CAPÍTULO 5: Congresso, Mutantes e Tartarugas Ninjas

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Ela se deparou com um salão oval de paredes brancas mescladas com dourado. Duas fileiras de pilastras da mesma tonalidade da parede formavam um corredor que levava até o centro do salão. Quadrados alternados em degradê compunham o piso: bronze, bege e branco. Havia um grande círculo vermelho escuro, provavelmente desenhado com algum spray duradouro, no centro. Um tipo de plataforma, com cadeiras de madeira escura dispostas em fileiras como em uma arquibancada sobre ela, rodeava o lugar formando uma meia lua. Todas as cadeiras estavam ocupadas, tanto por homens, quanto por mulheres.

Rebeca foi empurrada até o centro do salão, parando em cima do círculo junto dos outros quatro. Marco e Vanessa pararam na frente deles e os demais assumiram posições de guarda perto da porta.

– Por que demoraram tanto para trazê-los? – um homem magro e com a barba por fazer questionou com a voz irritadiça. – Por acaso pensam que estamos à disposição e que não temos outros assuntos para tratar?

– Realmente, Fausto – resmungou Noah com desdenho. – Debater qual lei estúpida vão criar hoje é essencial.

– Cale a boca, Noah! – sibilou Brian, enquanto Marco olhava severamente para o garoto. – Não está ajudando com isso.

– Moleque insolente! – outro homem, baixo, rechonchudo e com expressões furiosas berrou batendo as mãos no encosto de sua cadeira. – Você merece uma punição por desrespeitar o Congresso dessa forma!

– Vamos, por favor, manter o foco em nosso objetivo aqui. – Dessa vez foi uma mulher que se pronunciou. Ela tinha cabelos em um tom quase azulado e traços asiáticos bem definidos. Um burburinho de concordância correu o local. – Marco, pode começar.

– Peço desculpas pela demora, houveram alguns inconvenientes no caminho. – Disse ele olhando de relance para trás. – Reportamos anormalidades na barreira, e não demoramos para descobrir que o motivo provinha da residência deste feiticeiro, que junto de seus companheiros quebrou diversas leis.

– Eles não são meus companheiros – indignou-se Neko baixinho.

Aquele que aparentemente se chamava Fausto emitiu um ruído descontente.

– Pare de enrolações e diga logo o que eles estavam fazendo de tão grave para que você nos convocasse, Marco.

– Como todos sabemos, a barreira está enfraquecida, o que facilita a travessia de nébulos e outras coisas. Um grupo de nébulos a atravessou hoje e nós da Contenção fomos caçá-los. Esses dois foram recrutados como reforço. – Marco indicou Noah e Brian com o polegar. – Apenas alguns ainda restavam e eles acabaram ficando para trás para limpar a bagunça e dar um fim neles, mas não souberam fazer o trabalho direito e uma humana acabou ferida. Aparentemente, eles resolveram pedir ajuda ao feiticeiro, que os atravessou pela barreira para aplicar um antídoto nela. – Ele pareceu respirar fundo antes de apontar para Rebeca. – Esta é a humana.

Rebeca piscou, percebendo que a humana da qual ele falava era ela quando todos os olhos da sala se voltaram em sua direção. Ela ouviu os sussurros correndo de um lado para o outro, alguns surpresos, outros com desdenho e uns poucos curiosos.

– Uma filha de Adão – um homem que tinha os ossos do rosto proeminentes e cabelos ralos murmurou a encarando. – Como ousam trazer uma humana para Clanos? É estritamente proibido a passagem de humanos pela barreira!

– Se queriam ser mortos, bastava nos pedir – debochou uma mulher ruiva – Não havia necessidade de fazer algo tão estúpido.

– Todos devem ser exilados, imediatamente!

– Vejo que seu filho perdeu o resto de juízo que ainda lhe restava, Mikael. – O homem rechonchudo de antes riu. – Já é a segunda vez que ele se mete em uma situação dessa, não vamos poupá-lo dessa vez.

A Receptora - O Ritual de Iniciação (livro um) Waar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu