CAPÍTULO 54: Aproximação

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Você não está sendo imparcial! – Bianca acusou enquanto ria com seu jeito escandaloso de sempre.

– E você muito menos – Lana rebateu, rindo tanto quanto ela.

– Rebeca, você decide! – Decretou Bianca, voltando-se para a morena que, até aquele momento, observava as duas com a maior cara de tacho que já tinha feito na vida. – O que é pior: Um beijo lento e profundo em um zumbi ou dormir de conchinha com um lobisomem transformado, molhado e peludo?

Rebeca entortou o rosto em uma careta, questionando-se como uma inocente conversa sobre qual maquiagem ficaria melhor em Lana tinha chegado naquele ponto.

– Eu decido que vocês duas são malucas – respondeu com um sorriso seco. – Quem em sua sã consciência pensa nessas coisas?

– É um debate muito enriquecedor – defendeu Bianca. – E é claro que beijar um zumbi é pior.

– Você nunca viu um lobisomem, então não sabe como eles são nojentos e fedorentos quando estão molhados – retrucou Lana decididamente.

Rebeca revirou os olhos, voltando sua atenção para a fita feita de flores pequenas e delicadas que estava terminando de prender no cabelo de Lana. Estavam no quarto da garota de cabelo rosa em Pandora, onde ela tinha insistido que elas deveriam ir se arrumar sem medo de que alguém surgisse e as pegasse no flagra. Rebeca tinha dito para os Sábios que queria ir pra casa, alegando estar exausta demais para participar da celebração no Septo – o que não era totalmente uma mentira: Tinha passado uma boa parte da tarde dormindo, só conseguindo sair da cama depois que o sol já havia se posto. Não que isso diminuísse sua percepção de que estava se tornando uma mentirosa de mão cheia.

Quando os Sábios deixaram o Núcleo para se juntarem a festa, foi a deixa perfeita para irem até Pandora sem serem notados por ninguém. Lorenzo decidiu não se juntar a eles no fim. Rebeca tentou convencê-lo de que poderia ser divertido – mesmo que tivesse varias duvidas quanto à isso –, mas acabou cedendo quando ele revelou que se sentia apreensivo só de se imaginar lá. Ela jurou para si mesma que tentaria ajudá-lo a se tornar um pouquinho mais sociável.

– Pronto – exclamou Bianca, dando um passo para longe de Lana, contemplando os pequenos desenhos brilhantes que tinha feito nas pálpebras da garota. – Trabalho terminado e muito bem feito, diga-se de passagem.

Lana sorriu para sua imagem refletida no espelho da penteadeira, notavelmente feliz com a maquiagem que Bianca tinha feito nela. Certamente seria uma das garotas mais bonitas do festival com as flores delicadas atreladas aos cabelos, a maquiagem colorida e o vestido branco de tecido leve que deixava seus ombros à mostra. Rebeca nunca a tinha achado tão parecida com uma fada quanto agora.

Bianca soltou um suspiro de admiração quando ela se levantou da cadeira.

– Mas que inferno! Você é perfeita! – exclamou a loira. – Eu olho pra você e só consigo pensar naquele filme da Tyra Banks. Aquele que ela era uma boneca e aí vira humana, sabe? Você certamente seria uma boneca que eu compraria, aliás.

Lana apertou os lábios, confusa com a comparação.

– Foi um elogio – interviu Rebeca, sorrindo. – Você está linda.

– Vocês também estão – disse a garota com convicção.

Rebeca trocou um olhar cúmplice com Bianca. Não tinha nem comparação. As roupas de Lana eram pequenas demais para servirem em qualquer uma delas e Rebeca não tinha nada além de jeans e pijamas consigo, então tiverem que dar um jeito de se virarem com o que encontraram no guarda-roupa do quarto que ela estava usando temporariamente no Núcleo: Rebeca teve a felicidade de achar um vestido de alças finas prateado que era do seu tamanho e Bianca, usando uma tesoura com a ponta cega, transformou um vestido azul turquesa de festa em algo menos formal. O resultado não tinha sido perfeito, mas a loira era bonita o suficiente para que ninguém perdesse tempo reparando na barra desfiada de sua roupa.

A Receptora - O Ritual de Iniciação (livro um) Where stories live. Discover now