Cap 21: Parta meu coração de novo

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"Porque você teve que partir meu coração?
Verdade ou mentira, eu não posso distingui-los
Tudo o que você faz é me deixar louco
Você me fere, me machuca
...
Porque ainda te amo quando você é a razão para esta dor?
Eu preciso de você agora!
Porque não posso apenas dizer adeus quando tudo que você faz é me fazer chorar? ..."
– I Need U (Cover By: Margot D.R.)

Pequenos pedaços daquela imensa discussão voltam a percorrer minha pequena e vazia cabeça, toda a dor, todos os sorrisos, lágrimas, no fim não valeram nada para acabar assim tão rápido? Porque sempre que eu consigo me manter de pé o destino insiste em me derrubar de novo? No meio de todos estes porquês, a única certeza que eu tenho é que ainda o amo, talvez este seja o meu defeito. Eu não consigo dizer-lhe adeus mesmo quando ele já me esqueceu há tempos, eu continuo dizendo: "Te amo" e "Te perdoou". Quando na realidade deveria sair de sua vida o mais rápido possível. Mas do que adianta pensar tudo isso agora? Ele já foi mais rápido que eu de qualquer maneira.

Sim, eu estou no chão de novo, emocionalmente destruída, fisicamente acabada, espiritualmente traumatizada. Esta é minha situação atual.

Às vezes me pego pensando se não sou apenas dramática, mas mesmo que este fosse o caso ainda não haveria nada o que fazer, acho que sou apenas uma submissa da dor, aceitando de cabeça baixa todas as suas ordens. Como uma pequena prisioneira, estou trancada em sua caixa em forma de coração, de aparência doce, interior amargo, sendo torturada fortemente por pensamentos, momentos, e o pior de tudo: Lembranças.

Nem todos conseguem esquecer rápido, e é para isso que servem as lembranças, para ficarem vagando fortemente em nossas cabeças, retratando momentos, sentimentos, e pessoas que não voltarão mais. Lembranças são vilões cruéis às vezes.

Em alguns momentos me pego pensando se não sou bipolar, ao mesmo tempo que amo Jeff, que sinto sua falta, que choro toda noite por sua ausência e clamo por sua presença, também o odeio fortemente por me deixar, o detesto por amá-lo tanto, o odeio tanto... Mas no fundo, mesmo que eu tente esconder quem eu realmente odeio sou eu mesma. Me odeio por ser tão fraca, quero dizer, que pessoa fica deitada em um chão frio, duro, é sujo esperando que alguém volte sabendo que no fundo essa pessoa não se importa? Que tipo de pessoa fica horas e horas vagando em lembranças que jamais voltarão? Que tipo de pessoa se questiona inúmeras coisas e no fundo não tenta mudar nada? Acho que já me acostumei com o chão porque não sinto mais vontade de levantar, talvez este seja meu lugar.

Mamãe não estaria orgulhosa de mim agora não? Solto um pequeno riso com este pensamento, não importa o quanto eu tentasse eu nunca teria sido o suficiente para ela, ou para o papai, e sempre fui muito menos para Jeff. Nunca importou o tanto de tentativas, eu nunca cheguei perto de ser o suficiente para alguém, acho que é por isso que todos sempre me abandonam, acho que depois de colocarem todas suas expectativas em mim e só receberem decepções o abandono é a melhor opção. Afinal, a expectativa é a melhor amiga da decepção.

Este silêncio de novo, tudo o que eu queria era poder gritar o tanto que eu preciso dele agora, sufocar meus pulmões com o pouco ar que me resta, esgotar a pouca força que eu ainda tenho, quebrar todos os cacos que ainda sobraram, mas do que ia adiantar? Se ele ao menos pudesse saber disso, mudaria alguma coisa? Não! Esta é a resposta, mais fria e real. Meus sentimentos não têm importância para ele, e é isso que me mata profundamente a cada dia, a cada longo e rápido dia, eu fico mais e mais vazia.

No meio de todos estes pensamentos ouso um barulho de carro se aproximando, parece tanto com o carro dele, talvez eu esteja louca pois tenho a certeza absoluta de que ouvi sua voz. Me levanto em um pulo e começo a encarar ansiosamente a porta de madeira a minha frente, sua madeira rústica e um tanto velha nunca foram tão lindas para mim até que pude ver a maçaneta nela se mexendo.

Naquele momento me senti como em um pequeno e simples jogo de queimada, pois, assim que achei que estava ganhando levei uma grande e pesada bola na qual acertou diretamente todo o meu ser. Eu havia experimentando o paraíso naquele momento mas já estava de volta ao meu torturante e conhecido inferno. Era Jeff que estava a minha frente, mas ele não estava sozinho.

-Misaki... Eu... Não achei que estaria... Aqui... Me esperando. - Ele diz desviando seu olhar do meu, coçando fortemente seus cabelos como se estivesse nervoso.

-Idiota. - Foi a única coisa que consegui dizer, onde mais ele pensou que eu pudesse estar?

Tirei minha atenção dele e a voltei para a garota a minha frente, era a mesma daquela antiga reunião que Jeff havia feito aqui, ela era a garota de vestes negras e brancas com gargalhadas exageradas e comentários estranhos (mas não mais estranhos que ela).

- Ela irá ficar aqui? - A garota pergunta apontando para mim me olhando com desdém. Jeff a olha com raiva estampada em seus olhos, o conhecendo bem se ela não fosse uma garota ele já teria lhe socado há tempos. - Bom, tanto faz. Desde que ela não nos atrapalhe, eu não me importo.

- Quem é você? E o que você veio fazer aqui? -Pergunto com certa irritação em minha voz, eu não estava com ciúmes apenas não havia gostado nenhum pouco daquela garota, afinal, quem ela pensa que é para chegar aqui e falar comigo desta maneira?

-Me chame de Zero, e eu apenas vim fazer o que você não faz. - Ela disse dando uma risadinha exagerada e em seguida um sorriso malicioso lançando a Jeff.

Olhei para Jeff na esperança de que ele me disse algo como: "Não é o que você está pensando" ou "Deixe-me explicar melhor". Mas tudo o que ele fez foi ficar quieto evitando me olhar nos olhos, ele havia me trocado de novo, e o pior era que desta vez foi pela primeira pessoa que ele encontrou. Será que sou tão insuportável assim para que ele me troque por qualquer uma? Penso comigo mesma. Minha vontade era derramar imensas lagrimas ali mesmo, mas eu sabia que ele não as merecia, então as segurei o máximo que pude.

-Idiota! - Disse e corri rapidamente para o quarto de hóspedes, me trancando lá dentro. Pude ouvir mais algumas risadas escandalosas vindas de Zero, ela estava amando tudo aquilo.

Trancada, minha vontade de chorar permaneceu, mas eu estava ficando mais forte emocionalmente, mesmo querendo eu não chorei, pela primeira vez. Eu finalmente havia aprendido que chorar não muda nada. Mas apesar disto, tudo o que eu queria naquele momento era sumir. Talvez eu devesse sumir mesmo, penso comigo mesma. Pela primeira vez eu estava planejando fazer algo para mudar, e desta vez eu não poderia deixar nada me atrapalhar, sim, isto iria doer, e iria me machucar tanto, mas eu cansei de correr atrás do Jeff e só receber dor e sofrimento, era hora de correr atrás da minha felicidade própria.

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Onde histórias criam vida. Descubra agora