5. Me afogue

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      "Agora cê sabe que eu tenho que ir
          e eu tô ligado se quiser partir..."
                          —Rocco

"Maldita, maldita seja Misaki" pensei por tanto tempo. Maldita seja essa bendita na qual fez minha cabeça uma confusão se tornar. Eu a odiava tanto, mas era um ódio complexo demais, eu queria matá-la mas não poderia viver sem ela. Era surreal a maneira na qual ela conseguia ser nada e tudo ao mesmo tempo. Era uma droga, tão viciante quanto uma heroína, arruinava tanto quanto tal, e ao mesmo tempo era tão frágil como a sua agulha, podendo quebrar em um único golpe e cortar ao mesmo tempo. Era a chuva do lado de fora da minha janela, batendo em meu arrogante vidro, fria e cruel gritando do lado de fora numa calorosa maneira de mostrar-me que eu não estava sozinho. Era o cigarro que se prendia entre meus lábios, me dava prazer durante sua presença, desespero na ausência, uma dependência tão forte que me fazia acreditar necessitar dela o tempo todo. Era como um pequeno oceano, com suas inúmeras ondas ela me acalmava, ao mesmo tempo em que afogava. Era tantas coisas, hoje não é nada. O tempo tem uma terrível mania de levar tudo o que importa de verdade embora, não?!

Veja bem, ali naquele mesmo momento eu não fui capaz de contemplar os mínimos detalhes dela, detalhes esses que hoje me causam uma enorme, tais como: Seus lindos e hipnotizantes olhos, um banhado em azul tão delicado, outro banhado em um verde dominador e chamativo. Seu cabelo vermelho, um vermelho tão forte quanto as chamas que vinham me queimando. Sua boca, tão avermelhada e ao mesmo tempo pálida por conta do frio, era tentadora em todos os momentos, um verdadeiro veneno. Seus detalhes me travavam e me enlouqueciam.

Confusa ela me olhava daquela mesma maneira de sempre, tentando decifrar. Essa era outra das coisas que eu mais gostava dela, sabia que jamais me entenderia e ainda sim não desistia nunca. Como uma pequena criança perdida na terra do nunca ela continuava a procurar o caminho de volta para casa, embora não houvesse mais casa, não houvesse mais ninguém.

Se não fosse deveras observador provavelmente acabaria me esquecendo daquilo, sim, o medo, bem lá no fundo de seus olhos por baixo daquela curiosidade toda havia medo, queria eu ter sentido arrependimento ao ver aquela reação em alguém do qual eu supostamente acreditava gostar mas não foi bem assim, inevitavelmente aquela sua expressão só me dava mais prazer, dava-me uma enorme vontade de provocar mais e mais, a possuir e testar até em que ponto ela tentaria esconder aquilo tudo. Sim, certamente uma das coisas mais difíceis era me controlar perto de Misaki.

-Mas eu te odeio. -Ela disse me fazendo por poucos segundos perder o chão, cruelmente me trazendo a realidade quando continuou sua frase. -Eu te odeio Jeff, você desgraçou meu emocional, me machucou de todas as formas que alguém poderia machucar, me abandonou quando mais precisei, me fez sangrar inúmeras vezes e não se seu o trabalho de limpar uma única gota minha. Eu realmente te odeio Jeff.

-Então... Por que...

-Por que nunca te abandonei? -Ela disse agora fazendo com que eu recuasse, nunca a tinha visto assim, com uma áurea tão forte dentro daquele frágil corpo ela me fez por alguns segundos temê-la. - Porque eu te amo idiota, e eu te odeio também. Você realmente me fez muito mal, mas é por te amar que eu esqueço essas coisas...

Suas bochechas agora levemente coradas me faziam ter um pequeno e doce pensamento de como Misaki parecia realmente uma adolescente às vezes.

Antes que pudéssemos falar mais alguma coisa as mesmas crianças de antes surgiram, todas soadas e com a respiração ofegante demonstrando que haviam corrido bastante para chegar até aquele beco —que agora começará a ter um pouco mais de cor por conta do céu que começava a amanhecer—.

-Misaki-chan por que saiu correndo desse... Tudo por conta dele? -A garota disse fazendo uma expressão de desaprovação tremenda.

Embora tudo estivesse ocorrendo ao meu redor eu já não era mais capaz de ouvir nada, surdo, apenas as palavras de Misaki ecoavam em minha cabeça, gritando em um silêncio, em um vácuo. "Eu te odeio, e eu te amo", o que isso significava? Pensava martelando minha cabeça numa falha tentativa de encontrar respostas. Afinal, amor e ódio se misturavam assim? Impossível, julgava eu naquela época, como um grande ignorante eu não queria ter de mudar minhas opiniões sobre algo, ou talvez eu apenas não queria ter de admitir que se fosse assim eu também amava Misaki, não queria admitir que gostava de outra pessoa fora eu mesmo, e por conta disso deixava-me ser consumido pela ignorância e orgulho. A arte mais insana de um louco é além de dar razão a seus pensamentos insanos se deixar afogar por eles, apagar tudo ao seu redor e viver insanamente com a loucura como sua chama de vida. Prazer um louco.

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                 こんにちは~~
Antes mesmo de pedir desculpas eu queria agradecer a todos vocês que continuaram aqui e não desistiram de mim mesmo quando não pude publicar, isso realmente significa muito para mim, de verdade. Pessoalmente não tenho ninguém que se interesse em ouvir nada do que digo e ter vocês aqui é literalmente a única coisa que me salva, obrigada por serem meus anjos.
E segundamente peço imensas desculpas pelo atraso, minha vida está toda corrida de novo mas farei o possível (e impossível) para voltar a publicar com frequência aqui. Peço a paciência de vocês até que eu o consiga fazer.
Mais uma vez obrigada! ❤️

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Where stories live. Discover now