Loey já conversava com o anão quando ela se aproximou.
– ... ajudar os amigos de Loey. – Ele gesticulou para Rebeca e Noah ao percebê-los ao seu lado. Ela notou que Maben avaliava a ela e a Noah e aproveitou para fazer o mesmo. Cachos bagunçados de um tom de castanho claro caíam pela nuca e roçavam os ombros, usava uma barba mal aparada e tinha olhos profundos e verdes. Uma carranca mal humorada lhe cobria o rosto, lhe passando uma áurea quase ameaçadora. – Esses são os amigos de Loey.
– E aí? – cumprimentou Noah, reassumindo seu usual tom despreocupado.
Ela ergueu a mão direita, acenando para o homem – que não parecia muito feliz em ter seu momento de bebedeira solitária interrompido.
– E o que seus amigos querem comigo, Loey? – quis saber o homem, sua voz soava cansada e aborrecida, mas parecia fazer um esforcinho para ser gentil com o gigante.
– Na verdade – adiantou-se Rebeca antes que Loey ou Noah pudessem dizer alguma coisa. – Sou eu quem quer falar com você.
Maben olhou para ela com as sobrancelhas erguidas.
– Você? – questionou ele e alguma coisa naqueles olhos indicava que sabia até mesmo o mais profundo de seus segredos. – E quem exatamente seria você?
– Sou Brooke – Rebeca engoliu em seco, sentindo-se intimidada apenas ao olhar para ele – Do clã Lerofer.
– O que acham de nos sentarmos aqui? – interrompeu Noah, soando educado até demais. Ele não esperou por uma resposta e foi logo empurrando Rebeca para que ela se sentasse no banco vago antes de se sentar ao lado dela. – É melhor para conversar, não é?
Antes que Maben pudesse protestar, Betty reapareceu com os dois drinks e as batatas de Loey. Distribuiu a comida rapidamente e saiu assim que pode, quase como se não suportasse ficar muito tempo perto deles. Antes de sair, no entanto, ela lançou um olhar desconfiado para o homem, quase como se perguntasse se estava tudo bem.
Rebeca abaixou o rosto na altura do copo em sua frente, examinando o líquido cor de violeta. Havia uma coisa semelhante a uma rodela de limão – porém rosa – no fundo do copo, pequenas ervinhas parecidas com menta boiavam na superfície e o líquido, por alguma razão inexplicável para a garota, estava borbulhando.
Ela encarou Noah e sua bebida amarela e perfeitamente normal. É isso que ele quer que eu experimente?
Virando o rosto, deu de cara com Maben a encarando por cima de sua caneca prateada.
– Então, no que lhe posso ser útil? – perguntou ele em um tom suave mas, ao mesmo tempo, atento.
Rebeca tentou sorrir.
– Estou procurando uma pessoa – ela começou, apertando os dedos ao redor de sua taça. – E ouvi dizer que você sabe onde ela está.
– Mesmo? – ele fingiu surpresa. – E quem seria esta pessoa?
Ela lançou uma rápida olhadela para Noah, que degustava tranquilamente de sua bebida. Ele balançou a cabeça, incentivando-a a continuar.
– É uma vidente – disse – Calista é seu nome.
Diferente do tipo de reação que ela esperava dele, Maben riu. Um riso seco e forçado, soava irônico. Rebeca percebeu Noah se retesando ao seu lado.
– Eu realmente não estou entendendo a graça – disse ele.
Maben riu mais um pouquinho, tomou mais alguns goles de sua bebida e os olhou como se estivesse diante de duas tolas criancinhas.
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A Receptora - O Ritual de Iniciação (livro um)
FantasyRebeca Westgan, uma adolescente nova-iorquina de dezesseis anos, achava impossível arrumar um problema maior do que a avó irritada naquela fatídica sexta-feira. Mas sua convicção vai para o ralo quando ela se depara com dois estranhos garotos brigan...