Cap 27: Banho de Memórias

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"Quando você me chamou
Eu me tornei sua flor
Como se estivéssemos esperando
Nós florescemos até que nós soframos
...
O destino deve estar com inveja de nós
Assim como você, também estou assustado
Quando você me ver, quando você me toca
O universo se moveu para nós
Não houve nem uma pequena falta..."
   –Serendipity (BTS)

// O que mais eu poderia dizer? AMÉM JIMIN, AMÉM BANGTAN ❤️❤️❤️❤️//

Por mais que aquele local me incomodasse tanto eu não sentia a mínima vontade de voltar para casa, aqueles assentos vazios e sem vida apenas me mostravam o quão sozinha eu estava, enquanto aquelas vozes pelos corredores da faculdade me mostravam o que acontecia enquanto eu dormia em meus pensamentos: A vida. A vida acontecia enquanto eu me encontrava dormindo, mas não dormindo um sono comum, ao contrário da maioria das pessoas eu tinha o hábito de sonhar de olhos abertos, isto para muitos poderia vir a ser considerado algo bom mas para mim parecia mais um pequeno pedaço do inferno, me sentia tão ingênua com isso, nunca conseguindo ver o lado ruim e mal das pessoas. Outra coisa ruim nisto também é que além de sonhar acordada eu também tinha pesadelos, apenas um para ser bem sincera, um longo e duradouro pesadelo no qual eu chamava de vida. Quando pequena me diziam que ao abrir os olhos tudo iria passar, mas esqueceram de me dizer que a vida também pode ser um pesadelo, e agora acordada numa realidade tão fria, cujo gelo da solidão me congelava aos poucos, me matando lentamente e me consumindo cada vez mais, enquanto as chamas de memórias perdidas, de uma vida passada na qual eu supostamente vivi de verdade, me queimavam fortemente martelando minha cabeça em buscas de respostas nas quais jamais conseguia, me atormentavam fortemente neste longo e doloroso pesadelo de vida, eu me encontrava tão perdida como a Alice, mas minhas maravilhas eram diferentes das dela. Meu gato risonho era tão chorão, mas ele não chorava lágrimas comuns, chorava o fogo que me queimava. Meu Chapeleiro era tão sem graça, tão normal, sem loucura alguma, um verdadeiro tédio! Meu coelho me mostrava o tempo tão lento quanto o dela, mas a diferença é que meu tempo nunca mudava nada, passava, passava e passava, mas absolutamente nada mudava. Minha rainha de copas era tão má como a dela, mas a minha eu não chamava de rainha pois de nobre ela não possuía nada, solidão era seu nome, e ela conseguia ser tão cruel, tão desumana, mas ainda sim era a única que eu tinha ao meu lado. Seus naipes eram longas noites de sono mal dormidas, que lhe obdeciam fielmente na missão de me atormentar, de meu sono tirar, e fortes ilusões e loucuras em minha mente colocar. Tão perdida quanto a Alice, em um maravilhoso mundo de terror, solidão, e dor. Este era meu real país das maravilhas.

Aos poucos os corredores foram ficando mais e mais vazios, as conversas acabaram dando início a linda e dolorosa canção do silêncio. Cantava suavemente em meu ouvido, atingia fortemente meu coração, e tirava o ar de paz dos meus pulmões. Era nestes momentos que eu tinha uma imensa vontade de me levantar e gritar, gritar o que? Tudo! Que estava doendo, que me matava por dentro, que tudo por mais insignificante que fosse me machucava, que eu me sentia sozinha, horrivel, invisível. Mas o que mais machucava era saber que mesmo se tivesse coragem de gritar, a única voz que retornaria seria meu eco. Eco, era a única voz que eu sempre iria ouvir, a única voz que conversaria comigo. Sombra, era a única amiga que eu tinha, minha única e eterna companheira. Às vezes me pegava perguntando a mim mesma se existiria no mundo alguém mais solitária que eu.

Me levantei sem vontade alguma para retornar ao que eu chamava de casa, se lar é onde meu coração está então meu coração perdeu toda a esperança, penso enquanto percebia que estas palavras me pareciam incrivelmente familiares embora não me lembrasse de onde pudesse ter as escutado. Ao me levantar sinto uma pequena luz bater em meu olho, mas era uma luz diferente das que haviam na sala, era mais fraca e amarelada, coloco minhas mãos em frente à meus olhos numa falha tentativa de ocultar essa luz, mas de forma estranha e incomum mesmo de olhos fechados e protegidos fortemente pelas minha mãos –mãos delicadas como às de um bebê que nada fazia, com uma pele macia e delicada assim como eu– a luz continuava fortemente, poderia jurar a mim mesma que ficaria cega se aquela tortura continuasse por mais alguns minutos, mas dentro de poucos segundos a luz parou. Olho em volta confirmando minhas suspeitas, era uma luz totalmente diferente da sala, novamente em minha cabeça uma voz volta a gritar: "Acorde, acorde Misaki! Vamos acorde!". Mas esta era uma voz diferente da anterior, não era tão rouca quanto mas com certeza era bem mais grave, e falava com uma certa braveza em si, demonstrando uma possível irritação. Junto a esta fala por alguns segundos pude visualizar o rosto de um homem, cujo a pele além de extremamente pálida parecia descuidada e maltratada por grandes marcas roxas e arranhões vermelhos, seus cabelos negros cobriam boa parte do rosto, e apesar de sua expressão fria e sem vida o rapaz parecia estar desesperado por algum motivo, sua boca cortada dos lados e com um pouco de sangue fresco nos lábios diziam palavras nas quais eu não conseguia escutar.

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Where stories live. Discover now