A Receptora - O Ritual de Iniciação (livro um)

CAPÍTULO 4: Capturados

Neko, que mantinha um olhar assombrado no rosto, jogou as mãos para o alto, como se estivesse se rendendo, e Brian empurrou Rebeca para trás, tentando escondê-la com o próprio corpo. Loey se atracou ao braço de Noah, choramingando assustado.

– Loey está com medo – confidenciou ele baixinho.

– Como é que nos acharam? – perguntou Brian, olhando para os lados como se resposta estivesse escondida em algum lugar do quarto.

– Seria impossível não achar – disse um homem, que Rebeca imediatamente reconheceu como sendo Marco – quando vocês estavam praticamente gritando por atenção.

Treze... Quatorze... Quinze. Contou Rebeca, sentindo seu crescente desespero se espalhar ainda mais enquanto observava as varias espadas e lanças apontadas na direção deles. Quinze deles contra cinco de nós, realmente muito justo.

– Gritando por atenção? – repetiu Neko, claramente confuso – Mas nós não...

Uma mulher, de cabelos loiros cortados no estilo príncipe encantado, o cortou.

– Não se faça de desentendido, feiticeiro! – Ela rosnou. – Suas ações atraíram diversos nébulos para a barreira. Tivemos sorte em conseguirmos detê-los antes que a atravessassem.

Rebeca olhou para Neko, que parecia perder a cor do rosto gradativamente.

– Mas... mas eu não... eu... – ele começou a gaguejar, mas Marco o interrompeu.

– Diga logo o que estavam fazendo aqui e, talvez, reduzamos sua pena quando você for a julgamento – disse – Embora seus crimes sejam dignos de exílio, senão de pena máxima.

Neko prendeu a respiração.

– Meu negócio está de acordo com a lei!

– Mesmo? Pois não me recordo de lojas na Terra estarem previstas no Tratado, muito menos contrabando, enganação de humanos e a criação de um portal dimensional com magia proibia! – Um homem moreno e com olhos verde-água rebateu, furioso. O mais velho perdeu a fala. – Diga logo o que estava fazendo!

Neko girou sobre os tornozelos, erguendo um dedo acusador para Rebeca, que ainda estava escondida atrás de Brian. Ela ofegou, sentindo o olhar de todos ali pesando em sua direção.

– Esses dois desgraçados apareceram em minha loja dizendo que ela tinha sido atacada por um nébulo e me importunaram até que eu a trouxesse para cá e aplicasse um antídoto nela. – Acusou. – Eu tentei me opor, mas eles me chantagearam e ameaçaram. Não tive escolha.

Um murmúrio correu a sala, podiam ser acusações ou suposições.

– Mas o quê é isso? – a loira de antes demandou, olhando para Rebeca como se ela fosse algum tipo de monstro mutante.

– É uma humana – respondeu Noah, o canto de sua boca se erguendo em um sorriso provocativo. – Acredito que você já tenha ouvido falar neles antes, Vanessa. Você sabe, aquela história toda de guardar e proteger os mais fracos.

Vanessa olhou raivosa para ele, parecendo calcular a melhor forma de matá-lo.

– E o quê é que vocês dois estão fazendo aqui? – ela perguntou.

– Isso é uma longa história – respondeu Noah dando de ombros.

Ao invés de responder, Vanessa girou para Marco, aguardando que ele dissesse alguma coisa à respeito. Ele disse:

– O quê vocês pensam que estão fazendo com essa humana aqui? – pronunciou, trocando olhares entre Noah e Brian. Ele suspirou. – Espero que saibam o tamanho do problema em que se meteram.