Eles estavam na rua principal da Cidade de Prata, onde o comércio se concentrava. Ela era larga e feita de paralelepípedos claros. Barracas e tendas coloridas estavam armadas sobre as calçadas, obrigando as pessoas a transitarem pela rua.
Era uma bagunça. Gritos sobre feitiços e favores mágicos em promoção eram ouvidos de um lado, berros anunciando a queima de estoque de ervas e medicamentos do outro. Placas informando sobre pedras místicas aromatizantes flutuavam fantasmagoricamente sobre suas cabeças. Haviam barracas de frutos, flores, roupas e sapatos misturando-se, era quase impossível dizer onde uma começava e outra terminava. Vendedores agarravam pessoas aleatórias e as puxavam para ver seus produtos de perto e muitas – muitas – cores podiam ser vistas.
As pessoas também eram uma bagunça. Chifres, asas, antenas, peles coloridas e unhas afiadas como canivetes já tinham passado por Rebeca. Ela podia pontuar as roupas também. Alguns vestiam trapos velhos e sujos, outros vestidos longos e pesados. Alguns outros desfilavam usando armaduras reluzentes de batalha, contrapondo aqueles que usavam roupas dignas de piratas.
Rebeca nunca tinha ficado tão chocada e maravilhada na vida.
Noah estava caminhando ao seu lado, vez ou outra a puxando para um lado ou a empurrando para o outro para desvia-la de algum apressado ou espantar algum comerciante que tentava seduzi-la com roupas brilhantes e animais exóticos.
– Eu nunca vou achar Calista aqui – ela se lamentou, elevando a voz para que Noah a ouvisse.
A cidade era como um grande labirinto, cheia de becos sem saída e ruas estreitas que não levavam a lugar algum. Os dois já haviam percorrido alguns deles, pedindo informações para quem encontravam e não ganhando muito mais do que uns "Não sei de quem estão falando."
– É cedo para desistir. Você ainda tem... – Ele pressionou o indicador nos lábios, fingindo calcular. – Cinco minutos? Talvez seis?
– Não é engraçado – recriminou Rebeca.
– Por isso não estou rindo – devolveu Noah, dando de ombros. – A minha parte está feita, disso você não pode reclamar.
– Eu sei – suspirou ela. – Mas não deixa de ser decepcionante.
– A gente pode tentar de novo outro dia – Rebeca o encarou, estranhando o apoio que estava recebendo, mas se sentindo grata ao mesmo tempo. – Mas antes eu vou ter que dar um jeito em você. Talvez peça pra Adara te ajudar a parecer um pouquinho menos... humana.
– Mas isso nem em sonho!
Noah riu e a puxou, tirando-a do percurso de um homem que carregava diversos cestos de palha e iria trombar com ela.
– Você não gosta mesmo dela.
– Nunca disse isso.
– E precisa?
Ela piscou os olhos.
– Eu não posso não gostar de alguém que nem conheço, não sou uma criança de quatorze anos.
– Pois é – ele concordou com uma risada – É uma criança de dezesseis.
Rebeca olhou para ele com olhos estreitos.
– Como se você fosse muito mais velho que isso.
– Tenho dezessete, sou quase um adulto.
Ele parecia estar prestes a fazer mais um de seus infinitos comentários sarcásticos, mas a mão direita de Rebeca fora agarrada e puxada, obrigando-a a se virar. Um homem, que usava uma túnica azul vibrante e um turbante da mesma cor, estava ajoelhado diante dela e era quem segurava sua mão.
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A Receptora - O Ritual de Iniciação (livro um)
FantasyRebeca Westgan, uma adolescente nova-iorquina de dezesseis anos, achava impossível arrumar um problema maior do que a avó irritada naquela fatídica sexta-feira. Mas sua convicção vai para o ralo quando ela se depara com dois estranhos garotos brigan...