Cap 31: Anjo no escuro

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"Você é como a luz dentro da escuridão
Assim como um anjo
Você está respirando vida
Assim como um anjo
E você sempre me guia através dos tempos difíceis
Vou deixa todo esse mundo para trás
Anjo... Me leve a um lugar melhor
Aonde eu veja esses dias mais claros..."
–Angel (Anna Blue feat Damien)

Jeff on* //Depois de séculos ele narra e.e//

Vê-la ali bem a minha frente fazia-me questionar de forma rápida o que havia me tornado. Eu jamais arriscaria minha vida para alguém antes de a conhecer, jamais mudaria desta maneira, era como se parte de mim tivesse sido apagado com uma grande borracha de esperança, de futuro.

Para mim ela era um grande e perfeito anjo, me guiando na escuridão com sua forte luz. Agora posso ver que antes de a conhecer eu não tinha nada. Antes embora pudesse ver, era um homem cego, um homem cujo agora este anjo concedia a visão, não digo visão em sua forma literal, apenas agora via o mundo de forma diferente. Embora pudesse ouvir, antes era um homem surdo, apenas ouvia a mim mesmo como se minha voz fosse a única existente. Embora pudesse pensar antes eu era um homem louco, um homem cujo este anjo lhe concedeu a sanidade dentro de sua amarga doçura. Pensar desse jeito de Misaki me fazia adquirir um grande ódio de mim mesmo, odiava me ver assim tão dependente, tão fraco. Ela era como um remédio para mim, um remédio que agora eu não conseguiria viver sem. Como um forte antidepressivo, ela era minha alegria, alguém que afastava aquele forte e imenso vazio, o problema deste remédio é que ele me viciava totalmente, cada vez mais, me tornando dependente.

Ela me deixava louco em todos os sentidos existentes para esta palavra. Sua beleza e doçura me deixavam louco. A inocência de um anjo que se misturava com o pecado de um demônio como eu. Me parecia algo tão errado te-lá ali para mim, só para mim, mas tão irresistível. Nunca fui alguém tão religioso, mas sabia do forte pecado que era estar ao seu lado, sabia o quão errado era, mas ela valia cada tortura que eu passaria mais tarde no inferno. Acredito que seria capaz de sorrir para o próprio Diabo ao lembrar dela, sem medo algum. Sua voz doce que chamava meu nome com medo, parecia errado machuca-lá tanto, mas eu não poderia evitar. Sou como um animal selvagem, e minha natureza é pegar as presas mais fáceis, apenas fazia isso mesmo que ela não merecesse. Gostaria de gastar cada gota de meu arrependimento inexistente com ela, despeja-lo sobre si com gotas fortes e pesadas,  mas eu simplesmente não tinha essa garrafa.

Estar com ela era como dois lados opostos de uma mesma moeda, de um lado eu possuía o paraíso com este belo anjo, do outro havia apenas eu em um torturante inferno. Era como se fôssemos a fusão de dois mundos diferentes, um tipo de purgatório para culpados. Paraíso e inferno sempre foram conceitos inexistentes para mim, não acreditava em nada disso, me pareciam apenas bobagens de um livro infantil, mas ela me mostrou a verdade sobre isso. Um anjo tão bom e cheio de graciosidade que me machucava fortemente com sua luz. Eu amava mas sua inocência me matava, era como um objeto valioso para um ladrão, quase inevitável querer roubar. Sua beleza me encantava, mas me intrigava, porque alguém como ela queria alguém como eu? Ela enchia minha cabeça com esses tipos de perguntas, era tão irritante! Sua doçura era viciante mas era tão amarga para mim. Anjo e demônio, embora soubesse a verdade eu me recusava a ver, eu sabia que aquilo não daria certo, mas quem pode tirar as vendas de um apaixonado? Estávamos cegos e não havia o que fazer.

Se eu pudesse contar nossos melhores momentos os contaria em estrelas, assim como contaria os piores, era incrível como ela deixava tudo melhor apenas por estar por perto. Era como cartas em meu castelo de cartas, deixava-o completo, mas poderia o desmontar também.

Olhando no fundo de seus olhos mais uma vez eu via aquilo que tanto odiava: Seu lado angelical. Sim, eu amava tudo nela, assim como odiava. Ainda mais naquele momento, eu queria não sentir isso mas ao vê-la respirar viva enquanto o ar de morte me invadia me deixava com tanta inveja, havia sido minha escolha e ao mesmo tempo que me orgulhava disso me arrependia. Eu sentia amor saindo dela, e eu cheirava a ódio. Ela era as cores do arco-íris e eu sua chuva. Era as estrelas, brilhando por toda parte, eu a lua, sozinho e afastado. Entende o que quero dizer? Tão diferentes, isso me incomodava pois sentia que jamais iria dar certo, me incomodava por conta da grande onda de medo que sempre me invadia.

Passei minha mão sobre seus cabelos ruivos tão vermelhos como sangue, pensar nisso trazia minha insanidade à tona, macios e delicados assim como tudo nela. Seus olhos de cores diferentes, eram tão perfeito o jeito que suas cores me encantavam.

-Essa é minha garota. -Disse acariciando seus cabelos ao lembrar de sua frase. Me dava um tipo estranho de prazer saber que ela tinha aquela ganância por mim, era como se parte de mim estivesse feliz e a outra quisesse usar aquilo para a machucar. Este era meu monstro interior falando.

Pode me julgar o quanto quiser mas o que eu sou por fora não passa do que todos temos por dentro. Eu sou como um grito no silêncio, mas um tipo diferente de grito.

-Mas Jeff... Eu falhei, não consegui te ajudar. -Ela disse cuspindo arrependimento com aquelas palavras, seus olhos demonstravam tristeza. Por mais cruel que fosse eu gostava de a ver assim, gostava de a fazer se sentir triste. - Eu deveria ter me esforçado mais... Sou fraca.

Balencei a cabeça negativamente negando mentalmente tudo o que ela disse assim como me negava a sentir a dor que meu corpo me proporcionava a cada movimento que fazia.

-Porque todos dizem isso no meio? É tão patético! Você desiste assim que erra, você se deixa por vencida assim que perde, não levanta mais após o primeiro tombo mesmo tendo força...Porque? -Disse deixando meu ódio vidente naquelas palavras, ela pareceu sentir isso então desviou seu olhar do meu por breves segundos antes de voltar a me encarar.

-Porque eu sou humana. Eu sangro quando caio. Choro quando algo me machuca. Desisto quando não tenho mais força. Pulo quando vejo que não há mais sadia, porque eu sou apenas humana. -Ela disse mais uma vez desabafando, eu gostava disso nela, ela conseguia desabafar e por pra fora o que lhe incomodava, coisa que eu não conseguia nunca fazer, talvez seja por isso que estou destinado a me afogar nas palavras nunca ditas.

-Ser humano não quer dizer ser ignorante. Como você pode deixar toda sua história para trás sabendo que há inúmeras páginas por vir? -Pego seu rosto e o volto para frente devagar mostrando à ela a cabana que havia na nossa frente, possivelmente abandonada (pensava isto por conta de sua aparência mal cuidada). - É por isso que digo que desistir é patético. Não existe essa de "sem saída", sempre ha uma saída e ela é a mesma para todos os casos: Ser forte. -Digo recuperando um pouco da minha força e me colocando de pé. Não vou mentir doía muito e eu quase fui ao chão novamente, mas depois de umas duas tentativas consegui me manter de pé corretamente.

Encarando a cabana enquanto fazia força para me manter de pé eu sentia o impacto que aquelas palavras tiveram em Misaki, que se mantinha quieta e com a cabeça abaixada.

-É por isto que tomei uma decisão... -Comecei a falar antes que me perdesse novamente em pensamentos. - Nunca mais serei fraco. Assim como nunca irei morrer.

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✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) حيث تعيش القصص. اكتشف الآن