Cap 26: Nova realidade, acorde

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"Embora eu não estivesse lá, ele disse que eu era seu amigo
Que veio como uma surpresa
Falei olhando nos olhos dele: "Achei que você tinha morrido sozinho, há muito tempo atrás."
...
Por anos eu vaguei
Olhei fixamente milhões de montanhas
Eu devia ter morrido sozinho
Há muito tempo atrás..."
–The Man Who Sold The World (Nirvana)

//Avisos no final!//

Acordei novamente naquele silêncio que tanto me incomodava. Era incrível o quanto minha cabeça poderia ser barulhenta fazendo tanto silêncio por fora. Olho fixamente o despertador, já faz um tempo que o coloquei para despertar mais cedo do que deveria, faz um tempo desde que venho tendo problemas para levantar da cama, por mais que eu tente sinto meu corpo tão morto, levantar é quase um desafio.

Já faz um tempo que sinto que há algo faltando em minha vida, mas eu nunca sei o que é, no começo me deixei levar pelo pensamento de que eu apenas poderia estar com saudades de meus falecidos pais, mas ainda sinto que não é isso. É tudo tão estranho, por mais que na faculdade eu esteja cercada de pessoas me sinto tão sozinha, vários rostos sem nome e eu ainda procuro por um no qual eu não sei se irei encontrar. Parece que falta algo dentro de mim, mas eu não consigo encontrar esse algo.

Me levanto me distraindo por alguns segundos com o pequeno quadro em minha parede, uma frase em grego cujo significado jamais saberei:
χορδή
Ainda não sei quem o colocou lá, para falar a verdade não me lembro nem ao menos de quando comprei esta casa, ou como consegui estas cicatrizes em meu pescoço, às vezes me parece que estou vivendo uma grande ilusão da minha própria cabeça, por mais maluco que este pensamento seja ele me assusta muito, não sei porque mas sempre me pego pensando coisas como: "Se isto é uma ilusão o que está acontecendo do lado de fora?". Já me disseram para procurar um médico, mas ao contrário da maioria não acho que seus milhões de remédios, pílulas amargas possam me ajudar.

Começo a me arrumar da forma mais simples possível, nunca quis chamar a atenção mas por alguma razão sempre me escondo de todos, apesar de ser normal tenho um pequeno pensamento que me diz que chamarei a atenção apenas por existir, o que chega a ser meio irônico ao ver que na realidade em que vivo eu sou praticamente uma super heroína cujo poder é ser invisível. Ao terminar de me arrumar começo a caminhar em direção à faculdade de direito que estava fazendo que não ficava muito longe de casa.

***

Ao chegar lá me sento na penúltima carteira, gostaria de sentar exatamente na última carteira mas infelizmente eu não ficaria menos visível lá, às vezes eu gostava disso, o lado bom de ser invisível é que ninguém lhe vê, ou seja, ninguém lhe julga ou culpa por algo, mas o lado ruim é que você não tem ninguém.

Como eu fiquei assim? Era o que eu sempre me pegava de fato pensando. Eu poderia ser normal, ter inúmeros amigos, ir à festas, arrumar um namorado, casar, mas ao invés disso eu apenas me tranquei em meu próprio mundo, e joguei a chave fora, me isolei de todos me atirando a um fundo mar de solidão, e agora sinto que é tarde demais para nadar novamente à beira, até que porque, não teria ninguém me esperando lá. A vida me parece tão insignificante, não tem nada que valha um sorriso.
Nem ao menos sei porque escolhi fazer direito, outra coisa estranha, nem ao menos me lembro de ter escolhido está faculdade, preferia ter seguido para uma de letras. Às vezes sinto que minhas memórias foram sugadas por um banshee, (criatura de supernatural que no livro da série suga as memórias) devo ter enlouquecido. Mas acho que isso é normal, acredito que todos nós perdemos a cabeça às vezes.

Começo a prestar atenção na aula até novamente me perder nas palavras do professor, isso me matava, por mais que eu quisesse prestar atenção suas palavras pareciam um forte imã que puxava inúmeras coisas aleatórias em minha mente fazendo com que perdesse totalmente o foco.

Sinto um forte impacto em meu corpo como se tivesse sido empurrado para a frente e mais um daqueles "flashes" de "memórias não existentes" passam pela minha mente novamente. Isso vem acontecendo com frequência, cada vez com mais intensidade. Neste, eu estava novamente amarrada como de costume, amarrada em uma grande tábua de ferro na parada que me mantinha "em pé", estava incrivelmente machucada, lábios sangrando, olhos roxos, entre inúmeros outros machucados, no meio daquele ambiente escuro pude avistar um homem, eu não podia ver seu rosto mas via claramente seu sorriso irônico e sombrio se aproximando cada vez mais de mim, conforme ele se aproximava lágrimas desciam sobre meus olhos, assim que ele estendeu sua mão para me tocar eu volto a minha realidade.

-Misaki, acorde... Porfavor. -Ouso uma voz fraca e rouca dizer. Olho ao redor mas todos os meus colegas estavam quietos em seus cantos, parecia que nenhum deles havia dito isso.

-Senhorita Goriki, algum problema?-O professor me pergunta vendo meu caderno inteiramente vazio.

-N-não senhor. -Balanço minha cabeça de forma negativa.- Desculpe por isso.

Odiava ser tão fraca perante tudo, a maior parte das pessoas conseguem enfrentar seus problemas de cabeça erguida enquanto eu me via apenas como uma ratinha medrosa que fugia a qualquer sinal de perigo. Sempre tão fraca.

Olho para a lousa e me preparo para copiar a matéria quando vejo o mesma frase grega do meu quadro: χορδή. Estranho, não me lembro de ter escrito isso, quando isso aconteceu?

-Não sabia que falava grego senhorita Goriki. - O professor, Saeki, diz me assustando com sua presença, podia jurar que ele estava em sua mesa.

-E... Eu comecei a pouco tempo sabe?-Digo meio nervosa.- E... O senhor poderia traduzir isso para mim? Estou com muita dificuldade nessa tradução. -Invento a primeira desculpa que me veio à mente, precisa descobrir o significado daquela palavra.

-Diculdade? Ora, é uma palavra muito simples. -Ele diz pegando o caderno para analisar melhor.- Hum, vejamos... Simples! -Diz me entregando o caderno de volta com um sorrisinho vitorioso no rosto.- Acorde. Acorde Misaki.

Ao dizer isso ele volta para sua mesa sem me deixar falar mais nada. De novo essa maldita palavra, mas o que diabos "acorde" quer dizer?! Acordar do que? Eu já estou acordada... Ou será que apenas acredito estar?

-Porfavor Misaki, acorde... Acorde.-Um garoto ao meu lado diz desesperado gritando a última palavra.

-ACORDAR DO QUE? -Digo gritando me levantando fazendo com que todos me olhassem.

-Mas... Eu só pedi a borracha emprestada. - O garoto responde me olhando como se eu fosse louca, assim como todo o resto da sala.

Resmungo uma coisa qualquer e lhe entrego a borracha me sentando rapidamente em meu lugar. Não acredito que passei uma vergonha destas na frente de todos! Onde estou com a cabeça?!

O sinal toca dando fim à aula, finalmente, penso aliviada, precisava ir para casa e pensar um pouco sobre tudo isso, precisava de paz, mas todos aqueles olhos curiosos me olhando como se eu fosse louca não me ajudavam nenhum pouco. Acorde Misaki, acorde, uma voz em minha mente grita, e antes mesmo que eu pudesse me dar conta estava sozinha na sala de aula. Tudo aqui é tão estranho.

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Heslou Genteny. Bom sei que vocês podem estar meio "bugados" com esse cap, mas os próximos irão esclarecer muita coisa, prometo! Qualquer dúvida podem perguntar nos comentários ^^
Também queria pedir desculpas, estou passando por uns problemas e acho que isso está afetando de forma negativa os cap, peço-lhes um pouco de paciência, logo logo irei melhorar-los... Desculpem de novo...

✞ Meu Doce Psicopata✞ ⇒Jeff The Killer⇐ (Versão Antiga, Cancelada) Where stories live. Discover now