Cap 40: Sede de Vingança

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"Nossos corações estão quebrados mas nós somos os únicos culpados
Não esperamos perdão andamos com vergonha
Eu sempre disse morte antes da desonra
Então, pelo meu próprio decreto eu acredito que eu deveria estar morto
...
Esta cama sem você parece congelar
E o verão nunca vem
Certamente vendo meu reflexo será punição suficiente..."
-Crestfallen (Follow My Lead)

// Leiam o aviso no final por favor //

Jeff on*

Seus olhares afiados me olhavam banhados em ódio, um ódio antigo e guardado por muito tempo. Eles pareciam ensaiados e pareciam ter sonhado com aquele dia por anos. Amava a sensação que aquilo me trazia, mas odiava fortemente seus olhares, me encaravam como se eu lhes fosse uma presa e eles os caçadores, mas estava para virar aquele jogo então em breve não seria necessário ter de me preocupar com algo deste género.

-E é agora que sua natureza se revela, monstro. -O suposto líder disse abanico sua faca seguido pelos demais que fizeram o mesmo. -É agora que todos te conhecerão de verdade, saberão o que você esconde por detrás dessa máscara fria.

Seu sorriso debochado me olhava como se estivesse com tudo que já havia conquistado em mãos, no momento eu me via claramente confuso e não era capaz de entender o que ele queria dizer com aquilo, porém mais tarde eu pude perceber, ele realmente tinha tudo o que eu havia conquistado naquele momento, tudo o que me pertencia, tudo de valor para mim estava em suas mãos, apodrecendo em um congelador, sendo cruelmente lavada pelo meu gelo e pagando pelos meus erros. Isso fez com que eu me sentisse uma âncora, mas eu era um tipo diferente de âncora, eu nunca afundava sozinho com meus problemas, eu afundava tudo comigo, levava tudo para baixo comigo os obrigando a se lavarem nas minhas águas de egoísmo. Acho que agora eu entedia Misaki, o porquê de seu medo da solidão, ela não tinha necessariamente medo de não ter ninguém por perto, mas de ficar sozinha consigo mesmo, é trancados em um quarto de solidão que vozes na nossa cabeça podem começar a se tornar tão altas, que pesos antigos podem começar a pesar tanto em nossas costas, são nesses momentos que as pequenas coisas se tornam importantes e onde os papéis se invertem, uma pequena lâmina por exemplo, nesses momentos pode acabar se tornando tão pesada e mais forte do que se imagina.

Por mais que não parecesse, eu não era diferente dos demais, também tinha minhas vozes, mas estas eram banhadas por ódio, famintas e monstruosas. Meu inferno particular era um lar para ódio e pensamentos cruéis. Acho que foi a partir daí que eu mesmo me tornei isso, me tornei uma sombra do que um vez já temi. É na solidão que nascem os pensamentos mais obscuros. Acho que obscuro era pouco comparado aquilo, eu não estava preso e nem tinha pensamentos obscuros, eu era minha própria escuridão.

Queria poder olhar para o passado e dizer sinceramente: "Sinto falta do garotinho que costumava ser." Mas eu não sentia. Aquele garoto era fraco, era quebrado pelo mundo e chorava por isso, tinha sentimentos e se machucava. Quem eu sou agora, quebra o mundo e é capaz de se divertir com isso, forte ao ver de muitos. Acho que a maior diferença entre mim e aquele garoto é que... ele era corajoso, preferia se ver machucado do que alguém que amava, já eu, sou um covarde, jamais teria tamanha coragem. Pensando bem, não culpo os apaixonados suicidas, precisa se ter coragem para ter sentimentos.

Volto a realidade quando o garoto dá um soco na parede ao seu lado, ou mais necessariamente dizendo, na porta do refrigerador.

-Pois bem, monstro. -Ele dizia numa falha tentativa de me fazer ficar mal. Gostaria que um dia ele fosse capaz de saber que aquilo para mim já havia virado um carinhoso apelido. - Pelo que você vai lutar: Pelo prazer de matar cada um de nós, ou pelo tempo para salvar sua garotinha?

Solto um fraco riso que acabou se tornando uma gargalhada fazendo com que todos no local ficassem confusos e alguns fortemente irritados. Já havia cruzado com babacas como aqueles antes, e sempre havia uma fácil solução. Ao contrário do que eles mesmos pensavam, o monstro ali naquela hora não era mais eu.

-Você está errado... -Digo lambendo minha faca, não podia conter esse costume assim como não podia conter o fato de que estava louco para degustar do prazer de tirar aquele sorrisinho debochado de seu rosto. - Eu não sou um monstro, não quando comparado a você. Porquê, ao meu ver, não sou eu quem está prestes a sacrificar uma garotinha inocente para se vingar.

Garotinha inocente, ela obviamente não se descreveria daquele jeito nunca, afinal, ao meu ver ela não era nenhum pouco inocente, ela havia me roubado de inúmeras formas, havia feito com que eu me tornasse o que mais odiava, havia feito com que fosse apenas uma sombra, um esboço mal feito do que costumava ser. Ninguém é inocente, nós seres humanos somos miseráveis criaturas amantes do pecado e que sempre estão cometendo algum crime, seja ele se apaixonar ou até mesmo matar algum ser vivo, independente do crime, todos somos culpados.

O garoto ficou tão pálido quanto a parede atrás de si, e manteve um olhar tão chocado e arrependido, pude ver que sua mão tremia um pouco, possivelmente tentando resistir a vontade de abrir aquela porta e fingir ser o herói de tudo aquilo.

Um fato sobre aqueles que buscam vingança: Mais cedo ou mais tarde eles acabam por se tornar aquilo que mais odiavam, as pessoas das quais buscavam vingança. A vingança te cega, e te deixa tão sedento por ela que você acaba por ignorar os limites e até mesmo a realidade em que está. Como eu sei disso tudo? Simples, eu também já busquei vingança, vingança do mundo, como um adolescente rebelde, eu queria dar ao mundo o que ele me deu, e eu consegui fazer isso, apesar de ter exagerado na dose.

O garoto colocou suas mãos na maçaneta da porta pronto para abri-la, mas foi interrompido por um barulho alto de palmas que começaram a soar pelo local. Mais uma vez as luzes se apagaram e acenderam rapidamente, revelando uma figura no final de todas as crianças, o garoto me parecia estranhamente familiar e tinha consciência disso mesmo de longe, ele estava com a cabeça abaixada e se aproximava lentamente, não fazia o mínimo esforço de desviar das crianças a sua frente pois todos abriam passagem para ele, ainda com o olhar para o chão e com sua grande franja de tom castanho caída sobre boa parte do rosto ele não parou de supostamente "aplaudir" durante um único segundo de seu trajeto até mim. Assim que este se encontrou um pouco à frente da porta e do garoto, parou as palmas, mesmo com sua franja sobre o rosto era possível ver o sorrisinho irônico estampado em seu rosto.

-Quem diria... -Ele começou ainda com sua cabeça meio abaixada e seu sorrisinho irônico. Era me tão familiar mas não era capaz de me lembrar de onde o conhecia, ou não queria ser capaz de lembrar. - O tão temido e destemido Jeff The Killer, o tão sem coração e alma, sendo capaz de ensinar uma lição de moral a alguém. -Disse me descrevendo com puro ódio e praticamente cuspindo as palavras.

Estava me preparando para falar algo quando o garoto levou um de seus dedos a sua própria boca pedindo silêncio, sem me dar a chance de fazer nada ele prosseguiu rapidamente com o que dizia:

-É bem... inesperado, não acha Jeffrey?

-Como sabe meu nome? -Perguntei já sem paciência do modo mais rude possível. Aquele garoto estava me irritando mais do que eu achei que seria possível. Sem perceber acabei apertando meu punhos, em sinal de irritação.

-Ora essa. -Ele disse soltando um pequeno riso e então tirou a franja de seu rosto me encarando fixamente, olhando-me olho no olho. -Não me reconhece mais, querido irmão?

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Konnichiwa povo!
Bom, para comemorar os 40 caps vou fazer um especial tipo uma "entrevista" com as creepys onde vocês fazem perguntas para eles e eles respondem, oukai? Sintam-se a vontade para já deixarem as perguntas aqui nos comentários, pegarei algumas de outras redes sociais também. (Especifiquem para qual creepy é)
(Titio Slender e Jeff vão visitar quem dá vácuo viu? 😹😹💗)

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Where stories live. Discover now