CAPÍTULO 45: A Pedra de Energização

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Seliza e Denophen tinham ido embora. Não quiseram ficar para ver como Rebeca se sairia no teste com as pedras, mas asseguraram que, após o ritual, retornariam para vê-la. Ela se sentiu minimamente contente por alguém acreditar que poderia sair viva daquela loucura suicida.

Encontrou Calista na biblioteca – que aparentemente tinha se tornado o local oficial para os testes pré-ritual –, andando de um lado para o outro enquanto resmungava sobre como não gostava nadinha de ficar cercada por tantos Clanorians. Ela pareceu mais calma após botar os olhos em Rebeca, mantendo-se ao lado dela como se ela fosse um tipo de escudo protetor enquanto Dalton, Noah e Brian lutavam para carregar o baú que os dragões tinham trazido até a biblioteca.

– Então, basicamente tudo o que eu preciso fazer é me concentrar nessas pedras? – perguntou Rebeca, franzindo as sobrancelhas em questionamento. Calista acenou positivamente enquanto ajeitava as pedras nos suportes que Narisa tinha arrumado.

– Você terá de suportar milhares, milhões até, de memórias fluindo por você e conduzi-las com precisão até a barreira no ritual de iniciação – disse a vidente com paciência exagerada. – Vamos começar com calma e ir aumentando os níveis aos poucos. Não queremos te colocar em coma logo de cara.

– Em coma? – Rebeca repetiu, a voz se elevando algumas oitavas.

– Vai dar tudo certo, se acalme – ela assegurou, repuxando os lábios e dando um tapinha no ombro dela antes de empurrá-la para o quadrado que os suportes formaram. – Vamos logo! – ela gritou para os outros, que estavam aglomerados ao redor de Narisa, observando-a polir uma das esferas. – Não temos tempo para gastar aqui.

Narisa foi até Rebeca, entregando-a a esfera que até então se dedicava a limpar. Era escorregadia e fria sob o toque, obrigando Rebeca a segurá-la com as duas mãos para não deixá-la cair. Assim como as outras quatro posicionadas ao seu redor, era escura e lustrosa.

– Nervosa? – questionou a Sábia, cheia de afeto para com ela.

– Um pouquinho – murmurou Rebeca, mentindo descaradamente. A ideia de ser enviada para outra visão tortuosa quase lhe causava dor física.

Os lábios da Sábia se abriram, possivelmente para continuar a acalmá-la, mas as portas da biblioteca se abriram e Calista gritou assustada, assumindo um postura de ataque antes de reconhecer os invasores. Hemuri, Levias e Lorenzo adentraram o cômodo espaçoso. O primeiro, como sempre, estava sorrindo, o segundo estava concentrado em um livro e o último coçava os olhos sonolento, ainda de pijamas.

– Interrompemos? – perguntou o mais jovem dos Sábios, recebendo um olhar fulminante de Calista.

– Quase – ela vociferou, recuperando-se do susto anterior. – Fiquem ali e não atrapalhem.

Erguendo as mãos em rendição, Hemuri saltitou para perto de Dalton, que o recepcionou com uma careta desgostosa. Levias foi junto, sem tirar os olhos de seu livro. Bocejando, Lorenzo ergueu os polegares para Rebeca, desejando-lhe boa sorte.

– Lembre-se de respirar fundo e manter a calma. Vai ter acabado antes mesmo que você perceba. – Aconselhou Narisa, afagando a bochecha dela antes de se afastar.

– Por mais difícil que seja, não se agarre nas lembranças. Deixe-as fluírem, independente do que esteja vendo. – Alertou Calista.

– No seu tempo – Brian gritou para ela, sorrindo incentivador. Estava ao lado de Noah, que olhava para ela com um expressão estranha, podendo ser uma preocupação extrema ou mera curiosidade.

A pedra escorregou entre seus dedos.

– Como vou saber que estou fazendo certo? – perguntou para Calista, que era a única que ainda se mantinha próxima.

A Receptora - O Ritual de Iniciação (livro um) Onde histórias criam vida. Descubra agora