Cap 38: Pecado Capital

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"Eu vi aqueles olhos se iluminarem com um sorriso
Um rio nos tempos ruins
Você me ensinou tudo o que eu sei
Eu vi sua alma crescer como uma rosa
Você fez isso através de todos os espinhos
E está me matando dizer "eu estou bem"
"Eu estou bem"
...
Você é tudo pra mim e ainda mais
Mas eu preciso de espaço para respirar
Eu encontrei Nova Iorque deitado em seus braços..."
              –Breathe (Lauv)

// Recado IMPORTANTÍSSIMO no final!//

*Misaki on

E mais uma vez seus olhos obscuros e negros de uma pura escuridão –escuridão essa sem fim, tão terrível que poderia sentir suas trevas de longe– me olhavam diretamente exigindo mais e mais de mim, às vezes eu odiava Jeff, não suas ações e sim ele próprio. Afinal, ele sabia que tinha tudo de mim, ele sabia que possuía meu mundo em seus braços, meu coração sobre suas costas, sabia de tudo que eu sentia, eu lhe era um livro aberto, havia me tornado um mistério resolvido para ele, e ainda assim ele insistia em querer mais e mais de mim, até mesmo quando eu não possuía nada ele tentava arrancar algo de mim. Se pessoas fossem feitas inteiramente de pecados capitais, ele seria ganância, tinha tudo de mim, mas apenas eu não era suficiente, ele era o tipo de pessoa que venderia o mundo a procura de algo mais valioso, "apenas" o mundo não conseguia lhe ser bastante. Mas não poderia o culpar mesmo que assim quisesse, pois, assim como ele eu também possuía uma enorme ganância dentro de mim, eu tinha cobiça por ele, queria sua presença acima de tudo até mesmo quando esta era a razão da minha dor. Era incrível a maneira que Jeff conseguia me levar de volta ao passado em poucos minutos, era incrível como ele fazia com que eu me perdesse mesmo quando achava ter me encontrado novamente, ele era o tipo de pessoa que te quebrava ao mesmo tempo que juntava os cacos de novo, mas acima disso, era a pessoa que reclamava deles sobre o chão, ele agia sem culpa alguma e nunca sentia o peço sobre suas ações (talvez porque eu sempre levava estes em minhas costas apenas para que ele não tivesse que fazê-lo).

Meu doce pecado, eu não conseguia lhe dizer não, e quem poderia me julgar? Suas vendas fechavam meus olhos totalmente do mundo fazendo com que eu não enxergasse outra coisa se não a ele, e apenas ele. Jeff às vezes me parecia uma besta dominadora e orgulhosa, além de me cegar do mundo, ele me ensurdecia fazendo com que não escutasse nem sequer a mim mesma, mas sempre continuava ouvindo-o como a única voz existente, ele parecia ter arrancando minhas cordas vocais fazendo com que só falasse o que ele queria ouvir, isso me matava tanto, eu amava ser alguém que o agradava mas odiava ser alguém que eu mesma não gostava de ser, essa é mais uma das loucuras que o amor faz com você: Te faz deixar de se importar consigo mesmo para só dar atenção a uma única pessoa.

Se pessoas fossem bebidas, ele seria minha vodca e ao mesmo tempo minha água. Seria meu eterno vicio, e minha necessidade. Seria quem faria minha cabeça girar, quem iria me maltratar de inúmeras formas. Seria quem acabaria com minha eterna sede de amor, dando-me poucas gotas de sua essência aos poucos, mas sem nunca se entregar totalmente.

Às vezes eu tinha inveja dele. Eu nunca iria tê-lo, não como ele me tinha. Eu nunca seria sua necessidade, como ele era a minha. Ele nunca iria precisar de mim como eu precisava dele. Ele sempre seria o bastante para si mesmo, assim apenas, sem precisar de ninguém, enquanto eu seria a pequena e eterna garotinha apaixonada que precisava de seu "amor" para viver.

Arrependo-me, mas não poderia recusar, ele era meu mundo em todos os sentidos, mesmo que estivesse vazia em sua presença eu me tornava completa, poderia ter Nova Iorque inteira se estivesse em seus braços, ele era meu pequeno e grande mundo.

Apertei mais forte a arma em minhas mãos, isso me fez pensar em uma arma de depressão, eu teria a carrego mas teria sido ele quem teria puxado o gatilho. Respirei fundo, fechei meus olhos por poucos segundos, a segurança que esse ato me dava era insubstituível, parecia que nesses poucos segundos o mundo havia parado, parecia que os pesos sobre minhas costas haviam ido todos embora restando apenas uma grande e boa paz, infelizmente eu tinha de abrir meus olhos para a realidade mais uma vez, os abri mesmo que não pudesse ver o mundo bem na minha frente.

-Não vamos matar ninguém... Certo? -Perguntei-lhe fitando seus olhos, me esforçando para não me perder neles de novo, o que era quase impossível.

-Tá, tá, tá. -Disse emburrado desviando seu olhar do meu. Odiava quando fazia isso, parecia que estava querendo distância de mim, e sua distância era capaz de me matar. Ele ia saindo para fora do carro quando puxei sua manga o impedindo de fazer isso.

-Sabe que só faço isso porque te amo né? -Disse sem pensar e então senti minhas bochechas queimarem com isso. Boba, boba, boba! Me xingava mentalmente, afinal, eu sabia que ele não queria ouvir aquilo, não se importava.

Em resposta ele bagunçou meus cabelos e soltou um riso meio irônico saindo do carro logo em seguida, mas ainda sim sem me responder.
Há inúmeras maneiras de se matar. Fume 15 cigarros por dia, irá morrer alguns anos mais cedo. Beba todo dia, irá matar seu fígado todo dia e morrerá antes do que imagina. Ame alguém que não te ama, e você irá morrer todo dia de inúmeras maneiras diferentes. Naquele momento eu provei a última e mais dolorosa morte dentro de uma pequena garrafa de um veneno chamado realidade. Isso fez que por alguns pequenos segundos eu sentisse uma grande ira dentro de mim, que se foi em poucos instantes dando espaço apenas a pequena gula de Jeff, na qual eu já estava acostumada. Para mim esse pecado capital não era apenas literal, era como a ganância, você desejava mais do que poderia ter, no meu caso, desejava mais do que deveria e isso era o que me matava. Algumas pessoas brincam dizendo ter preguiça de viver, isso me faz pensar que talvez a depressão seja uma pequena preguiça dentro de nós, roubando nossas vontades pouco a pouco pronta para roubar mais, sem nunca se cansar.

Sai do carro encarando os olhos de Jeff, agora eles estavam diferentes, possuíam uma certa luxúria em si, acho que ele tinha prazer em cometer crimes, prazer em me machucar, em me roubar, meus gritos de dor silenciosos era sua música preferida, meus pesadelos eram seus sonhos.

Entramos dentro do pequeno supermercado que se encontrava vazio, com a exceção de um senhor de idade que estava dormindo sobre o balcão.

-Fácil demais. -Jeff bufa parecendo entediado. -Coloque a máscara! -Me alertou, rapidamente a coloquei no rosto por obrigação.

Antes mesmo que pudéssemos dialogar mais qualquer coisa ou sequer prosseguir com o que me parecia ser um "assalto", as portas atrás de nós se fecharam rapidamente, as luzes começaram a piscar agitadas até que se apagaram por completo nos afogando em uma grande escuridão.

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Eii! Você que tá lendo isso! TE AMO ❤️
AMO todos vocês meus anjos, de coração mesmo! ❤️❤️❤️

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Where stories live. Discover now