Cap 37: Capital do Pecado

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"Eu não posso esconder o que está na minha mente
Eu sinto isso queimando lá dentro
Um crime de paixão para pegar o que é meu
...
Meus olhos criminosos viram suas mentiras
Eu engasgo com tudo o que eles tinham para falar
Quando mundos colidem, o que sobra por dentro?
Eu seguro firme e ouço sua oração..."
–Rebel Love Song (Black Veil Brides)

Jeff on*

Seus olhos inocentes queimavam em um pequeno inferno particular, tão perdidos em si mesmos, distantes e próximos ao mesmo tempo. Por mais que eu tentasse jamais seria capaz de lê-la por completo, ela parecia um livro indecifrável, quando imaginava ter acabado encontrava paginas rasgadas e descartadas. Isso me fez pensar por alguns pequenos instantes o quão forte ela era, escondeu tudo isso por anos e falou como se fosse algo tão normal, como se fosse uma simples experiência de vida. Voltei minha atenção a seus olhos, eram tão doces, continham um brilho tão angelical capaz de fazer até mesmo um demônio como eu se sentir atraído e ao mesmo tempo afastá-lo para longe. Não entenda como orgulho, mais jamais iria dizer a ela o que sentia mesmo que quisesse, pois no fundo eu não sabia o que sentia, eu apenas precisava dela. Aquela garota era uma verdadeira droga, viciante, estava mais para um veneno, te atraía e mesmo que quisesse resistir era em vão, ver meus esforços de ficar longe caídos e quebrados ao chão traziam um ódio antigo átona, mesmo sendo, jamais mostrarei a ela o quão depende de sua tóxica e encantadora presença eu sou, pensava com aquele forte e borbulhante orgulho, eu acho que foi isso que me matou aos poucos, orgulho, esse forte pecado capital me consumia diariamente e controlava minhas ações, eu era apenas uma marionete sobre seu controle.

Ainda perdida em seu mundo, Misaki olhava atentamente para o chão, mesmo que parecesse tão bem eu sentia que havia algo de errado, seus olhos não continham mais o mesmo brilho de antes, era como se tivessem sido roubados pelo mundo. Ela mantinha um pequeno sorriso em seu rosto como se disse-se a todos a sua volta "Eu estou bem", mesmo não sendo verdade. Queria ter sido capaz de registrar aquele momento, tirado uma linda e bela fotografia de seu rosto apenas para pegar a tristeza em seu sorriso. Garota triste, o que mais te machucou? Quem fez isso com você?

Um vasto e pequeno pensamento me veio à mente, era algo tão infantil para alguém como eu, mas irresistível a meu monstro interior. Isso só serviu para me mostrar o quão diferentes éramos, ela, garotinha perfeita que fugia de confusão, eu, a confusão em pessoa. Ela, fugia dos riscos, vivia sem se arriscar em seu próprio mundo, eu, morava na primeira casa na rua dos riscos, me arriscava a viver no mundo dos outros. Ela, um anjo iluminado por sua doçura, fugia dos crimes e pecados desse mundo que comparado a sua perfeição era tão imundo, eu, não era um simples pecado capital, era a capital do pecado. Ela, garotinha dos livros, apaixonada em seu próprio mundo de fantasias que foram criadas por sua mente. Eu, garoto do mundo, apaixonado pelas coisas simples e sujas que poderiam me ser oferecidas. Poderia escrever um livro com nossas mil e uma diferenças, mil e uma comparações, assim como meus mil e um sentimentos diferentes que eram despertados perto dela. Era tão estranho, nunca havia sentido absolutamente nada, e ela simplesmente chegou como um raio de sol derretendo meu inferno congelado aos poucos.

Sim, eu sabia que era injusto para ela fugir do meu passado sendo que esta havia acabado de me revelar o seu, havia acabado de abrir suas feridas antigas apenas para me contar a história por trás de cada corte, mas não poderia evitar, sempre fui um homem covarde, daqueles sem muito valor e que foge na primeira luta, era o tipo de pessoa que poderia quebrar a própria perna para evitar lutar em uma batalha que para mim estava perdida, e meu passado não era uma batalha diferente, ele estava mais para guerra sendo sincero, perdido em minha cabeça, uma história que jamais foi escrita e não seria contada tão cedo, afinal, estava sempre a fugir covardemente dele, acho que no fundo eu tinha medo de encarar a realidade, ver a verdade, mas mesmo que quisesse acho que ninguém teria como me culpar, nós seres humanos somos assim mesmo, por mais que negamos a nós mesmo no fundo somos todos covardes, a diferença é que cada um foge da sua própria luta, batalha, se rende sem ao menos tentar, somos covardes mascarados achando que estamos livres quando na realidade estamos acorrentemos a essa corrente de passado que carrega consigo a culpa, o remorso, dente outros inúmeros sentimentos dos quais preferíamos esquecer.

Suspiro fortemente, havia pensando demais, caindo dentro do passado demais, deveria voltar logo a meus sujos e objetivos planos.

-Vamos. -Disse indo em direção ao "meu" carro, havia roubado de um caminhoneiro há algumas horas. -Há algo que quero fazer com você.

Ela me encarou confusa e ainda um pouco medrosa, parecia pensar seriamente se deveria ir ou não, mas no fim acabou se rendendo. Eu sabia o pecado que era apresentar inúmeras coisas a ela, coisas estas que ela não deveria conhecer, mas era tão tentador, eu precisava fazer isso, precisava roubar sua doçura pouco a pouco, era algo tão prazeroso. Acho que este é um dos motivos de eu não sentir mais arrependimentos, um pecador como eu não precisava mais se ajoelhar para pedir perdão a seus pecados quando vivia deles, vivia os cometendo, acho que mesmo que quisesse perdão estaria perdido demais para encontrá-lo.

***

Dirigi um pouco até chegar em um pequeno mercado no fim de uma rua isolada e um pouco escura, um alvo fácil e simples, perfeito:

-Tome. -Disse entregando-a uma arma e algumas balas e também uma máscara preta que cuprisse boa parte de seu rosto.

-Não, não, e não! Jeff não podemos fazer isso! -Ela disse quase que apavorada me entregando a arma de volta. -É errado!

-E dai?! -Rebeldemente respondi lhe entregando a arma de novo e dando um pequeno sorriso de lado. - Não é errado se formos nos divertir.

-Não Jeff isso continua sendo errado, e é um crime ainda por cima, está querendo...

Antes mesmo que ela pudesse terminar a puxo pela gola de sua blusa de frio –um moletom preto com uns detalhes brancos escrito "BTS" no centro e um colete à prova de balas– aproximando ainda mais de mim e quebrando o pouco espaço que havia sobrado entre nossos lábios, deixar sua respiração acelerada me levava a loucura, não poderia evitar.

-Vamos logo, se permita viver um pouco. -Disse em seu ouvido. -A vida é curta demais para se arrepender, não acha?

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin