Perda

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Um clarão tomou minhas vistas e eu não estava entendendo nada, estava perdida. Esfreguei meus olhos e acabei machucando minha mão com algo, a olhei e estava com uma agulha enfiada na minha veia.

Mas que merda era aquela?

Olhei pra mim mesma e eu estava com roupa de hospital e na mesma hora senti ventinhos entrar pelas minhas narinas. O que era aquilo?

Tirei a coberta de cima do meu corpo e percebi que minha barriga estava menor que antes, muito menor!

Meu coração acelerou e tudo piorou quando vi Julia dormir no sofá um pouco distante de mim. A essa altura, eu só queria saber da minha filha.

Uma enfermeira brotou no meio da sala com uma prancheta.

— Bom dia, Maya! Como se sente? -ela me olhava com um olhar que confortaria qualquer um menos eu.
— O que aconteceu comigo?
— Seu namorado e sua amiga te encontraram em estado deplorável em sua casa. É isso que eu posso dizer... o doutor está vindo para cá te ver.

Namorado?

Ela falava aquilo com simplicidade e anotava dados na prancheta. Eu não conseguia lembrar de mais nada depois que cuspi na cara do Luís. O que me deixava puta!

A enfermeira fechou a porta e a Julia despertou, observei ela coçar os olhos e me olhar.

— Maya... -ela foi rápida quando veio me abraçar- que bom que já acordou!
— Amiga, o que tá acontecendo?
— Ma, não é nada! Você está viva e sabe lá o que aconteceria se o Júnior não estivesse lá. -ela ainda falava abraçada em mim e estava me incomodando.
— Julia, você já viu minha barriga? -tirei o cobertor mais uma vez- minha filha tá esmagada! E o que o Júnior tem nessa história que eu não sei?

Minha amiga se levantou com os olhos marejamos e rosto avermelhado. Ela fazia isso quando segurava o choro, me assustou olhar pra ela daquele jeito. Julia abria a boca mas de lá nada saia e eu estava ficando apavorada.

— Julia, fala!

A maçaneta da porta se abriu e a Ju olhou para trás secando o rosto, era o provável doutor.

— Olá. Eu preciso ficar a sós com a paciente por favor...

Julia obedeceu e lá se foi a única chance de saber o que tinha acontecido.

— Bom, acredito que esteja cheia de interrogações...
— Exato! Primeiro quero saber porque minha barriga tá assim, minha filha não pode ficar espremida desse jeito! E por que vim parar aqui?

Minha esperança era que ele não citasse o Júnior tão cedo.

— As suas lembranças estão embaralhadas. Entendo! Mas... O Neymar e sua amiga Julia encontraram você no seu apartamento junto com seu pai. Ele te agrediu e tentou se matar durante uma briga entre ele e o seu namorado. Mas já está sobre supervisão da polícia... você foi trazida pra cá correndo muito risco. Infelizmente sua filha não conseguimos salvar... houve uma hemorragia na sua placenta, o bebê não conseguiu sobreviver e faleceu ainda dentro de você. Se você chegasse aqui um pouco mais tarde, talvez nem você conseguiria sair viva.

Ok.

Respira.

Aposto que tu tá num sono bem sereno e pleno na sua cama queen size. Sua filha que você lerda e indecisa ainda não decidiu um nome ainda está aqui e o berço dela já está pronto aguardando minha princesa chegar.

Eu não perdi minha filha!

Não tiraram de mim meu único e maior bem. De novo não!

Neymar POV.

— Eu não aguento mais esperar, não, já tá no meu limite! -perambulei pela sala de espera.
— Aquieta essa bunda do caralho no banco antes que eu te soque! -Gil gritou comigo.
— Vamos ficar calmos, por favor! -Jota pediu com calma.

Meus olhos estavam inchados e minha cabeça estava dolorida desde ontem à tarde. Eu não tinha notícias da minha Maya, ela não acordava, eu não sabia de absolutamente nada. Só liberaram a entrada da Julia por enquanto e eu não aguento mais essa angústia, essa aflição.

Estava tudo certo. Eu e a Mah iríamos voltar, íamos criar nosso filho e teríamos uma família linda.

Mas se fosse tão fácil não seria a gente.

Observei a Julia entrar na sala chorando muito e desamparada. Jota correu pra ajudá-la enquanto eu olhava tudo sem entender nada.

— Ela já acordou? -ela fez que sim com a cabeça- graças a Deus! Como ela e meu filho vão? Estão bem? Ela vai sair daqui hoje, né?

Perguntei empolgado e sorrindo mas Julia não me correspondia, não sorria, não respondia. Ela apenas chorava aos berros no ombro do meu amigo, eu não entendia nada. Minha Maya estava bem, eu sei disso!

— Julia, me fala o que tá acontecendo. -

Fiz ela olhar pra mim e ela não respondia, ela apenas negava e eu estava me assustando cada vez mais. Meu coração estava pulando e eu tremia, a essa altura eu não pensava em mais nada.

— Ela perdeu o bebê... o bebê veio a óbito na barriga dela.

Julia gritava ao chorar e eu perdi as forças nas pernas e sentei no chão meio que caindo. Apertei meus olhos tentando não chorar de novo, tentando acordar daquele pesadelo, Maya e meu filho ainda estavam vivos, estava tudo ótimo entre a gente! Meu plano estava dando certo, ninguém iria morrer!

Não, não, não, não, não.

Eu repetia pra mim mesmo, uma dor gritava no meu peito, estava impossível de continuar. Eu me sinto o pior homem, eu sou o pior homem. Eu não estava presente no momento da descoberta, não estava presente na compra da primeira roupinha, não estava junto nas consultas e nas ultra-sons. Eu não vi a barriga da mãe do meu filho crescer com o passar dos meses.

Eu sou um lixo e daqui pra frente minha vida não iria ser a mesma. Se eu fosse um cara bom, Maya não teria voltado pro Brasil, estaríamos bem lá fora e aproveitando cada minuto da gestação que hoje não existe mais.

Meu nome foi chamado por uma enfermeira e eu segui a mesma, deixando Julia e os meninos... eu não estava pronto pra vê-la... eu não sou a melhor pessoa pra consolar minha princesa.

A enfermeira abriu a porta e eu olhei minha garota de longe, seus olhinhos fundos e seu rosto vermelho revelavam que ela já sabia de tudo.

Seu rosto foi ficando cada vez mais triste ao me ver e as lágrimas desceram sem pressa e ela abriu os braços para que eu a abraçasse.

Corri para ela e envolvi seu corpo ao meu, nós dois chorávamos juntos pois nenhum dos dois tinham o que falar, nós nunca vimos o rostinho do nosso neném, ela provavelmente já escutou os batimentos mas eu nunca cheguei perto disso mas eu o amava incondicionalmente, eu tinha planos com esse bebê. Ele seria nosso primeiro filho, ele ou ela ia crescer, ia ter uma vida linda e tudo que ele quisesse ele iria ter.

Me lembrava sempre daquela cena em que vi Maya ensangüentada no chão e seu pai psicótico apontava a faca pra mim. Eu não tinha medo dele, aquilo não me intimidava. Eu só queria salvar a minha mulher. Não consigo sentir ódio daquele velho, não consigo sentir revolta... o sentimento de perda e culpa é o único dentro de mim.

Me afastei dela e olhei em seus olhos cheios d'água. Segurei o seu rosto para que ela me olhasse também...

— Eu te amo...
— Eu também te amo.

[N/A] ... sem comentários. Apenas que: fanfic está no fim! Mas não fiquem sad, deem uma passadinha em No Pressure, vocês vão amar!
Comentem pra mais capítulos!

Amo vcs.

𝐋𝐎𝐕𝐄 𝐎𝐍 𝐓𝐇𝐄 𝐁𝐑𝐀𝐈𝐍 | 𝐍𝐄𝐘𝐌𝐀𝐑Where stories live. Discover now