Cap 20: Primeiras 72 horas

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"Olá, olá, há alguém aí fora?
Porque eu não escuto nenhum som
Sozinho, sozinho
Eu realmente não sei onde o mundo é
Mas eu sinto falta agora
...
Às vezes quando eu fecho meus olhos, eu finjo que estou bem
Mas nunca o suficiente
Porque meu eco, eco
É a única voz a voltar
Minha sombra, a sombra
É o único amigo que eu tenho..."
–Echo (Jason Walker)

Ao proferir aquelas palavras ele apenas me deixa sozinha em uma preta escuridão de novo, uma escuridão amarga e mais barulhenta que meu silêncio. Porquê digo proferir ao invés de apenas "falar"? Porque suas palavras não passaram apenas por meus ouvidos, mas também pelo meu coração e marcaram fortemente minha alma. Dentro de mim eu sabia que algo mudaria, e sabia também que não gostaria nada daquilo. Eu sempre estava a reclamar de uma pequena chuva sobre meus dias, mas nunca pude ver o quão ensolarados eles eram até passar por essa forte chuva de novembro.

Antigamente eu acreditava que amor era apenas gostar de alguém, acreditava que amar era algo comum, um pequeno pedaço do paraíso, mas naquela época embora pudesse ver eu ainda era cega. Amor não é apenas gostar, é a necessidade dessa pessoa, sua ausência mata, como um forte veneno dentro de seus pulmões, ela mata aos poucos, amar é muito mais do que uma simples palavra. A única coisa comum nisso tudo é o sofrimento, amor traz consigo uma dor de um litro de lágrimas ao mesmo tempo que carrega também imensos sorrisos. Longe de paraíso, isso parece uma pequena criação do Diabo, como se fosse uma amostra de um profundo, doloroso e longo inferno, suas chamas são a tão temia ausência, medo, e rejeição, suas bestas são os pensamentos que pegam-lhe a noite em uma madrugada sombria, o amor é o Diabo próprio e a pobre alma torturada é quem passa por isto.

Em momentos de tristeza são quando realmente nascem os filósofos, não acha? Para mim a tristeza é um vírus dentro de nós que ativa nosso lado mais melancólico, dramático, e real. Acredito que é por isso que a vida não é apenas sorrisos e alegrias, precisamos da tristeza para ver algumas coisas, valoriar, jamais valorizaríamos a alegria se não sentíssemos a tristeza.

Poderia ser muito drama da minha parte pensar tanto nisso apenas com uma simples discussão, mas aquela havia sido diferente da outras, eu sabia muito bem o que ele queria dizer com tudo aquilo apenas estava negando a mim mesma, mas apenas no momento em que pude ouvir o barulho de seu carro se afastando pude realmente cair no chão duro e frio da realidade, mas o pior desde tombo era ter sido sem nenhum paraquedas.

Sabe quanto alguém te diz que chorou um litro de lágrimas e você desacreditar achando ser impossível? Bem meu caro, é mais do que possível. Mas com este "um litro" queremos na realidade dizer sentimentos, não choramos apenas lágrimas e sim sentimentos, isso que faz com que sejam um litro.

-Deus... Porque o senhor apenas não tira essa dor de mim de uma vez por todas? -Peço em meio às lágrimas e soluços, apesar de não ser uma pessoa muito religiosa eu acreditava que Deus poderia fazer aquilo, só não sabia se era merecedora de seus milagres.

***

Acordo sentindo minhas costas doerem, havia passado a noite toda em um chão frio e duro, mas não tão frio como o vazio que pareava em mim. Levanto-me rapidamente e vou até a sala numa falha procura de Jeff.

-Jeff? -Pergunto andando e entrando por vários cômodos. - Você está aí?

"Não, ele não está sua boba" era o que minha consciência me dizia fortemente mostrando-me o quão ingênua eu estava sendo, de novo. Era muito dramático de minha parte querer que a única pessoa que eu ainda me importasse, que eu ainda tinha, se importasse comigo também?

Acho que sou um grande fardo a carregar, pois, cedo ou tarde todos me abandonam, de uma forma ou outra todos vão embora. Aquele "nunca vou embora" é falso. Aquele "olá" lindo e maravilhoso que me marca sempre termina com um doloroso "adeus".

Eu sempre estava a pensar naquela casa, era tudo tão estranho, quando Jeff estava ali ela era tão pequena mas quando não estava parecia tão grande, como um imenso labirinto de dor onde as paredes estavam sempre a mudar para que eu não encontrasse a saída, mesmo a odiando eu jamais conseguiria sair daquela casa, afinal, não tinha nenhum outro lugar a ir, ninguém a quem visitar. Eu estava totalmente sozinha no mundo.

Ele sempre estava tentando me mudar, será que eu não poderia apenas ir como eu era? Como uma pessoa muito importante havia me dito uma vez. Eu não poderia ir devagar ao invés de me apressar? Não poderia soltar o gatilho ao invés de segura-lo?

Acho que mais uma vez eu estava afundando nesse barco, um grande iceberg de dor e sofrimento havia batido em mim, e agora com imensos sentimentos e pensamentos eu estava fundando, sem chances de me salvar. Em pouco tempo eu seria apenas mais uma afundando em um grande oceano, apenas um navio de sentimentos afundado e enterrado pela vida, e em pouco tempo eu seria esquecida, mas acho que o universo nem se daria conta disso.

Vou a janela e começo a olhar fixamente para todas as árvores, ou mais especificamente dizendo a luz que batia nelas, o sol. No sol eu sempre me sentia única, ao mesmo tempo em que me sentia casada e enterrada em sua forte luz solar. Já tem um tempo em que eu esqueci essa sensação, já faz um bom tempo que eu o esqueci para ser sincera. Eu costumava odia-lo por sempre preferir a escuridão da noite, mas quando de fato me encontrei nela comecei a ter saudades do sol.

Sozinha naquela casa, imensos livros numa linda prateleira, imensos discos em uma gaveta, e em meio há tudo aquilo, suas palavras eram as únicas que eu queria que estivessem escritas, sua voz era a única coisa que eu queria ouvir.

Eu queria muito saber nadar, saber correr, e gritar, porque eu estaria me afogando em uma imensa depressão outra vez, porque estaria presa em um labirinto de dor, e porque estaria trancafiada em meu próprio silêncio de novo. Este nome é tão mentiroso não acha? Ao contrário do que ele sugere, em um silêncio nunca há ele de fato, há apenas gritos e dor, nada silencioso.

Tempo, tão rápido mas tão lento, eu me sentiria a Alice se as maravilhas se transformassem em terror, se sua confusão fosse mais confusa, e se a dor que seu gato lhe proporcionava fosse mais emocionalmente do que física.

Suspiro fundo com este pensamento, eu já estava muito abaixo para nadar a superfície de novo, já havia me afogado demais para alguém sequer se lembrasse de me salvar.

-48... Não! -Digo consultando o relógio. - Primeiras 72 horas desde que ele se foi. - Suspiro me sentindo derrotada pelo tempo.

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💕💕I'm back babys! 💕💕
Bom como eu havia dito se demorasse muitoooo eu iria parar o hiatus e como muita gente estava querendo cap novo decidi por um fim nele ❤️
Os caps voltaram a ser todas as quartas :3
(Sim, eu fiz muuuiita referência nesse cap, principalmente ao Nirvana)
Bom é só isso mesmo
Beijinhos de chocolate, paçoca, nutella e morango (tenho que cuidar da saúde de vocês) no kokoro de vocês 💕🍫🍓
Sayounara ❤️💕
💋

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Where stories live. Discover now