CAPÍTULO 38: Embate

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Eles percorreram os corredores correndo e tropeçando, Brian se martirizando a cada passada por ter dormido demais e perdido o primeiro sinal. Entre uma reclamação e outra, ele informou Rebeca de que algumas aulas bônus iriam acontecer naquela manhã. Não eram obrigatórias, mas alguém como ele – que praticamente estava no negativo em relação a notas – não podia se dar ao luxo de perdê-las.

A distância, o barulho de vozes misturadas podia ser ouvido e, conforme avançavam, ele se tornava mais alto. Dobrando uma esquina, chegaram em uma grande porta aberta, uma sala de aula. Um tipo de lousa transparente estava acoplada em uma parede inteira. Parecia ser feita de vidro e uma mulher de cabelos loiros e curtos escrevia frases nela com a ponta de seu indicador. Carteiras estavam espalhadas em fileiras pela sala, ocupados por alguns poucos alunos.

– Mudei de ideia – disse Rebeca, recuando um passo. – Vou deixar você estudar e me mandar.

Brian piscou os olhos.

– Você pode ficar se quiser.

– Estou recusando qualquer coisa parecida com uma escola até o fim do verão, obrigada – ela dispensou. – Prefiro o meu quarto.

– Precisa de ajuda pra voltar?

– Já vi Noah ativando o portal de Lisandre, consigo me virar – Ela disse, balançando as mãos. Brian assentiu.

– A gente se vê? – ele parecia meio incerto quanto ao que dizer, hesitante. Rebeca sorriu, apertando o braço dele em despedida.

– A gente se vê.

Brian tentou entrar discretamente na sala, quase arrastando-se pela parede, mas a mulher que estava na lousa girou, provavelmente para iniciar a aula, e cerrou os olhos assim que o notou.

– Vejo que finalmente resolveu se juntar a nós, Palathorn. Devo lhe dar os parabéns? – Ela questionou, fazendo o garoto encolher os ombros. – Sente-se logo.

– Claro, mãe – Brian murmurou, lançando um último olhar para Rebeca antes de seguir para uma carteira na frente.

Essa é a mãe dele? Rebeca pensou, meio espantada com a irritabilidade da mulher enquanto começava a girar no corredor. Parou o movimento pela metade, avistando Noah sentado no fundo da sala. Ele girava uma pequena lâmina entre os dedos, ignorando tudo e todos em sua volta. Se lembrou então do segundo motivo que a tinha levado até Clanos: O diário de sua mãe. Não tinha falado sobre isso com Brian já que alguma coisa lhe dizia que o loiro, diferente de Noah, a encorajaria a deixar a ideia de lado.

Noah tinha sido bem positivo sobre a ideia antes e era sua melhor chance de encontrar o diário.

Ela ergueu as mãos acima da cabeça, abanando-as para os lados para tentar chamar a atenção do garoto. Noah parou de girar a pequena adaga e ergueu os olhos preguiçosamente na direção dela, erguendo a sobrancelha como se perguntasse o que ela queria. Rebeca o chamou para fora com os dedos, vendo-o revirar os olhos e suspirar. Após três segundos de hesitação, ele se levantou.

– A que devo a honra desse chamado? – ele perguntou assim que saiu da sala, fechando a porta atrás de si.

Ela decidiu ignorar a alfinetada.

– Antes, no quarto do Brian – ela disse – Por que foi embora do nada?

Ele pareceu desacreditado.

– Atrapalhar reconciliações amorosas não é o meu programa favorito. – Ele a olhou de cima quando ela não respondeu, apertando os lábios em uma linha fina. – O que você quer, afinal?

A Receptora - O Ritual de Iniciação (livro um) Where stories live. Discover now