Somebody Else

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Neymar POV.

— Esse apartamento tá um lixão, bro!
— Eu ja falei pra ele. Deve ter uma família de ratos aqui dentro! -Jota deu de ombros.
— Eu não preciso da opinião de vocês, tá legal?

Eu já estava de saco cheio daqueles manés. Sempre que veem aqui é pra dizer do quanto eu preciso de uma empregada, sendo que eu realmente não preciso disso. Se fosse pra viver rodeado de serviçais eu voltaria pra casa.

— Eu curto ficar sozinho. Então não vai rolar empregada aqui dentro!
— Você não curte ficar sem Maya e sem Bruna. -Gil soltou no ar e o Jota fez uma cara que não estava acreditando no que estava escutando.
— Porque você não vai dar essa informação pra gente que queira? Tipo, os jornais de fofocas! -juntei as sobrancelhas e o encarei.
— Eu estava brincando, mano. Relaxa!
— Mas eu concordo. -Jota acrescentou falando baixo.
— Eu não preciso de mais mulheres na minha vida, falou? Eu como duas por noite e tô bem assim. Muito bem por sinal!
— Então porque continua indo na lanchonete da Maya? -Vontade de socar a boca do Gil pra ele calar a boca.
— Eu não vou mais.
— Você não vai mais porque fez a garota ser demitida.
— Lá vem o defensor da princesinha! -revirei os olhos- qual é, Jota! Eu não fiz nada.
— Você fez. Sabe muito bem que fez!
— Tá, e você quer que eu faça o que? Se ela não quer trabalhar pra vocês eu estou me lixando. Ela que é trouxa e não dá o braço a torcer.
— Vocês são idênticos. Porque nem você quer dar o braço a torcer!
— Já disse pra você que eu não preciso da sua opinião, Gilmar! -abri uma garrafa de cerveja.
— Então você vai ficar aí chupando dedo porque Maya já tá em outra. -Jota deu de ombros golando sua cerveja também.

Gil me olhou com os olhos arregalados e eu estava confuso demais pra entender sozinho. Precisava de um esforço.

— Maya tá namorando? -encarei Jota.
— Villa Mix em Sampa vai tá estouro... -ele mudou de assunto perdido querendo esconder a informação de mim.
— Fala porra! -voei pra cima dele querendo estourar os miolos dele com um murro.
— Calma Juninho! Isso porque não tá nem aí pra Maya...
— Gilmar guarda essas piadinhas na sua bunda. -rosnei pra ele- agora desembucha Jota, antes que eu chute a tua cara até tu dizer. Maya tá namorando?
— Não sei mano. Só sei que sempre que vou lá tem um cara com ela! E agora eles estão íntimos! É isso que eu sei!
— Vagabunda! -gritei e chutei um copo que estava no chão pra longe.
— Lá vai ele ter outro surto. -Gil revirou os olhos.
— Olha, vão se foder! Eu vou dar uma saída. Não quero vocês atras de mim e espero que quando eu voltar vocês não estejam aqui.

Peguei meu casaco no sofá e bati a porta atrás de mim. Ah, não pode ser não, bicho. Maya? Com outro? Ok, já se passaram dois meses desde que nos afastamos e algumas semanas que a vi na última vez na lanchonete.

Mas isso não é tempo suficiente pra ela estar de relacionamento sério. Se ela dizia me amar, eu com certeza não deixei de ser o seu homem. Não sou insubstituível assim, tão rápido como um copo descartável.

Eu andava pela cidade sem rumo algum. Eu só queria tirar aquele pensamento de mim, queria poder viver de novo sem aquela desgraçada na minha mente. Depois dela eu perdi muita coisa e eu não aceitava isso.

Perdi namorada, perdi confiança dos meus pais, me joguei pra bebida e pra putaria. Estou jogando igual um babaca, irritado com todos e ando chutando meus amigos pra longe o tempo inteiro. Tudo por culpa dela!

Se ela não fosse tão cabeça dura, estaríamos transando nesse exato momento. Não que eu queira só isso dela, mas eu a amo tanto. E sinto tanta falta de sentir seu corpo junto ao meu como antes.

Quando nos tocávamos, nossas peles saiam faíscas de tão quente que nós éramos juntos... todos os dias penso no seu beijo, no seu calor e no seu jeito louco de me amar. Aquelas vadias que vão em casa todos os dias não dão um por cento da minha Maya. Jamais serão dignas de ser a minha garota.

Quando fui ver, estava na frente do prédio dela. Meu corpo estremeceu porque da última vez que vim aqui, ouvi e falei tantas coisas que me dilaceraram e com certeza ela também ...

"Nunca, nunca, nunca mais diga que me amava! Você nunca foi capaz de amar"

Com certeza aquela frase jamais sairia da minha mente.

Estacionei o carro e relaxei meu corpo no estofado de couro. Aumentei o som e fiquei lá, por muito tempo. Eu não estava a perseguindo... simplesmente as coisas me faziam chegar até ela.

Liguei o carro novamente e coloquei meus cintos. Eu precisava ir embora. Eu não preciso me humilhar por uma mulher que talvez esteja se fodendo pra mim.

Então eu a vi.

Meu coração apertou no momento que vi sua mão entrelaçada com a de outro homem. Que eu conhecia, só não sabia de onde.

"Fiquei sabendo que você encontrou outra pessoa
E de primeira, achei que isso fosse mentira"

Seu sorriso era tão forte e verdadeiro... ela o olhava como se ele fosse único, como se ele fizesse ela feliz de verdade. Como eu jamais havia chegado perto de fazer.

"Eu não quero seu corpo
Mas eu odeio pensar em você com outra pessoa"

O cara a pegou no colo e a rodopiou, seus cabelos dançaram com o vento e senti meu peito pegar fogo de ódio, de revolta, de tudo. Porque eu havia feito tudo o que ela pediu, eu a amei e ela nunca acreditou.

"Nosso amor ficou frio
Você entrelaçou sua alma com a de outra pessoa"

Era difícil admitir, era horrível saber que ela era dona de mim. Dona dos meus atos, razão dos meus conflitos e da minha tristeza. Eu a amava. Amava como nunca tinha amado antes!

"Não, eu não quero seu corpo, mas
Estou imaginando seu corpo com outra pessoa"

Talvez ela pense que eu estou bem sem ela, que estou levando a vida que eu quero como eu mesmo disse naquela última vez que conversamos. Mas na verdade só quero tampar o abismo que ela deixou dentro do meu peito.

"Eu começo a acreditar no que você diz
Mas então me lembro que eu deveria estar superando isso"

Olhei pra trás e o buquê ainda estava lá, as pétalas caídas e secas com o tempo que passou e mais uma vez eu não fui homem o suficiente de me entregar pra ela como eu queria.

"Está com alguém que você ama?
Está com alguém que você precisa?"

Os corpos colados, as testas juntas e os narizes roçando um no outro como um gesto de carinho. Ela estava com os olhos fechados e sorria levemente, o cara levantou seu rosto com cuidado como se ele fosse uma peça rara de ser encontrada e a beijou. Desgraçado. Eu poderia muito bem sair do carro e estourar a cara branca dele pra aprender a não mexer com a mulher dos outros. Mas eu to num buraco de merda e isso só pioraria.

"Você disse que encontraria alguém para tomar meu lugar"

Senti a lágrima descer em linha reta pelo meu rosto e meu peito doer. Eu não podia perdê-la.

"Você entrelaçou sua alma com a de outra pessoa"

Eu não podia.

[N/A] Júnior comendo o pão q o demo amassou.
Música que usei nesse capítulo:
Somebody Else - The 1975

Amo vcs.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐎𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐁𝐑𝐀𝐈𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Where stories live. Discover now