorveteria... com o Júnior. -me sentei no sofá um pouco longe dele.
— Entendo. Não que isso me importe, só perguntei porque você é nova aqui.
— Saquei...

Assenti calada e me arrumando no sofá. Fiquei desconfortável estar só eu e ele na sala, o olhei por alguns segundos e ele teclava em seu celular.

— Por que fez isso comigo e com o Junior? -ele me perguntou do nada.
— Isso o quê? -o olhei indiferente.
Isso, Maya! Transou com ele, comigo... fez nós dois brigar e agora vai morar de baixo do mesmo teto e pra melhorar, vão tomar sorvete juntos por aí.
— Olha, fala baixo! Você que veio atrás de mim, que mentiu sobre ele não estar na balada aquele dia. Eu apenas fiz meu trabalho e o Júnior está consciente disso.
— E enquanto a morar aqui? Você não cansa de fazer furacão na vida das pessoas? -ele lambeu os lábios.
— Eu não fiz furacão na vida de ninguém, simplesmente estou devolvendo na mesma moeda o que o Júnior fez comigo. Agora da licença que ele já chegou.

Júnior não tinha chegado ainda, mas me levantei com pressa da sala e tremendo, Gil realmente me enquadrou, tocou em assuntos desagradáveis que não me deixam confortáveis.

Eu não fiz furacão na vida de ninguém, não sou culpada nisso. Na verdade na relação dele com o Junior, ele foi o culpado por ter ido atrás de mim. E eu não neguei porque precisava do dinheiro, mas confesso que eu descontei minha raiva do Júnior nele.

— Mah!!! -ouvi alguém gritar.
— Ah! Você chegou! -sorri.

Junior parou o carro na frente da casa, e eu estava pro lado de fora. Então apenas entrei no carro e coloquei os cintos.

— Não vai me cumprimentar? -ele me perguntou ainda com o carro parado.
— Ah! -beijei sua bochecha.
— Maya, é assim que me cumprimenta.

Ele segurou meu rosto e selou nossos lábios por cinco segundos.

— Eu realmente não esperava! -sorri.
— Você tá bem? -ele deu a partida.
— Estou... -mentira.
— Não vai perguntar se eu estou bem?
— Você tá, tá bem? -perguntei sem graça.
— Viu? Se você estivesse bem, iria me responder mais empolgada e iria fazer essa pergunta a seguir. -filho da mãe!- agora conta, o que aconteceu?
— Nada, Júnior! -olhei pro lado de fora pra não encara-lo.
— Você vai mentir até quando? -senti sua mão gelada pousar em minha coxa.
— É que o Gil, ele me pressionou agora a pouco... sobre nós três. Me culpou... mas eu reverti o caso, até porque, eu não sou culpada!
— Filho da puta... sabia que ele ia fazer isso! Conversamos, mas ele ainda não engoliu que você é minha.
— Neymar, eu sou um furacão na sua vida? -o olhei.
— Que? -ele riu.
— Você me entendeu.
— Você é um furacão, um tsunami, um vulcão em erupção, você é o fim do mundo por completo Maya!

Meus olhos arderam, eu queria chorar. Eu realmente estava fazendo mal pra aquela família, eu não agregaria em nada, não ganharia nada dando continuidade nisso.

— E eu agradeço por você ser meu fim de mundo. Talvez você não estaria aqui do meu lado agora se não fosse tudo isso... você é grossa, persistente, implicante e debochada. Mas eu gosto mesmo assim. -ele deu de ombros.

Com certeza, esse, é o momento que vai excluir todos os momentos ruins que passei com ele, todas as brigas, tudo. Fiquei um tempo sem responder, mas ele continuou irradiante. E em poucos minutos chegamos.

— Não acredito que você não gosta de sorvete de chocolate.
— Não! Super enjoativo -respondi sorrindo.
— Não acredito que divido o teto com alguém que não gosta de sorvete de chocolate.
— Se acostume! Sorvete de doce de leite, pisa menos eu imploro. -gargalhei com ele.
— O que você pretende fazer aqui? Sozinha...
— Não sei, estou perdida. Quero trazer a Julia logo pra cá. Mas preciso resolver minhas coisas... apartamento e tal.
— Tem a Rafaella pra te descontrair. -ele pegou na minha mão.
— Você disse que não era pra ter intimidade com ela!
— Xiu, fica quieta e aproveita a chance que eu estou te dando.

Passamos mais meia hora comendo mas logo após decidimos voltar pra casa, chegamos gargalhando. O que chamou atenção do pessoal em casa.

— Gato e rato fizeram as pazes? -Rafa comentou animada. 
— Ela é insuportavelmente chata mas é minha amiga. -Ju beijou o topo da minha cabeça.
— Idiota! -brinquei- vou subir pra tomar um banho e descansar.
— Depois desce pra gente fazer algo, ou você tá muito cansada? -Jota me convidou.
— Hm, tô de olho em você. Maya já tem um pretendente! -Neymar piscou pra mim.
— Sério? Você não me disse nada, Mah! -Rafa meio que gritou empolgada.
— Vocês acreditam em tudo o que o Júnior diz, é?

Gargalhei e subi as escadas e entrei no meu quarto, liguei pra Julia mas só chamou. Tomei um banho no chuveiro mesmo, bem rápido e algo me fez imaginar que o Junior estaria no meu quarto, e foi dito e feito.

— O que faz aqui? Vão desconfiar. -segurei a toalha enrolada no meu corpo.
— Sabe o que eu andei pensando? -ele veio pra perto de mim.
— O que? -lambi meus lábios um pouco nervosa pela voz dele.
— Nós nem nos beijamos durante o passeio...
— Seu intuito era apenas me beijar?
— Não... mas faz parte, ou não?

A voz dele saia calma mas desafiadora, eu estava me sentindo um pouco desconfortável mas ele veio chegando mais e mais perto e quando ele me tocou senti meu corpo flutuar, me sentia leve. O toque dele me deixava leve, calma e protegida. E eu odiava isso.

Ele me abraçou com calma e posou sua cabeça no meu ombro, como se quisesse carinho.

— Você tá bem?
— Não sei, mas vou melhorar! -ele deu o seu melhor sorriso.
— Eu gosto de você, e não queria que isso acabasse. -acariciei seu rosto.
— Podemos viver com isso.
— Não podemos, e você sabe disso.

Me afastei dele e fui para o closet por uma roupa de frio, ele não veio atrás. Eu queria ter ele pra mim, e eu repito isso sempre que eu posso. Ele não me ama quanto eu o amo... e isso machuca, ainda mais por estar convivendo com ele. Por conhecer suas manias, seu jeito família.

Eu não vejo a hora disso acabar.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐎𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐁𝐑𝐀𝐈𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Where stories live. Discover now