Seliza e Denophen tinham ido embora. Não quiseram ficar para ver como Rebeca se sairia no teste com as pedras, mas asseguraram que, após o ritual, retornariam para vê-la. Ela se sentiu minimamente contente por alguém acreditar que poderia sair viva daquela loucura suicida.
Encontrou Calista na biblioteca – que aparentemente tinha se tornado o local oficial para os testes pré-ritual –, andando de um lado para o outro enquanto resmungava sobre como não gostava nadinha de ficar cercada por tantos Clanorians. Ela pareceu mais calma após botar os olhos em Rebeca, mantendo-se ao lado dela como se ela fosse um tipo de escudo protetor enquanto Dalton, Noah e Brian lutavam para carregar o baú que os dragões tinham trazido até a biblioteca.
– Então, basicamente tudo o que eu preciso fazer é me concentrar nessas pedras? – perguntou Rebeca, franzindo as sobrancelhas em questionamento. Calista acenou positivamente enquanto ajeitava as pedras nos suportes que Narisa tinha arrumado.
– Você terá de suportar milhares, milhões até, de memórias fluindo por você e conduzi-las com precisão até a barreira no ritual de iniciação – disse a vidente com paciência exagerada. – Vamos começar com calma e ir aumentando os níveis aos poucos. Não queremos te colocar em coma logo de cara.
– Em coma? – Rebeca repetiu, a voz se elevando algumas oitavas.
– Vai dar tudo certo, se acalme – ela assegurou, repuxando os lábios e dando um tapinha no ombro dela antes de empurrá-la para o quadrado que os suportes formaram. – Vamos logo! – ela gritou para os outros, que estavam aglomerados ao redor de Narisa, observando-a polir uma das esferas. – Não temos tempo para gastar aqui.
Narisa foi até Rebeca, entregando-a a esfera que até então se dedicava a limpar. Era escorregadia e fria sob o toque, obrigando Rebeca a segurá-la com as duas mãos para não deixá-la cair. Assim como as outras quatro posicionadas ao seu redor, era escura e lustrosa.
– Nervosa? – questionou a Sábia, cheia de afeto para com ela.
– Um pouquinho – murmurou Rebeca, mentindo descaradamente. A ideia de ser enviada para outra visão tortuosa quase lhe causava dor física.
Os lábios da Sábia se abriram, possivelmente para continuar a acalmá-la, mas as portas da biblioteca se abriram e Calista gritou assustada, assumindo um postura de ataque antes de reconhecer os invasores. Hemuri, Levias e Lorenzo adentraram o cômodo espaçoso. O primeiro, como sempre, estava sorrindo, o segundo estava concentrado em um livro e o último coçava os olhos sonolento, ainda de pijamas.
– Interrompemos? – perguntou o mais jovem dos Sábios, recebendo um olhar fulminante de Calista.
– Quase – ela vociferou, recuperando-se do susto anterior. – Fiquem ali e não atrapalhem.
Erguendo as mãos em rendição, Hemuri saltitou para perto de Dalton, que o recepcionou com uma careta desgostosa. Levias foi junto, sem tirar os olhos de seu livro. Bocejando, Lorenzo ergueu os polegares para Rebeca, desejando-lhe boa sorte.
– Lembre-se de respirar fundo e manter a calma. Vai ter acabado antes mesmo que você perceba. – Aconselhou Narisa, afagando a bochecha dela antes de se afastar.
– Por mais difícil que seja, não se agarre nas lembranças. Deixe-as fluírem, independente do que esteja vendo. – Alertou Calista.
– No seu tempo – Brian gritou para ela, sorrindo incentivador. Estava ao lado de Noah, que olhava para ela com um expressão estranha, podendo ser uma preocupação extrema ou mera curiosidade.
A pedra escorregou entre seus dedos.
– Como vou saber que estou fazendo certo? – perguntou para Calista, que era a única que ainda se mantinha próxima.
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A Receptora - O Ritual de Iniciação (livro um)
FantasyRebeca Westgan, uma adolescente nova-iorquina de dezesseis anos, achava impossível arrumar um problema maior do que a avó irritada naquela fatídica sexta-feira. Mas sua convicção vai para o ralo quando ela se depara com dois estranhos garotos brigan...