CAPÍTULO XXXVI

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Minha mãe havia tentado por anos colocar New Orleans no meu coração.

Eu era uma garota texana, estava acostumada aos trucks buzinando nos meus ouvidos no trânsito, estava acostumada a defender a Segunda Emenda com minha própria vida, como todo bom Texano, mas, eu ainda era a garota de jaqueta de couro negro e coturnos no Go Texan Day, quando todo mundo exibia seus chapéus e botas de cowboy, porque tinha uma parte minha que sempre havia se sentido deslocada lá.

Quando cheguei em New Orleans, o simples fato de respirar o ar daqui, de ouvir, de sentir, de viver, fez com que essa parte encontrasse seu lugar. Mas, ainda assim, outra parte, algo novo despertou, uma parte nova de mim nasceu e está ainda perdida. Como se não mal ou bem, se não morte ou vida, só... Não está aqui. Não ainda pelo menos.

No momento em que Dimitri me beijou e se afastou para longe, para o outro lado, eu sabia que algo estava prestes a mudar. Não era entre nós. Eu tinha certeza do que sentia por ele, eu o amava mais que já havia amado qualquer outro homem. Nunca havia me permitido envolver-me com outra pessoa assim, nunca sequer tinha dito a alguém como me sentia. Eu pensava em perdê-lo e era como se tudo em mim ruísse e eu sentisse a queda em iminência.

E ainda assim, algo mudaria. Eu apenas sabia.

O concreto praticamente quebrava sob meus pés. Eu caminhei devagar por entre todos aqueles túmulos e criptas, algumas tão antigas e sem qualquer tipo de manutenção que pareciam querer desabar a qualquer momento. Alguém foi ousado o suficiente para rabiscar em um mausoléu luxuoso: "Mikaelson". Eu ri.

Essa cidade.

New Orleans é movida por algum tipo de força, as pessoas daqui simplesmente não conseguem desanimar, mesmo após a onda catastrófica que se abateu sobre a cidade mais de uma década antes, ela está aqui, tentando se reerguer. Depois daí, descobriram que a região em que foi construída afunda uma quantidade significativa por ano, mas, então, as pessoas ainda estão aqui.

Elas estão brigando por suas vidas, reconstruindo-se sobre ruínas, refazendo suas histórias sobre rascunhos de memórias, sobre perdas que nunca serão recuperadas.

A águia dourada ostentava a opulência da qual Dimitri havia falado, não era tão grande, mas, era dourada como ouro, e logo abaixo dela estava escrito numa caligrafia sofisticada o sobrenome da família. Erveaux. Era fechado, não com cadeados, mas, com grades literalmente soldadas.

O que quer que fosse que Wade quisesse que nós encontrássemos aqui, com certeza, não estava lá dentro. Passei minhas mãos sobre o concreto, nada havia lá. Nenhum papel, ou qualquer sinal de que havia algo. Talvez Dimitri tivesse mais sorte.

Peguei o celular para ligar para ele, no mesmo momento, ele tocou.

Um passo a sua frente, Rosseau.

Completamente Dimitri - Samuell's - Livro IIWhere stories live. Discover now