Cap 24: Velhas cicatrizes sangram passado

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"Ultimamente, tenho pensado:
Quem estará lá para ocupar meu lugar?
Quando eu for, você precisará de amor
Para iluminar as sombras no teu rosto..."
 
Com o canto de meu olhar pude observar Jeff segurando ao máximo sua risada como se não quisesse entregar o que sentia, porém sua expressão divertida no rosto entregava-lhe da forma mais nítida possível. Zero começa a me encarar sem saber o que fazer, ela estava brava, isso era visível, porém mais do que zangada ela parecia confusa, supostamente não esperava por isto.

-C-como você ousa? - Ela pergunta me olhando com pura raiva em seus olhos. Solto uma risada divertida deixando-lhe com mais raiva ainda. - Você não irá falar nada? -Ela pergunta se dirigindo à Jeff, que apenas ergue os ombros demonstrando não se importar.

Ouso-a resmungar alguma coisa antes de entrar no banheiro para se limpar, agora Jeff deixava suas risadas saírem livremente. Suas risadas pareciam uma linda melodia aos meus ouvidos, quando amamos alguém nenhuma música ou melodia pode ser tão perfeita quanto o som de sua linda e graciosa risada, nada pode ser mais perfeito que seu sorriso, mais amável que seu olhar sendo dirigido delicadamente a nós. Droga! Penso comigo mesma. Quando penso ter saído desse mar de paixão como uma forte onda sou puxada de volta, quando penso ter encontrado o chão volto a cair em um enorme abismo de novo. Acho que agora é oficial: Jeff será minha eterna droga e eu serei sua eterna viciada.

-Essa é minha garota! -Jeff diz abrindo um pequeno sorriso de lado, parecendo estar orgulhoso de mim. Viro meu olhar para o chão abaixo de mim, não queria me entregar tão rapidamente de novo, mesmo sabendo que não resistiria por muito tempo. - E única. -Ele diz segurando minha mão, olhando-me nos olhos.

Eu nunca sabia como agir com Jeff nestas horas. Nunca sabia se suas palavras eram verdadeiras, tinha medo de ser enganada de novo, o medo me fazia permanecer de pés no chão, embora meu coração estivesse voando a muito tempo em seu olhar, perdido, afogado e enterrado nele.

***

Dentro de algumas horas Zero finalmente foi embora deixando a casa em total silêncio. Eu estava feliz por ela ter ido, mas por uma estranha razão não me sentia mais tão à vontade com Jeff, parecíamos dois estranhos presos em um mesmo cômodo agora. Eu sempre estive a pensar que nossa relação era como um forte cordão de ferro, inquebrável, mas depois acabei percebendo que era mais como um pequeno e delicado fio vermelho, fragil, quebrável, mas costurável.

Decidi sair para tomar um pouco de ar fresco, meus pulmões pareciam estar sufocados com ar do passado, precisavam de um pouco de ar de verdade, livre e sem memórias antigas para lhe assombrar. Sento em um pequeno balanço que havia embaixo de uma árvore, novamente uma grande sensação de nostalgia me invade, é incrível a capacidade das memórias de rapidamente nos destruírem e logo reeguerem como um grande castelo de cartas. Castelo de cartas, começo a pensar comigo mesma. Talvez este tempo todo minha vida tenha sido como um, um forte vento do passado pode rapidamente o derrubar, assim como pequenas e delicadas mãos da esperança de um futuro melhor podem o construir de novo. Dês de que conheci Jeff sinto que tem sido assim, já fui quebrada milhões de vezes, mas sempre sou construída de novo, ele me ensinou o que a vida faz com todos nós da forma mais cruel possivel: Derruba, te joga no chão e te machuca, para que apenas sim aprendas a viver.

Sempre tive esse incrível poder de me perder facilmente em inúmeros pensamentos, nunca soube de fato se isto é algo bom ou ruim, apenas considero um dom meu, poderia estar na terra em um segundo e no outro estar sobre o solo quente de marte, estar em um paraíso iluminado e amável, e no outro segundo queimando em chamas do passado, ardentes, assim como as lembranças que me atormentam.

Estava tão distraída que nem ao menos reparei que Jeff se encontrava no balanço ao meu lado, me encarando fixamente como se esperasse mais alguma coisa de mim. Tento decifrar seu olhar mas novamente falho, eu jamais conseguiria o desvendar dessa maneira, ele era um grande enigma para minha pequena e bagunçada cabeça.

-Eu poderia tanto pular, quanto causar o fogo. - Ele diz, agora desviando seu olhar do meu. - Poderia tanto lhe salvar de um afogamento, quando ser a água que te puxa para baixo. Ser seu paraíso, te aquecer quando sentir frio, e te deixar segura, quanto ser seu próprio inferno, te queimar até que não aguente mais gritar, te fazer esquecer da palavra "segurança". A questão é: Mesmo que eu tente te esconder estes meu dois lados, eu não consigo. Você sempre terá os dois, terá tudo de mim, tanto as verdades como as mentiras, tanto meu lado doce, como o mais amargo, poderás me ter como um anjo que irá te proteger, ou como um demônio que irás te apresentar para o perigo. Estes lados opostos de uma moeda são o que eu sou.

Ao dizer isso pude finalmente perceber a pouca distância que existia entre nós agora, estávamos como sempre estivemos ao meus olhos, tão próximos mas tão distantes. Ele aproxima seu rosto do meu fazendo a distancia diminuir a cada segundo, até que finalmente pude sentir seus lábios macios e cortados sobre os meus, seu beijo me fazia sentir o paraíso sobre mim, me tirava da realidade e me deixava presa em pensamentos bobos nos quais uma garota de 14 anos poderia ter, eu me sentia uma eterna criança na sua presença, e amava aquilo.

Nós separamos ao ouvir o barulho de sirenes se aproximando da onde estávamos. Jeff me puxou com si para dentro da casa para nos escondermos, eu queria acreditar que não havia nenhum perigo mas infelizmente havia, Jeff era um assasino e poderia ser pego a qualquer minuto, eu tentava ao máximo esquecer isso mas sempre que me lembrava sentia uma forte sensação de perigo. Acredito já ter comentado sobre o quanto Jeff me dividia, mas vale a pena ressaltar isto: Ele era meu porto seguro, ao mesmo tempo que me trazia perigo. Era meu anjo protetor ao mesmo tempo em que era um demônio que me castigava fortemente por meus pecados. Era uma fruta linda e deliciosa ao mesmo tempo que era um grande pecado no qual eu não deveria cometer, mas cometi. Lados opostos de uma mesma moeda, paraíso e inferno, ele era meu tudo.

Entramos dentro de uma porta secreta dentro do guarda roupas, era apertada mas cabíamos lá dentro, o lugar era sujo e empoeirado como se não fosse limpo a séculos, seu forte cheiro de poeira causava-me inúmeras irritações mas não era hora para pensar nisto.

-Faça silêncio! -Jeff diz sussurando é demonstrando preocupação. Eu queria acreditar que estava tudo bem, mas a expressão em seu rosto parecia dizer o contrário.

A garotinha que eu era estaria chorando agora e se perguntando a que ponto havia chegado, "estou ajudando um criminoso, como posso?" Ela provalvemente estaria pensando, mas eu não. Eu havia finalmente crescido e deixado minha pequena ilha do nunca para trás, todas as sereias de pensamentos bobos, índios brincalhões em minha cabeça haviam indo embora. Agora eu entendia porquê Peter Pan se recusava a crescer.

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Where stories live. Discover now