Cap 14: Lado de fora

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"A lua branca no céu da manhã
Era tão bonita que não conseguia parar de olhar.
Tem coisas que não vão do jeito que planejei
Mas quando olho pro céu, até isso parece pequeno..."
  –Sangatsu Kokonoka (Remioroman)

Em poucos segundos já não havia mais ninguém do outro lado,agora era só eu e a grande chuva,na qual não parecia que iria acabar tão cedo. Desisto de tentar me fazer forte e mais uma vez me rendo as lágrimas,porque mesmo sendo tão leves elas pesam tanto ao cair? Rio fraco com este pequeno pensamento,afinal o que machuca nas lágrimas não são exatamente elas,mas sim o motivo no qual as faz cair.

Por um pequeno momento me esqueço de tudo ao olhar para o céu,ele estava totalmente escuro,com exceção de alguns relâmpagos que o manchavam deixando-o um pouco branco por algumas frações de segundos. Des de pequena sempre amei o céu,por mais que naquela época eu não soubesse explicar o porquê,dentro de mim eu sempre soube que ele era minha força. Afinal,as pessoas que eu mais amei estavam lá agora.

É engraçado como pensamos nas pessoas que se vão não é? Mesmo que elas não estejam aqui,sempre sentimos um pequeno (ou grande) vazio dentro de nós,um vazio que não pode ser preenchido,mas mesmo depois de tudo ele acumula esperança. Ao menos era assim que eu me sentia.

–Está tudo bem.

A voz da minha mãe me dizia,bem fraca dentro da minha cabeça eu conseguia ouvi-lá,mesmo que fosse apenas imaginação ou apenas um momento passageiro eu queria escuta-la,mesmo que eu apenas estivesse me iludindo,eu queria acreditar que ela estava lá,mas acima disto tudo: Eu queria acreditar que ela iria me salvar,mesmo sabendo que isso não seria possível. A esperança também é algo bem engraçado,se pararmos para pensar bem não?

- Soredemo ii, soredemo ii to omoeru koi datta / está tudo bem,está tudo bem porque era amor / - sem pensar em nada começo a cantar uma música um pouco antiga na qual eu havia escutado quando pequena,mesmo não sendo a melhor música do mundo ela conseguia me compreender,conseguia expressar o que eu sentia naquele momento,conseguia colocar pra fora o que eu estava segurando há tempos -Soredemo ii, soredemo ii to omoeta koi datta,itsushika anata wa aukoto saekobandekite. / ainda está tudo bem,ainda está tudo bem porque era amor,depois de eu perceber você até recusou me encontrar/

Paro de cantar ao reparar nos gritos da pequena criança,gritos de alguém totalmente inocente,penso me sentindo um monstro por dentro. Este era um sentimento no qual eu jamais conseguiria explicar,pois mesmo me convencendo (na hora ao menos) que eu havia feito meu melhor,que eu havia tentando o impedir,mais tarde a culpa me tomava por completo. Talvez de tanto lutar com monstros eu tenha me tornado um. Penso,mas logo me desanimo mais ainda ao pensar um pouco,afinal: Quando eu de fato havia lutado com monstros,sendo que sempre que o perigo ousava se aproximar de mim eu sempre abaixava minha espada e me rendia,como uma covarde?!

—Não! Não! Pare com isso,p-porfavor - Mesmo do lado de fora seus gritos eram altos,aposto que do lado de dentro chegariam a ser ensurdecedores.

Eu queria levar e lutar,mas afinal o que haveria de fazer? Mesmo que eu conseguisse entrar,eu mesma acabaria voltando por vontade própria para fora. Esta era sem duvida uma das piores coisas em amar Jeff: Pois ao mesmo tempo em que ele é um grande conto de fadas,é também um filme de terror que se repete diariamente sem fim.

Começo a pensar nas histórias que lia antes de toda essa confusão começar,penso nos heróis dos livros,eles obviamente não deixariam uma garotinha inocente morrer daquele jeito,eles fariam o que eu não tinha coragem de fazer,fariam o certo. Porém por mais que eu tenha tentando viver minha vida toda fugindo dentro dos livros,viajando em infinitos universos,agora mais do que nunca eu havia caído na realidade,em uma queda brusca e dolorosa,porque tudo não pode ser como um longo conto de fadas? Penso,mas infelizmente dentro de mim eu sabia que isso nunca seria possível,pois como havia dito há um bom longo tempo: Contos de fadas não existem. E era isso que me matava lentamente a cada dia,saber que eu estaria sempre presa naquele realidade,naquele mundo estupido. Mas acho que isso é o lado bom dos livros não é? Afinal,quando não temos onde correr ou se esconder,são eles quem nos oferecem abrigo,são eles quem nos tiram da realidade e nos permitem sonhar.

Logo os gritos da garotinha se calam se enterrando em um silêncio mortal,talvez já esteja morta,penso e infelizmente eu estava certa.

Antes mesmo que eu pudesse me lamentar de sua morte começo a ouvir pequenos passos se aproximando de onde eu estava,passos pesados e firmes,só então pude me dar conta: Eu nunca estive sozinha ali.

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Desculpem pelos erros de português T-T

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Onde histórias criam vida. Descubra agora